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São Paulo, quinta-feira, 24 de abril de 2003

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Lula foi eleito para mudar, diz líder sindical

MARIA TERESA MORAES
DA FOLHA VALE

O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos, Luiz Carlos Prates, afirma que o governo Lula está usando os mesmos argumentos dos governos anteriores para não conceder aumentos aos trabalhadores.
Ele é filiado ao PSTU -partido de oposição ao governo- e comanda uma entidade que representa 34 mil trabalhadores de empresas como Embraer, General Motors, Philips e LG.
Leia a seguir trechos da entrevista concedida à Folha.

Folha - Como o sindicato avalia a posição do governo Lula diante da campanha salarial?
Luiz Carlos Prates -
Quando o trabalhador elegeu Lula, tinha a intenção de mudar os rumos da economia do país. O governo está usando os mesmos argumentos de governantes anteriores para justificar a inviabilidade de atender às reivindicações dos trabalhadores.
Essa postura está frustrando as expectativas do trabalhador. O governo não está beneficiando a grande maioria da população. Não iremos desistir.

Folha - O reajuste salarial não pode ser usado como justificativa para a elevação da inflação?
Prates -
Dizer que o aumento do salário dos trabalhadores é responsável pela alta da inflação é um absurdo, não faz sentido. O salário não responde pelo aumento da inflação. Buscamos recuperar as perdas já sofridas pela categoria.

Folha - Por que o sindicato resolveu antecipar as discussões da campanha salarial?
Prates -
A campanha salarial de emergência é necessária para que possamos recuperar as perdas sofridas pelos trabalhadores entre novembro de 2002 e fevereiro. Nosso último reajuste, de 10,26%, já foi corroído pela inflação. Se deixássemos para discutir o aumento em novembro, a perda seria ainda maior. Só com a reposição da inflação vamos conseguir "respirar" até novembro.

Folha - Como o sr. avalia a contraproposta dos sindicatos patronais de oferecer abono em vez de aumento real?
Prates -
As empresas estão sendo intransigentes. O abono só é viável para as empresas, uma vez que não é incorporado aos salários. Os sindicatos que estão aceitando o abono acabam colaborando para o enfraquecimento das reivindicações da categoria. Não vamos abrir mão do aumento de salário. As empresas estão trabalhando de forma enxuta e negociando seus produtos no mercado externo, prova de que podem reajustar os salários.


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