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Lula foi eleito
para mudar, diz líder sindical
MARIA TERESA MORAES
DA FOLHA VALE
O presidente do Sindicato
dos Metalúrgicos de São José
dos Campos, Luiz Carlos Prates, afirma que o governo Lula
está usando os mesmos argumentos dos governos anteriores para não conceder aumentos aos trabalhadores.
Ele é filiado ao PSTU -partido de oposição ao governo- e
comanda uma entidade que representa 34 mil trabalhadores
de empresas como Embraer,
General Motors, Philips e LG.
Leia a seguir trechos da entrevista concedida à Folha.
Folha - Como o sindicato avalia
a posição do governo Lula diante da campanha salarial?
Luiz Carlos Prates - Quando o
trabalhador elegeu Lula, tinha
a intenção de mudar os rumos
da economia do país. O governo está usando os mesmos argumentos de governantes anteriores para justificar a inviabilidade de atender às reivindicações dos trabalhadores.
Essa postura está frustrando
as expectativas do trabalhador.
O governo não está beneficiando a grande maioria da população. Não iremos desistir.
Folha - O reajuste salarial não
pode ser usado como justificativa para a elevação da inflação?
Prates - Dizer que o aumento
do salário dos trabalhadores é
responsável pela alta da inflação é um absurdo, não faz sentido. O salário não responde
pelo aumento da inflação. Buscamos recuperar as perdas já
sofridas pela categoria.
Folha - Por que o sindicato resolveu antecipar as discussões
da campanha salarial?
Prates - A campanha salarial
de emergência é necessária para que possamos recuperar as
perdas sofridas pelos trabalhadores entre novembro de 2002
e fevereiro. Nosso último reajuste, de 10,26%, já foi corroído
pela inflação. Se deixássemos
para discutir o aumento em
novembro, a perda seria ainda
maior. Só com a reposição da
inflação vamos conseguir "respirar" até novembro.
Folha - Como o sr. avalia a contraproposta dos sindicatos patronais de oferecer abono em
vez de aumento real?
Prates - As empresas estão
sendo intransigentes. O abono
só é viável para as empresas,
uma vez que não é incorporado
aos salários. Os sindicatos que
estão aceitando o abono acabam colaborando para o enfraquecimento das reivindicações
da categoria. Não vamos abrir
mão do aumento de salário. As
empresas estão trabalhando de
forma enxuta e negociando
seus produtos no mercado externo, prova de que podem reajustar os salários.
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