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São Paulo, terça-feira, 24 de junho de 2003

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POLÍTICA MONETÁRIA

Preços subiriam

Especialistas rejeitam mudar meta de inflação

DA REPORTAGEM LOCAL

Uma alteração da meta de inflação de 2004 para número acima de 5,5% não seria bem recebida pelo mercado. Segundo especialistas, de um lado, isso abriria espaço para uma redução mais rápida da taxa de juros. Mas, por outro, também colocaria em risco os recentes esforços do Banco Central para reduzir a inflação.
"Ainda que uma mudança desse tipo não tenha impacto imediato nas expectativas de mercado, acaba colocando em xeque o compromisso com o combate à inflação. Isso pode ser prejudicial, principalmente numa eventual situação de novo choque de preços", diz Fábio Akira, economista do JP Morgan.
Segundo a Folha apurou, em reunião que teve com economistas há duas semanas, o diretor demissionário de Política Econômica do BC, Ilan Goldfajn, e o presidente da instituição, Henrique Meirelles, deram a entender que não havia expectativa de mudança da meta de 2004. Segundo eles, o que estaria em discussão era apenas a fixação de uma meta para 2005, que ainda não foi existe.
Embora não simpatize com a idéia de uma meta mais alta para o ano que vem, o mercado acredita que o CMN (Conselho Monetário Nacional) poderá optar por descartar de vez a meta oficial de 3,75%. Em seu lugar, poderia entrar a meta ajustada de 5,5% com a qual o BC já trabalha.
"Isso parece realista, já que a meta de 3,75% perdeu totalmente a capacidade de ancorar expectativas e não é mesmo factível", afirma Alexandre Maia, economista da Gap Asset Management.
O economista Andrei Spacov, do Unibanco, lembra que a adoção de uma meta ajustada não é comum em regimes de meta de inflação. "Essa foi, na verdade, uma solução meio "abrasileirada'", diz Spacov.

Intervalo
Por isso, para ele, seria "razoável" que o CMN decidisse adotar os 5,5% como meta formal. Mais do que isso, segundo o economista, é ruim. "Mais do que 5,5% seria ruim, pois, considerando os intervalos atuais de 2,5 pontos percentuais, estaríamos abrindo espaço para que a inflação ficasse próxima a 10% caso caminhasse para o teto da meta", diz Spacov.
O ponto levantado por Spacov põe em evidência outra discussão atual do mercado: caso haja mudança na meta, qual deveria ser o intervalo de variação aceito?
Atualmente, o intervalo com o qual o governo trabalha é de 2,5 pontos percentuais para cima ou para baixo.
"Esse intervalo talvez seja alto para uma meta de 5,5% ou mais. Talvez o CMN possa, caso a meta de 5,5% seja formalmente adotada para 2004, reduzir esse intervalo", diz Akira do JP Morgan.
A opinião é compartilhada por Maia, da Gap: "Talvez o governo possa reduzir ou até abolir o intervalo para variação da meta".
Outra expectativa do mercado é em relação à meta que será estabelecida para 2005. Um possível percentual de 5,5% é considerado alto por analistas, que esperam valor mais próximo de 4%.


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