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São Paulo, terça-feira, 24 de junho de 2003

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AGRICULTURA FAMILIAR

Projeto vai tentar atender à demanda do Fome Zero e simplificar acesso dos produtores ao crédito

Governo lança hoje Plano Safra 2003/2004

Caio Guatelli - 29.mai.03/Folha Imagem
Operários do armazém de distribuição de grãos do porto de Santos controlam a saída de soja para exportação


CÍNTIA CARDOSO
DA REPORTAGEM LOCAL

O Plano Safra da Agricultura Familiar 2003/2004, que será lançado hoje pelo governo federal, promete atuar em frentes principais: atender às demandas do Fome Zero e simplificar o acesso dos produtores ao crédito.
Neste plano serão concedidos R$ 5,4 bilhões, contra os R$ 4,12 bilhões de 2002. Com isso, deve crescer em 40% o número de contratos efetuados pelo Pronaf (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar).
Porém, além de ampliar o volume de recursos disponíveis, um dos objetivos mais evidentes no texto do plano do governo é fazer com que o dinheiro chegue às mãos dos produtores.
A preocupação é justificada. Segundo o Ministério do Desenvolvimento Agrário, responsável pelas atividades ligadas à pequena agricultura, no ano passado, do total ofertado, apenas cerca de R$ 2,2 bilhões foram efetivamente emprestados. A burocracia foi apontada como um dos principais entraves ao melhor aproveitamento do crédito.
Para tentar resolver esse problema, a Folha apurou que uma das novidades do plano deste ano é a criação do Cartão Pronaf. A iniciativa visa a acelerar a distribuição dos recursos.
Com o novo plano, ao preencher a declaração de aptidão para o Pronaf, os dados do agricultor farão parte de um cadastro único. Ou seja, a ficha de adesão ao programa também será enviada para os bancos participantes do Pronaf, como o Banco do Brasil e o Banco do Nordeste. Uma vez aprovada a proposta, o plano prevê que o produtor receba o cartão em até 48 horas.
A promessa do governo é que os recursos estejam disponíveis a partir da primeira quinzena de julho. A liberação do crédito, porém, deve seguir o calendário de de cada região. Com isso, a previsão é que o dinheiro seja liberado 60 dias antes do início do plantio.

Fome Zero
As diretrizes do Fome Zero permeiam todo o Plano Safra. Um exemplo é a criação do Pronaf Alimentos. Essa será uma linha de crédito especial para estimular a produção de cinco alimentos básicos: arroz, feijão, mandioca, milho e trigo. Os agricultores dessas culturas terão 50% a mais de crédito em relação à safra passada. Estima-se que a cifra chegue a R$ 800 milhões.
O mesmo volume de dinheiro também deverá ser destinado a políticas de estímulo à produção de leite, também com vistas ao Fome Zero. Nesse caso, as linhas de crédito serão voltadas para a industrialização e para a mecanização da cadeia leiteira.
A garantia de renda dos atendidos pelo Pronaf é outro destaque. Segundo o plano, agricultores familiares e assentados da reforma agrária terão uma política pública de garantia de renda e apoio à comercialização. Estão previstos investimentos de R$ 400 milhões para 2003, numa parceria entre os Ministérios do Desenvolvimento Agrário, da Segurança Alimentar e a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento).
O plano prevê que os produtores dos cinco produtos básicos terão a garantia da Conab para a comercialização de sua produção caso o mercado esteja pagando preços inferiores aos preços de referência regional.
Outro instrumento que visa a assegurar a renda é a compra antecipada da produção familiar. O objetivo da medida é permitir que o agricultores tenham a remuneração definida antes de plantar.


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