São Paulo, quinta-feira, 24 de junho de 2004

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CONTAS EXTERNAS

Fluxo de capital externo cai para US$ 207 mi em maio, mas é compensado pelo saldo da balança comercial

País "troca" investimentos por exportações

NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O fluxo de capital externo para o Brasil sofreu uma forte queda nas últimas semanas, segundo o Banco Central. Houve redução no fluxo de investimento estrangeiro direto e empresas brasileiras tiveram dificuldades em financiar suas dívidas no mercado externo.
Os investimentos estrangeiros ficaram em US$ 207 milhões no mês passado -bem abaixo da média mensal de US$ 1,08 bilhão projetada pelo BC para este ano.
O bom desempenho da balança comercial, com superávit de US$ 11,243 bilhões até maio, porém, tem compensado esse fluxo menor de investimento estrangeiro e ajudado as contas externas a terem um bom resultado.
No mês passado, o saldo das contas externas ficou positivo em US$ 1,478 bilhão -o melhor resultado desde 1947.
Diante dos resultados, o Banco Central alterou duas projeções. O fluxo de investimento estrangeiro direto neste ano deve ser de US$ 12 bilhões, ao invés dos US$ 13 bilhões previstos anteriormente. Já o superávit da balança comercial deve atingir US$ 26 bilhões -8,3% a mais do que a perspectiva original.
O resultado dos investimentos em maio foi afetado, diz o BC, por uma operação de uma empresa dos EUA, que retirou US$ 351 milhões do país.
Neste mês, o ingresso de investimento estrangeiro já registra uma recuperação: até ontem, o país havia recebido US$ 515 milhões.
Dados parciais, fechados ontem, mostram que o setor privado conseguiu rolar 10% das parcelas da dívida externa que venceram neste mês. Essa proporção é uma das mais baixas já registradas. Nos primeiros cinco meses do ano, 98% dos vencimentos do período haviam sido renovados.
Entre janeiro e maio, a entrada de investimentos estrangeiros ficou em US$ 3,307 bilhões. Desse valor, somente US$ 2,668 bilhões ingressaram efetivamente no Brasil neste ano. Os US$ 639 milhões restantes se referem a operações chamadas de conversão, em que a dívida de uma empresa é transformada em investimento, ou seja, o antigo credor se torna sócio.
O chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes, afirma que a queda no fluxo de capital para o país reflete as adversidades no mercado externo. "Houve uma queda no fluxo de recursos para países emergentes."


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