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Governo quer mais garantia a bancos
GUSTAVO PATU
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo prepara mais uma
modificação nos projetos que
compõem a nova Lei de Falências
com o objetivo de beneficiar o sistema financeiro. A alteração em
estudo levou o Senado a adiar de
ontem para a próxima terça-feira
a votação do texto, que, depois, terá de voltar à Câmara.
Pretende-se que os credores
com garantias reais -caso de
máquinas ou imóveis oferecidos
pelas empresas como garantia de
empréstimos tomados- tenham
preferência sobre o fisco no recebimento de seus créditos.
Pela versão atual do projeto, essa preferência já está prevista nas
falências. Agora, segundo entendimento entre partidos aliados do
Planalto e de oposição, a regra deverá valer também nas recuperações judiciais, criadas pela nova
lei em substituição à concordata.
Para isso, será necessária uma
nova versão do projeto que altera
o Código Tributário Nacional e
tramita com a Lei de Falências
propriamente dita.
A equipe do ministro Antonio
Palocci Filho (Fazenda), principal
defensora das mudanças, argumenta que, com a maior segurança proporcionada ao sistema financeiro, os juros bancários tenderão a cair. O raciocínio parte do
diagnóstico de que as taxas são altas, entre outras razões, para compensar o risco de inadimplência.
"Entendemos que um bem dado em garantia pertence ao credor, não à Receita Federal. Estabelecendo isso em lei, estimulamos a expansão do crédito e a redução dos juros", disse o líder do
governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP).
Mas o maior foco de resistência
à medida também está na equipe
de Palocci, mais especificamente
na Receita. A área técnica aponta
que a preferência aos créditos
com garantias reais pode gerar
fraudes, nas quais empresas em
dificuldades simulariam dívidas
com terceiros para preservar seu
patrimônio e escapar do fisco.
Devido às ponderações da Receita, segundo Mercadante, os senadores decidiram adiar a votação para que seja encontrada uma
forma capaz de evitar as fraudes.
As demais regras fundamentais
do projeto, na avaliação governista, devem ser mantidas pelo Senado. Os trabalhadores continuarão
encabeçando a fila dos credores,
mas o texto impõe um limite individual de 150 salários mínimos
(R$ 39 mil) para o recebimento
dos créditos -depois, vêm os
credores com garantias reais e, a
seguir, o fisco.
Mudanças nas leis de falências
têm sido apoiadas nos países latino-americanos por organismos
internacionais como o FMI e o
Banco Mundial. Argumento: preservando o sistema bancário, é
possível atenuar o efeito de crises
econômicas e financeiras.
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