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POLÊMICA
Veto chinês poderá voltar
Acordo não garante fim de restrições à soja
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O acordo entre o Brasil e a China, que permitirá a retomada da
venda de soja para o parceiro comercial, não oferece nenhuma garantia jurídica de que os chineses
não voltarão a adotar a tolerância
zero.
Nenhum dos pontos do documento, divulgado nesta semana,
explicita que a China passará a
aceitar de forma definitiva os padrões brasileiros de qualidade,
que permitem até uma semente
tratada com fungicida por quilo
de produto ou carregamentos cujas análises laboratoriais indiquem um nível de toxicidade
abaixo do limite máximo dos padrões internacionais.
Até a semana passada, o maior
comprador de soja brasileira recusava qualquer carga de grãos de
soja que apresentasse sementes
tratadas com agroquímicos.
O secretário de Defesa Agropecuária, Maçao Tadano, que está
em Pequim, afirma, no entanto,
que não vê risco de a China voltar
a adotar a tolerância zero.
"Não acredito nisso [na possibilidade da China adotar tolerância
zero], segundo o que nós conversamos. A nossa reunião durou
praticamente nove horas", afirmou o secretário.
Tadano reconhece, por outro
lado, que a China não se comprometeu a adotar o padrão brasileiro. "Nós não podemos colocar
dentro da China uma norma brasileira. Cada país tem sua norma e
nós temos a nossa", disse ele.
No acordo, que ainda precisa
ser publicado na China para entrar em vigor, o parceiro comercial não sinaliza quais seriam as
regras de qualidade que eles pretendem adotar.
De concreto, o documento estabelece três vitórias importantes
para o Brasil:
1) As 23 empresas que estavam
proibidas de exportar para China
poderão voltar a atuar no mercado.
2) Os navios que deixaram o
Brasil antes da publicação das regras de qualidade do Ministério
da Agricultura se enquadrarão na
tolerância zero. Há cerca de 20
embarcações nessa situação. As
cargas com sementes misturadas,
no entanto, não deverão ser devolvidas. O vendedor poderá limpá-las na China.
3) A China não voltará a impedir a entrada de soja brasileira antes de consultar e trocar informações com o Brasil.
Apesar de o acordo não oferecer
garantias de que a tolerância zero
não voltará, as autoridades brasileiras avaliam que o problema está superado.
O entendimento é que seria um
constrangimento diplomático para a China voltar a exigir carregamentos livres de sementes contaminadas, pois o próprio presidente do país, Hu Jintao, enviou um
carta ao presidente Luiz Inácio
Lula da Silva, na qual afirma esperar que o problema da soja seja resolvido.
(AS)
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