São Paulo, quinta-feira, 24 de junho de 2004

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POLÊMICA

Veto chinês poderá voltar

Acordo não garante fim de restrições à soja

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O acordo entre o Brasil e a China, que permitirá a retomada da venda de soja para o parceiro comercial, não oferece nenhuma garantia jurídica de que os chineses não voltarão a adotar a tolerância zero.
Nenhum dos pontos do documento, divulgado nesta semana, explicita que a China passará a aceitar de forma definitiva os padrões brasileiros de qualidade, que permitem até uma semente tratada com fungicida por quilo de produto ou carregamentos cujas análises laboratoriais indiquem um nível de toxicidade abaixo do limite máximo dos padrões internacionais.
Até a semana passada, o maior comprador de soja brasileira recusava qualquer carga de grãos de soja que apresentasse sementes tratadas com agroquímicos.
O secretário de Defesa Agropecuária, Maçao Tadano, que está em Pequim, afirma, no entanto, que não vê risco de a China voltar a adotar a tolerância zero.
"Não acredito nisso [na possibilidade da China adotar tolerância zero], segundo o que nós conversamos. A nossa reunião durou praticamente nove horas", afirmou o secretário.
Tadano reconhece, por outro lado, que a China não se comprometeu a adotar o padrão brasileiro. "Nós não podemos colocar dentro da China uma norma brasileira. Cada país tem sua norma e nós temos a nossa", disse ele.
No acordo, que ainda precisa ser publicado na China para entrar em vigor, o parceiro comercial não sinaliza quais seriam as regras de qualidade que eles pretendem adotar.
De concreto, o documento estabelece três vitórias importantes para o Brasil:
1) As 23 empresas que estavam proibidas de exportar para China poderão voltar a atuar no mercado.
2) Os navios que deixaram o Brasil antes da publicação das regras de qualidade do Ministério da Agricultura se enquadrarão na tolerância zero. Há cerca de 20 embarcações nessa situação. As cargas com sementes misturadas, no entanto, não deverão ser devolvidas. O vendedor poderá limpá-las na China.
3) A China não voltará a impedir a entrada de soja brasileira antes de consultar e trocar informações com o Brasil.
Apesar de o acordo não oferecer garantias de que a tolerância zero não voltará, as autoridades brasileiras avaliam que o problema está superado.
O entendimento é que seria um constrangimento diplomático para a China voltar a exigir carregamentos livres de sementes contaminadas, pois o próprio presidente do país, Hu Jintao, enviou um carta ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na qual afirma esperar que o problema da soja seja resolvido. (AS)


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