São Paulo, sexta-feira, 24 de junho de 2005

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PERSPECTIVA

Tendência da taxa é seguir em queda

DA SUCURSAL DO RIO

Para o IBGE, a tendência da taxa de desemprego, ao analisar seu comportamento histórico, é que ela siga em queda nos próximos meses. No entanto, o cenário econômico (juros altos e crescimento menor) pode causar "trancos" no processo de recuperação do mercado de trabalho.
O gerente da Pesquisa Mensal de Emprego do IBGE, Cimar Azeredo Pereira, afirmou que "o cenário econômico delicado torna mais difícil prever se no período o padrão da pesquisa vai se repetir". Historicamente, a taxa de desemprego começa a cair em maio ou junho e se mantém em trajetória declinante até o final do ano.
"A tendência é de taxas declinantes [a partir de maio], mas o cenário econômico pode influir, e a recuperação [do mercado de trabalho] pode vir aos trancos", disse Azeredo Pereira.
Marcelo de Ávila, economista do Ipea, acredita que o efeito dos juros mais elevados e do baixo crescimento econômico ainda não respingou no mercado de trabalho, que tem reagido melhor do que o esperado. Segundo ele, tal impacto, porém, pode atrapalhar as previsões de queda contínua do desemprego nos próximos meses.
João Sabóia, diretor do Instituto de Economia da UFRJ, diz que a política monetária ainda não teve impacto no mercado de trabalho. Ele crê em redução do desemprego nos próximos meses e prevê que, já em junho, a taxa pode ficar abaixo dos 10%. Tal marca só foi atingida em dezembro de 2004 (9,6%), mês em que a taxa tradicionalmente recua em razão das contratações temporárias.
"O resultado do emprego é surpreendente no sentido que a economia está crescendo pouco, mas o mercado de trabalho sempre acompanha [o nível de atividade] com atraso", ressaltou Sabóia.
No primeiro trimestre, o PIB (Produto Interno Bruto) registrou alta de 0,3% na comparação com o quarto trimestre de 2004, excluídos os efeitos típicos de cada período. Foi a menor taxa desde o segundo trimestre de 2003.
A dúvida de economistas é se a provável redução dos juros a partir de agosto neutralizará os possíveis impactos negativos no trabalho. Eles acreditam que os empregadores estejam confiantes na recuperação da economia no segundo semestre, o que pode ter impulso com uma queda da Selic. "Apesar da desaceleração da economia, os empresários parecem estar otimistas. Por isso, mantiveram os empregos", disse Ávila.


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