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Greenspan minimiza efeito do yuan
IURI DANTAS
DE WASHINGTON
As duas principais autoridades
econômicas dos Estados Unidos
criticaram ontem a desvalorização do yuan e a política de câmbio
da China, que mantém sua moeda
desvalorizada artificialmente. O
secretário do Tesouro, John
Snow, insinuou que a atitude chinesa não auxilia a estabilidade da
economia mundial. E o presidente do Fed (Federal Reserve), Alan
Greenspan, tratou de diminuir
expectativas em relação à valorização do yuan, ao dizer que isso
não representará a recuperação
de empregos nos EUA.
"Na última década, a China balizou sua moeda pelo valor do dólar norte-americano. Houve um
tempo em que tal política poderia
ter contribuído para a estabilidade econômica mundial, mas não é
mais o caso hoje", disse Snow.
A gestão de George W. Bush
tem insistido na correção do yuan
nos últimos dois anos. Autoridades chinesas começaram a discutir a questão e estudam adotar
uma cesta de moedas, incluindo
por exemplo o euro, para traçar a
cotação do yuan, que hoje está
desvalorizado artificialmente por
determinação de Pequim.
O resultado disso e de outros
motivos foi o déficit recorde norte-americano no ano passado nas
relações comerciais com a China,
que atingiu a cifra de US$ 161 bilhões -26,2% de todo o gigantesco déficit comercial dos EUA em
2004. Criou-se então a impressão
de que uma valorização do yuan
recuperaria empregos nos EUA,
pois tornaria os produtos norte-americanos mais competitivos na
China, e os manufaturados chineses mais caros nos EUA. Foi essa
impressão que Greenspan tentou
apagar ontem.
"Tenho consciência de que não
há nenhuma evidência crível que
suporte tal conclusão", disse.
Para o presidente do Fed, que
equivale ao Banco Central brasileiro, também seria errado pensar
que sobretaxar produtos chineses
traria alento ao mercado de trabalho norte-americano. Segundo
ele, as importações de têxteis,
computadores, brinquedos e outros produtos de baixo custo continuariam, mas de outros países
emergentes da Ásia e "talvez da
América Latina". "Poucos, se alguns, empregos norte-americanos seriam protegidos", afirmou.
Snow e Greenspan apresentaram seus argumentos ao Comitê
Financeiro do Senado ontem.
Flexibilidade
Na análise norte-americana, a
desvalorização artificial do yuan
pode acelerar a inflação, o que
causaria impactos em outros países. Para Snow, entretanto, a China já está "preparada" para flexibilizar a cotação.
"Deixamos claro para os líderes
econômicos da China que a reforma está entre seus próprios interesses, como também do sistema
financeiro global. Depois de dois
anos de intenso engajamento, está claro que a China, hoje, está
preparada para iniciar uma flexibilidade cambial maior."
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