|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
DIA DE ESTRESSE
Só entraram US$ 500 milhões no país neste mês; governo esperava entrada média mensal de US$ 1,5 bi
Investimento cai, dólar e risco-país sobem
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Investimentos e Bolsa de Valores em queda. Dólar e risco-país
em alta. Este foi o retrato de mais
um dia de estresse do mercado
brasileiro. Vários fatores pressionaram os indicadores ontem.
Além das Bolsas norte-americanas -que continuam sob os efeitos das fraudes financeiras que sacodem os EUA-, ajudaram no
nervosismo a decisão do JP Morgan de reduzir a recomendação
Brasil nas carteiras de investimentos.
O resultado do final do dia foi
um novo recorde na cotação do
dólar que bateu em R$ 2,92, um
salto de 5% do risco-país, que fechou em 1.700 pontos, e uma queda de 1,48% no índice Bovespa.
O volume de investimento direto estrangeiro recebido pelo Brasil
registra queda neste mês. De
acordo com dados do Banco Central, até ontem haviam ingressado
no país US$ 500 milhões em investimentos. O valor está longe da
média mensal de US$ 1,5 bilhão
esperada pelo governo para este
ano.
No ano, porém, a entrada de recursos está quase estável, em relação aos números do ano passado.
Entre janeiro e junho, o Brasil recebeu US$ 9,6 bilhões em investimentos, contra US$ 9,9 bilhões
observados no mesmo período de
2001.
O chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes, diz
que a queda nos investimentos
neste mês é consequência da instabilidade do mercado internacional, reflexo da descoberta de
fraudes contábeis cometidas por
empresas norte-americanas.
"O cenário externo conturbado
afeta os investimentos", afirma
Lopes. Para ele, porém, o mau resultado esperado para este mês
não altera as projeções do governo, que espera receber US$ 18 bilhões em investimentos estrangeiros neste ano.
"Num primeiro momento, os
investidores fazem uma parada
para reflexão. Depois, eles retomam os projetos", diz.
Dos US$ 9,6 bilhões em investimentos estrangeiros que o país recebeu entre janeiro e junho, nem
tudo se refere a dinheiro novo que
entrou no Brasil. Quase metade se
refere a operações que o BC chama de "conversões".
Essas conversões somaram US$
4 bilhões no primeiro semestre e
se referem a operações em que as
empresas transformam suas dívidas em investimento. Assim,
aquele que antes era um credor se
transforma em sócio das companhias brasileiras.
Entre janeiro e junho de 2001, as
conversões de empréstimos em
investimento somaram US$ 846
milhões -menos de 10% do total
de investimento estrangeiro recebido pelo país naquele período.
Quando ocorrem as conversões,
não entram dólares novos no
país. O que acontece é que o dinheiro que antes era classificado
como dívida passa a ser chamado
de investimento.
"Mas não deixa de ser investimento", diz Lopes. Para ele, as
conversões devem ser vistas como um número positivo, pois significam reduções na dívida externa, já que aquilo que antes era dívida passa a ser chamado de investimento.
Integrantes da equipe econômica avaliam que o agravamento da
crise financeira verificado ontem
foi mais um sinal da crescente
aversão ao risco por parte dos investidores.
Na análise da equipe econômica, o cenário político interno também pode ter contribuído para
elevar o grau de nervosismo do
mercado.
A possibilidade de um segundo
turno nas eleições presidenciais
entre os candidatos do PT, Luiz
Inácio Lula da Silva, e o da Frente
Trabalhista (PPS-PTB-PDT), Ciro
Gomes, seria o motivo para o aumento da instabilidade.
Para assessores do ministro Pedro Malan (Fazenda), a desconfiança dos investidores em relação aos principais mercados de
ações do mundo refletem na situação brasileira.
Colaborou a Redação
Texto Anterior: Painel S.A. Próximo Texto: Desaquecimento e dólar reduzem déficit externo Índice
|