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LUÍS NASSIF
A CSN e a política de dividendos
Há muitos pontos a serem
analisados na venda da
CSN (Companhia Siderúrgica
Nacional) à Corus. Segundo o
comunicado distribuído pela
CSN, será criada uma holding
com 37,6% do capital da Corus,
dado em pagamento pela aquisição da CSN. A CSN terá direito
de indicar três pessoas para o
conselho da Corus e duas em diretoria executiva. Para tanto,
não poderá reduzir sua participação para menos de 29,9%.
A Corus é resultado da fusão
da British Steel e da Hoogovens.
A BS foi privatizada pelo governo Thatcher, à vista e com pulverização das ações em venda
popular, segundo me informa o
leitor André Araújo. Ela é por
sua vez o resultado da nacionalização da indústria siderúrgica
inglesa no imediato pós-guerra,
com a estatização de 12 usinas,
a maior das quais era a centenária Stewarts & Lloyds.
Até agora, a política de dividendos da CSN estava totalmente amarrada às debêntures
emitidas pela Vicunha Siderúrgica para pagar a sua parte na
compra da CSN. As debêntures
foram emitidas para o aumento
da participação da Vicunha na
CSN e ficaram atreladas à distribuição de dividendos da companhia. Se a debênture exigia
mais pagamento, distribuíam-se mais dividendos.
Em 2001 os dividendos chegaram a superar o lucro operacional, entrando em parte dos resultados advindos da venda da
participação da CSN na Vale do
Rio Doce.
Durante o período Steinbruch,
a CSN tomou US$ 1,25 bilhão
em financiamentos para adquirir participações na Vale e na
Light. Para poder atender às necessidades dos acionistas, vendeu ativos e pagou dividendos
próximos ao valor financiado. A
dívida ficou no passivo da companhia.
Para fazer frente ao endividamento, a Corus manterá uma
política de distribuição de dividendos da ordem de 40% dos lucros, respeitando uma alavancagem média (dívida líquida sobre patrimônio) de 35%, com
máximo de 50%.
Segundo o comunicado do
grupo, os ganhos para a CSN serão a possibilidade de investimentos na ampliação da sua capacidade de produção e o acesso
a novos mercados consumidores. Para a Corus será o acesso a
minério de ferro de baixo custo,
através da expansão da mina
da Casa de Pedra.
Causou estranheza no mercado a venda para a CSN da Metalic -empresa da Vicunha Siderúrgica- poucos dias antes
do anúncio da operação com a
Corus. Os analistas não tiveram
condição de avaliar a operação,
porque a Metalic era empresa
de capital fechado. O valor envolvido foi de R$ 215 milhões, de
uma empresa que fabrica um
produto no mínimo de futuro
incerto, tal o domínio das latas
de alumínio no mercado de bebidas e refrigerantes.
Para a operação ser concluída, terá de ter a aprovação dos
debenturistas da Vicunha
(BNDES), do Cade (Conselho
Administrativo de Direito Econômico) e dos demais acionistas
que fazem parte do bloco de
controle.
Marqueteiros
Minha empregada adorava o
"dr. Serra", porque ele era carrancudo e "brigava pela gente".
Lula sempre foi enaltecido pela
autenticidade, pela capacidade
de ser candidato a presidente
sem perder as raízes. Nas mãos
do marketing, Serra virou um
simpático forçado e Lula um
yuppie do colarinho torto.
Aparentemente a ausência de
marqueteiros na campanha de
Ciro Gomes ajudou a preencher
uma lacuna.
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