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PREVISÃO SOMBRIA
Consumo fica estagnado e desemprego só deve cair em 10 anos
Bird vê Argentina no sufoco até 2004
JOÃO SANDRINI
DE BUENOS AIRES
O Bird (Banco Mundial) prevê
que a população argentina deverá
esperar pelo menos até 2004 para
que a economia comece a dar sinais claros de recuperação. No caso do mercado de trabalho, a estimativa é ainda mais desanimadora: o desemprego só vai baixar em
10 anos.
"No mercado interno prevalecerá a falta de confiança e não vejo
os argentinos gastando muito
mais em dois anos. Não haverá recuperação do consumo até 2004",
disse a representante do Bird para
Argentina, a canadense Myrna
Alexander.
Ela também afirmou que o país
ainda não encontrou um piso para a recessão que perdura há quatro anos e que a economia continuará em queda no curto prazo.
A deterioração econômica também vai impossibilitar a recuperação dos indicadores sociais do
país, que apontam para um nível
de desemprego de 22% a 23% e
um índice de pobreza que atinge
51,4% da população.
"Um pobre vai continuar sendo
pobre por muitos anos. Vejo uma
lenta reativação do emprego, mas
não vejo a desocupação baixando
muito na próxima década."
Ela responsabilizou as políticas
adotadas pelo ministro Roberto
Lavagna (Economia) pelas projeções pessimistas.
"O projeto de desenvolver setores da economia com alto nível de
valor agregado, como a indústria
pesada e o setor automotivo, não
representam a solução para o problema de emprego da Argentina e
de nenhum outro país."
Para Myrna, o país deveria investir na produção de commodities, serviços, turismo, mineração
e softwares, que "são os setores
que criam mais emprego".
Assim como o FMI (Fundo Monetário Internacional), a comissão de quatro "notáveis" estrangeiros que está na Argentina também atacou o projeto de dolarização do ex-presidente Carlos Menem (1989-1999).
Em reunião com parlamentares
argentinos, o ex-presidente do
Banco Central alemão, Hans Tietmeyer, recomendou que o governo não caia na "armadilha" da
dolarização.
Os economistas insistem nas
mesmas exigências já defendidas
pelo FMI: reforçar a independência do BC, deixar de emitir bônus
provinciais, estabelecer uma meta
monetária para a impressão de
pesos e elaborar uma saída gradual para o "corralito" (nome dado às restrições ao saque bancário impostas em dezembro).
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