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São Paulo, quinta-feira, 24 de julho de 2003

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Políticos e bancos elogiam medida

DA REDAÇÃO

O corte de 1,5 ponto percentual na taxa básica de juros da economia, anunciado ontem pelo Copom (Comitê do Política Monetária), não foi uma decepção unânime. Políticos ligados ao governo, parte das instituições financeiras e até uma entidade ligada ao varejo elogiaram a medida. Afirmam que ela prepara o país para retomar o crescimento, que a inflação ainda não está dentro da meta e que corresponde à expectativa do mercado financeiro.
"O Banco Central ganha credibilidade ao coincidir sua decisão sobre os juros com as expectativas do mercado financeiro", diz Maria Lúcia Camargo, economista-chefe do banco Sudameris.
Alexandre Schwartzman, economista-chefe do Unibanco, concorda: "A queda de 1,5 ponto percentual ficou dentro do esperado. Seria prematuro fazer um corte maior. A inflação ainda apresenta alguns sinais de resistência".
Segundo Alexandre Póvoa, economista-chefe do Banco Modal, o BC optou por uma medida que, apesar de adiar a retomada do crescimento, se mostra mais segura. "O BC tinha duas escolhas: promover uma queda violenta dos juros, para ganhar três meses de atividade econômica, mas com enormes riscos, ou sair de forma gradual, com um atraso de um mês na melhora da economia. O BC tomou o caminho correto."
A taxa de inflação, diz Póvoa, embora dê sinais de estar convergindo para a meta traçada pelo governo, ainda está acima dela: "A meta [de inflação para 2004] é de 5,5% e, por enquanto, as projeções são de 6,5%. Não será deflação pontual que fará a inflação de 2004, que é a que interessa nesse momento, se ajustar à meta".
Paulo Levy, do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), afirma que "o corte sinaliza que o ciclo de aperto terminou. Estamos avançando no relaxamento da política monetária e na retomada do crescimento. Ainda que ele continue baixo neste ano".
"As condições macroeconômicas permitem uma queda maior e contínua, e a taxa já é menor do que os juros que herdamos quando tomamos posse", diz Aloizio Mercadante (PT-SP), líder do governo no Senado.
O líder do governo na Câmara, Aldo Rebelo (PC do B-SP), também está otimista. "Estão se criando as condições para a retomada da atividade econômica."
Para Oiram Corrêa, gerente da assessoria econômica da Fecomercio SP, o corte de 26% para 24,5% ao ano na Selic mostra que o governo tomou uma atitude para mudar o quadro desfavorável da economia brasileira. "A medida sinaliza que o governo está consciente do quadro deprimido [da economia] e assim podemos considerar um cenário mais positivo para 2004", afirmou.


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