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Investimento estrangeiro supera US$ 20 bi
Com o impulso de fusões e aquisições no país, resultados no 1º semestre e no mês passado bateram recordes, aponta BC
Negócios como a compra de ações da Arcelor Brasil pela siderúrgica Mittal influíram nos dados de junho, quando houve entrada de US$ 10,3 bi
NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Impulsionado pelo processo
de fusões e aquisições em alguns setores da economia, o
fluxo de investimento estrangeiro direto para o Brasil chegou a US$ 10,318 bilhões no
mês passado. Trata-se do maior
valor já registrado pela série estatística do Banco Central, que
tem início em 1947.
O resultado de junho equivale a quase todo o saldo acumulado entre janeiro e maio deste
ano, de US$ 10,546 bilhões.
No acumulado de 2007, até
junho, os investimentos estrangeiros diretos no país somam US$ 20,864 bilhões, um
aumento de 182,5% em relação
ao mesmo período do ano passado (US$ 7,385 bi). Também é
o maior valor já observado pelo
Banco Central nesse período.
Embora o BC não informe
dados mais detalhados sobre
esse resultado, informações do
mercado financeiro indicam
que metade do fluxo do mês
passado se refere à compra da
filial brasileira da siderúrgica
Arcelor pela indiana Mittal.
Em junho, para completar a
fusão das duas multinacionais
em todo o mundo, a Mittal fez
uma oferta para comprar a participação que acionistas brasileiros tinham na Arcelor, numa
operação de aproximadamente
US$ 5 bilhões que inflou os dados de investimentos estrangeiros apurados no mês.
Além disso, transações um
pouco menores, como a venda
da Serasa para o grupo irlandês
Experian e a injeção de capital
do Deutsche Bank no Unibanco, afetaram as estatísticas de
junho pelo país em pouco mais
de US$ 2 bilhões.
De acordo com o chefe do
Departamento Econômico do
BC, Altamir Lopes, as fusões e
aquisições cada vez mais freqüentes no mundo corporativo
devem continuar a influenciar
o fluxo de investimentos para o
Brasil. "É um movimento comparável ao das privatizações",
afirma, numa referência aos
dólares que o país recebeu de
estrangeiros interessados em
adquirir o controle de empresas estatais.
O BC contava com o ingresso
de US$ 25 bilhões em investimentos ao longo de 2007, mas
deve rever esse valor depois do
inesperado resultado de junho.
Apesar dos recordes registrados até agora, os investimentos
diretos ainda não são a principal fonte de dólares do Brasil
neste ano, posto que ainda pertence aos capitais de curto prazo. Entre janeiro e junho, o país
recebeu US$ 46,451 bilhões em
empréstimos com prazo de
vencimento inferior a um ano
-mais que o dobro, portanto,
do total de recursos direcionado ao setor produtivo.
"Bons fundamentos"
Mas, mesmo considerando a
distorção que algumas operações isoladas causaram nos dados do mês passado, as perspectivas para o fluxo de investimento estrangeiro para o Brasil
são positivas. Para Tomás Goulart, economista da Modal Asset Management, os bons fundamentos da economia devem
continuar atraindo investidores de fora do país.
"O ambiente externo é favorável. E o país está crescendo
mais, com inflação sob controle
e mais próximo do "investment
grade'", afirma, numa referência à expectativa de uma melhora na nota atribuída ao Brasil por agências internacionais
de classificação de risco.
Goulart afirma que a situação
é razoavelmente tranqüila não
só nos dados de investimentos
mas nos números das contas
externas como um todo.
No mês passado, a conta de
transações correntes -que
contabiliza a compra e a venda
de bens e serviços com outros
países- ficou positiva em US$
696 milhões, puxando o saldo
acumulado neste ano para R$
4,383 bilhões. O valor representa um crescimento de
58,6% em relação ao primeiro
semestre do ano passado.
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