|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
TROCA DE COMANDO
Quarto ministro do Desenvolvimento de FHC repete antecessores e diz que venda externa é o que interessa
País pede choque de exportação, diz Amaral
CLÁUDIA DIANNI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O quarto ministro do Desenvolvimento do governo Fernando
Henrique Cardoso, embaixador
Sergio Amaral, 57, assumiu ontem o cargo com o mesmo discurso de seus antecessores: dar ênfase total às exportações, eliminar
barreiras, abrir caminho para a
reforma tributária e adotar uma
política industrial ativa.
Amaral encerrou seu discurso
de posse afirmando que "o Brasil
precisa de um choque de exportação".
A frase de efeito substituiu a declaração de impacto do ex-ministro Alcides Tápias, feita em setembro de 1999, durante sua posse, de que seria o guerrilheiro da
reforma tributária. Tápias não
compareceu à posse de Amaral,
mas enviou a FHC carta de "apoio
e felicitações" ao novo ministro.
As ambições do novo ministro
contam, porém, na opinião de
analistas do governo e empresários, com a vantagem de Amaral
ser um articulador político e ter
bom relacionamento em todas as
áreas do governo, inclusive no
Ministério da Fazenda.
A promessa de que, desta vez, o
governo estará bem articulado
para levar a cabo os projetos de
desenvolvimento industrial e aumento das exportações esteve implícita no discurso de Amaral.
"Teremos pequena credibilidade perante os empresários se lhes
dissermos que assumam novos
riscos e se lancem em mercados
cada vez mais competitivos, se
não conseguirmos nos entender
sobre questões fundamentais, legítimas e ao nosso alcance, como
é o caso da desoneração das exportações."
Falta de consenso
A falta de consenso do governo
com relação à política industrial e
sobre os impostos de comércio
tem sido o principal empecilho
para a adoção de políticas de desenvolvimento econômico. O ex-ministro Tápias, que deixou o
cargo no dia 31, teve vários atritos
com o Ministério da Fazenda,
principalmente com o secretário
da Receita, Everardo Maciel.
O projeto de provocar um choque de exportação também foi
perseguido pelos antecessores de
Amaral. Em 1998, durante a campanha eleitoral, o então candidato
Fernando Henrique Cardoso incluiu no programa a meta de dobrar as exportações de US$ 50 milhões para US$ 100 bilhões até o
fim de 2002. Hoje é consenso no
governo que a meta não será alcançada.
Amaral prometeu também
apoiar indústrias com alto potencial exportador e a substituição de
importações de setores deficitários como petróleo, químico e farmacêutico, eletro-eletrônicos e de
bens de capital. Segundo ele, juntos, esses quatro setores respondem por um déficit comercial de
US$ 20 bilhões por ano.
O Ministério do Desenvolvimento foi criada no início do segundo mandato de FHC para o
então presidente do BNDES Luiz
Carlos Mendonça de Barros, que
não chegou a assumir por causa
do escândalo do grampo no
BNDES. O objetivo era dar equilíbrio à sua administração reforçando a ala desenvolvimentista
do governo
O atual ministro das Relações
Exteriores, Celso Lafer, acabou
assumindo a pasta, mas permaneceu no cargo por apenas seis
meses. O chanceler foi substituído
pelo então ministro da Casa Civil
Clóvis Carvalho, que teve de deixar o cargo depois de classificar a
política do ministro da Fazenda,
Pedro Malan, de "covarde", durante uma entrevista.
Amaral é diplomata de carreira
e era o atual embaixador do Brasil
no Reino Unido, cargo que assumiu após deixar a Secretaria de
Comunicação Social do governo
FHC. Ele também foi negociador
da dívida externa brasileira.
Texto Anterior: Guerra fiscal: São Paulo pede e STF suspende incentivo do MS Próximo Texto: "Exportar ou morrer" é o novo grito de independência, diz FHC Índice
|