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CRISE NO AR
Falência da empresa traria colapso ao setor, diz ele
Lessa diz que BNDES tem de fazer o necessário para Varig não quebrar
GABRIELA WOLTHERS
DA SUCURSAL DO RIO
O presidente do BNDES (Banco
Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social), Carlos Lessa, defendeu ontem uma solução
"pragmática" para a crise da Varig. "Ser pragmático é dizer: não
posso deixar que certa coisa aconteça, então faço o que for necessário para evitar que tal coisa aconteça", resumiu Lessa.
Para ele, o que não pode acontecer é a quebra pura e simples da
Varig, sob "risco de colapso do setor aéreo brasileiro". Lessa afirmou que ainda não recebeu
"orientação superior" do governo
federal sobre como o BNDES agirá no caso.
"A Varig, isoladamente, é responsável por mais de 30% dos
vôos domésticos e 87% dos vôos
internacionais", disse o presidente do banco. "É uma questão que
não pode sofrer, do meu ponto de
vista, ruptura ou descontinuidade" dos serviços.
Segundo a Folha apurou, uma
das idéias em estudo seria criar
uma nova empresa aérea, chamada de Super-Varig, que herdaria
as concessões de linhas internacionais da atual empresa aérea, a
melhor fatia de mercado, e poderia atuar em parceria, dividindo
aviões com a Gol e com a TAM.
Se essa solução vingar, o destino
da atual Varig seria quebrar. A
parte saudável da empresa aérea
seria incorporada à Super-Varig,
e a parte considerada "podre" seria desconsiderada, com a Fundação Rubem Berta, que detém o
controle da companhia. A vantagem, segundo os defensores da
proposta, é que o governo não teria de colocar recursos para cobrir
o rombo da parte "podre" da Varig, calculada em torno de US$ 2
bilhões (mais de R$ 6 bilhões).
Em compensação, o BNDES liberaria recursos para a implementação da nova empresa. Além
disso, o governo abriria mão de
receber os empréstimos em atraso ou ainda não-pagos durante
anos pela companhia com órgãos
estatais. Estima-se que só com a
Previdência Social as dívidas da
Varig cheguem a R$ 1 bilhão.
Com a Infraero (que administra
aeroportos), seriam mais de R$
300 milhões.
Lessa não quis tecer comentários sobre essa ou qualquer outra
proposta. "A opinião do banco
vai ser formulada de maneira
consistente quando nós recebermos as instruções de qual caminho será seguido."
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