São Paulo, terça-feira, 24 de agosto de 2004

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CRISE NO AR

Falência da empresa traria colapso ao setor, diz ele

Lessa diz que BNDES tem de fazer o necessário para Varig não quebrar

GABRIELA WOLTHERS
DA SUCURSAL DO RIO

O presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), Carlos Lessa, defendeu ontem uma solução "pragmática" para a crise da Varig. "Ser pragmático é dizer: não posso deixar que certa coisa aconteça, então faço o que for necessário para evitar que tal coisa aconteça", resumiu Lessa.
Para ele, o que não pode acontecer é a quebra pura e simples da Varig, sob "risco de colapso do setor aéreo brasileiro". Lessa afirmou que ainda não recebeu "orientação superior" do governo federal sobre como o BNDES agirá no caso.
"A Varig, isoladamente, é responsável por mais de 30% dos vôos domésticos e 87% dos vôos internacionais", disse o presidente do banco. "É uma questão que não pode sofrer, do meu ponto de vista, ruptura ou descontinuidade" dos serviços.
Segundo a Folha apurou, uma das idéias em estudo seria criar uma nova empresa aérea, chamada de Super-Varig, que herdaria as concessões de linhas internacionais da atual empresa aérea, a melhor fatia de mercado, e poderia atuar em parceria, dividindo aviões com a Gol e com a TAM.
Se essa solução vingar, o destino da atual Varig seria quebrar. A parte saudável da empresa aérea seria incorporada à Super-Varig, e a parte considerada "podre" seria desconsiderada, com a Fundação Rubem Berta, que detém o controle da companhia. A vantagem, segundo os defensores da proposta, é que o governo não teria de colocar recursos para cobrir o rombo da parte "podre" da Varig, calculada em torno de US$ 2 bilhões (mais de R$ 6 bilhões).
Em compensação, o BNDES liberaria recursos para a implementação da nova empresa. Além disso, o governo abriria mão de receber os empréstimos em atraso ou ainda não-pagos durante anos pela companhia com órgãos estatais. Estima-se que só com a Previdência Social as dívidas da Varig cheguem a R$ 1 bilhão. Com a Infraero (que administra aeroportos), seriam mais de R$ 300 milhões.
Lessa não quis tecer comentários sobre essa ou qualquer outra proposta. "A opinião do banco vai ser formulada de maneira consistente quando nós recebermos as instruções de qual caminho será seguido."


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