São Paulo, terça-feira, 24 de agosto de 2004

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CAPITALISMO VERMELHO

Importação excessiva e recuo na produção trazem preocupação sobre dependência externa de alimentos

China teme desabastecimento de comida

DO "FINANCIAL TIMES"

A China está importando mais produtos agrícolas do que exporta, o que causa preocupação nos mais altos níveis de governo quanto à segurança das fontes de alimentos para seu 1,3 bilhão de habitantes, enquanto a escassez de terra fértil e água pressiona a produção doméstica de grãos.
Hu Jintao, presidente da China, solicitou a realização de estudos urgentes sobre a segurança alimentar do país depois que surgiram indícios, em 2003 e neste ano, de que a produção de cereais da China estava em queda e de que a tendência da demanda é crescer.
A crescente dependência chinesa de produtos agrícolas ocidentais importados surge no momento em que o comércio internacional desses produtos se torna um dos aspectos mais disputados da Rodada Doha de negociações mundiais de livre comércio. Os três maiores exportadores de alimentos para a China são Estados Unidos, Canadá e Austrália.
"A liderança está muito preocupada com a segurança alimentar. Eles todos eram jovens durante as grandes fomes do final dos anos 50 e nos anos 60. Não se trata de uma questão estratégica de dependência de mercados estrangeiros, mas também de uma questão muito pessoal de auto-suficiência alimentar", diz um pesquisador universitário que assessora o governo quanto a questões de segurança alimentar.
Os números oficiais mais recentes mostram déficit sem precedentes no comércio chinês de produtos agrícolas, durante os seis primeiros meses do ano.
As importações totais de produtos agrícolas subiram 62,5% no primeiro semestre de 2004, atingindo US$ 14,35 bilhões. As exportações totalizaram US$ 10,26 bilhões, aumento de 11% ante o total do período um ano atrás.
Os Estados Unidos, sozinhos, exportaram US$ 4,96 bilhões em produtos agrícolas à China, uma alta de 68,1% comparada aos números para o período em 2003.
As maiores mudanças foram constatadas nas importações de grãos, já que os estoques estratégicos caíram devido ao declínio registrado nas safras chinesas a cada ano desde 1998. No primeiro semestre, a China importou 4,1 milhões de toneladas de grãos, ou 180% mais que nos primeiros seis meses de 2003.
O nível das reservas nacionais de grãos da China é um segredo de Estado. Mas diversos estudiosos do assunto disseram que, embora a safra de grãos deste ano deva superar a do ano passado, por pequena margem, a alta na demanda deve fazer as reservas de grãos continuarem a sofrer pressão neste ano e mesmo em 2005.


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