São Paulo, terça-feira, 24 de agosto de 2004

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MEL

Com o retorno dos chineses ao mercado externo, meta é fazer o brasileiros consumirem mais

Apicultor quer ampliar o consumo interno

THIAGO GUIMARÃES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE

Após um aumento expressivo das exportações de mel nos últimos dois anos, impulsionado pela saída da China -maior produtor mundial- do mercado internacional, o setor apícola brasileiro enfrenta agora, com a volta dos chineses, dois desafios: redirecionar a produção para o mercado interno e manter a fatia conquistada lá fora.
Até 2000, com vendas inferiores a 300 toneladas por ano, o Brasil praticamente não figurava entre os países exportadores de mel. Restrições ao mel chinês impostas pelos principais países compradores em 2002, após a descoberta do antibiótico cloranfenicol em amostras, aumentaram a demanda pelo produto em outros países, entre eles o Brasil.
De 268 toneladas exportadas em 2000, a US$ 1.235 por tonelada, o Brasil passou a 19,27 mil toneladas em 2003, a US$ 2.363 por tonelada, somando US$ 45,5 milhões em exportações -o melhor resultado já alcançado pelo país.
Neste ano, com a volta da China ao mercado externo -União Européia e Estados Unidos já estão aceitando o mel chinês-, a tendência é de queda nos preços. Segundo a CBA (Confederação Brasileira de Apicultura), os compradores externos pagam hoje US$ 1.000 pela tonelada de mel.
"Neste momento de superprodução mundial e de queda abrupta no preço do mel, a solução vai ser o mercado interno, que ainda está muito fraco", diz Paulo Levy, da Cearapi Agricultura e Produtos Orgânicos, empresa cearense que exportou 1.300 toneladas de mel em 2003.
Para Levy, o nível de consumo de mel no país -100 a 300 g per capita por ano- é baixo, principalmente em relação à Europa, onde chega a 2 kg per capita por ano. Ele calcula que mais 100 g no consumo per capita anual implicaria em demanda adicional de 20 mil toneladas de mel.
O presidente da CBA, Joail de Abreu, destaca a necessidade de o Brasil expandir suas exportações de mel para o chamado mercado de mesa, ou seja, para o consumidor final. Segundo ele, 80% das exportações dos últimos anos teve como destino a indústria.

Falta de dados
Nenhum órgão oficial detém dados atualizados sobre a apicultura brasileira (produção, número de colméias e de apicultores). Para 2004, como a retomada das exportações chinesas está sendo gradual, a estimativa é que as vendas brasileiras continuem a crescer, atingindo 25 mil toneladas.
A entrada do Brasil no mercado internacional de mel marcou também a consolidação da região Nordeste como pólo de produção e exportação. Em 2001, a região contribuiu com 10% das exportações, enquanto o Sudeste respondeu por 12%, e o Sul, por 77,8%.
Em 2003, houve equilíbrio entre as regiões exportadoras: o Nordeste (Piauí, Ceará e Bahia) produziu 28,8% do mel exportado, o Sul (Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul), 33,6%, e o Sudeste (São Paulo, Minas Gerais e Espírito Santo), 37,1%.


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