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MEL
Com o retorno dos chineses ao mercado externo, meta é fazer o brasileiros consumirem mais
Apicultor quer ampliar o consumo interno
THIAGO GUIMARÃES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE
Após um aumento expressivo
das exportações de mel nos últimos dois anos, impulsionado pela
saída da China -maior produtor
mundial- do mercado internacional, o setor apícola brasileiro
enfrenta agora, com a volta dos
chineses, dois desafios: redirecionar a produção para o mercado
interno e manter a fatia conquistada lá fora.
Até 2000, com vendas inferiores
a 300 toneladas por ano, o Brasil
praticamente não figurava entre
os países exportadores de mel.
Restrições ao mel chinês impostas
pelos principais países compradores em 2002, após a descoberta
do antibiótico cloranfenicol em
amostras, aumentaram a demanda pelo produto em outros países,
entre eles o Brasil.
De 268 toneladas exportadas em
2000, a US$ 1.235 por tonelada, o
Brasil passou a 19,27 mil toneladas em 2003, a US$ 2.363 por tonelada, somando US$ 45,5 milhões em exportações -o melhor
resultado já alcançado pelo país.
Neste ano, com a volta da China
ao mercado externo -União Européia e Estados Unidos já estão
aceitando o mel chinês-, a tendência é de queda nos preços. Segundo a CBA (Confederação Brasileira de Apicultura), os compradores externos pagam hoje US$
1.000 pela tonelada de mel.
"Neste momento de superprodução mundial e de queda abrupta no preço do mel, a solução vai
ser o mercado interno, que ainda
está muito fraco", diz Paulo Levy,
da Cearapi Agricultura e Produtos Orgânicos, empresa cearense
que exportou 1.300 toneladas de
mel em 2003.
Para Levy, o nível de consumo
de mel no país -100 a 300 g per
capita por ano- é baixo, principalmente em relação à Europa,
onde chega a 2 kg per capita por
ano. Ele calcula que mais 100 g no
consumo per capita anual implicaria em demanda adicional de 20
mil toneladas de mel.
O presidente da CBA, Joail de
Abreu, destaca a necessidade de o
Brasil expandir suas exportações
de mel para o chamado mercado
de mesa, ou seja, para o consumidor final. Segundo ele, 80% das
exportações dos últimos anos teve
como destino a indústria.
Falta de dados
Nenhum órgão oficial detém
dados atualizados sobre a apicultura brasileira (produção, número de colméias e de apicultores).
Para 2004, como a retomada das
exportações chinesas está sendo
gradual, a estimativa é que as vendas brasileiras continuem a crescer, atingindo 25 mil toneladas.
A entrada do Brasil no mercado
internacional de mel marcou
também a consolidação da região
Nordeste como pólo de produção
e exportação. Em 2001, a região
contribuiu com 10% das exportações, enquanto o Sudeste respondeu por 12%, e o Sul, por 77,8%.
Em 2003, houve equilíbrio entre
as regiões exportadoras: o Nordeste (Piauí, Ceará e Bahia) produziu 28,8% do mel exportado, o
Sul (Santa Catarina, Paraná e Rio
Grande do Sul), 33,6%, e o Sudeste (São Paulo, Minas Gerais e Espírito Santo), 37,1%.
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