São Paulo, terça-feira, 24 de setembro de 2002

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TRANSE GLOBAL

Bolsas internacionais vivem mais um dia de perdas pesadas; índice de ações tecnológicas despenca 2,96%

Nasdaq cai ao menor nível em seis anos

DA REDAÇÃO

Previsões sombrias de empresas a respeito de seus lucros nos próximos meses e o medo dos efeitos de uma guerra entre os EUA e o Iraque aprofundaram a queda dos mercados internacionais. A Nasdaq caiu ao nível mais baixo em seis anos, enquanto as Bolsas da Europa bateram novos recordes de baixa em cinco anos.
Companhias tão diferentes como a JDS Uniphase, umas das maiores produtoras mundiais de componentes para telecomunicações, e o Wal-Mart, maior varejista dos EUA e do planeta, informaram que os resultados deste trimestre ficarão abaixo das estimativas. O recado emitido por essas empresas se somou aos alertas de diversas outras companhias, nas duas últimas semanas, todos na mesma linha.
A Nasdaq, Bolsa símbolo do boom da nova economia em seus dias de euforia, recuou 2,96% e caiu a 1.185 pontos. Foi a primeira vez, desde setembro de 1996, que o índice de ações tecnológicas fechou abaixo de 1.200 pontos.
O Dow Jones caiu 1,43% e ficou perto de seu nível mais baixo dos últimos quatro anos. Na semana passada, o índice, que lista as 30 principais ações dos EUA, já havia recuado 3,9%. O índice Standard & Poor's das 500 maiores empresas norte-americanas declinou 1,38% e por pouco não atingiu seu patamar mais baixo desde 1997.
"O ar está carregado pelo temor de um fraco crescimento nos lucros ou até mesmo mais prejuízos", disse Charles Crane, estrategista da corretora Victory SBSF Capital Management.

Economia preocupa
A divulgação de um novo sinal econômico negativo também pesou. O índice do Conference Board com os "leading indicators" (os principais indicadores dos EUA) caiu 0,2% em agosto, o terceiro mês seguido de queda.
Hoje o Conselho Monetário do Federal Reserve (banco central norte-americano) decidirá se altera a taxa de juros ou se a mantém em 1,75% ao ano. Para a maioria dos analistas, não haverá nenhuma mudança, ainda que alguns economistas defendam a necessidade de um relaxamento da política monetária, dada a fragilidade da recuperação econômica.
No ano passado, o Federal Reserve fez 11 cortes na taxa, derrubando-a de 6,50% para 1,75% ao ano, numa tentativa de conter os efeitos da recessão. O último corte ocorreu em dezembro, e, desde então, a taxa está em seu menor patamar em 40 anos.
"No momento, as autoridades monetárias não têm dado nenhum sinal de que haverá corte na taxa", disse Allen Sinai, economista-chefe da Decision Economics. "Os indicadores ainda precisam convencê-los de que existe uma chance real de uma nova queda na atividade econômica."

Europa acompanha
Os mercados alemães não receberam bem a apertada vitória dos sociais-democratas nas eleições de domingo, e a Bolsa de Frankfurt recuou 4,94%. Para os investidores, a instabilidade política alemã e a manutenção do chanceler Gerhard Schröder no poder eleva a possibilidade de a economia do país permanecer estagnada.
Em Londres, as ações dos bancos foram as mais atingidas, sob o temor de que instituições como o Barclays e o Royal Bank of Scotland tenham a saúde abalada devido ao calote de devedores. O índice FTSE 100 tombou 3,13% e caiu ao menor nível em seis anos.
A Bolsa de Paris fechou no menor patamar desde novembro de 97. O índice CAC 40 recuou 3,34%, arrastado pela Alcatel. A fabricante de equipamentos de telecomunicações despencou 16% depois de a Standard & Poor's afirmar que poderá rebaixar a classificação da companhia.
Nos mercados asiáticos as perdas também foram acentuadas. A Bolsa sul-coreana recuou 3,51%, e a de Taiwan caiu 2,28%.

Crise de confiança
Os mercados de todo o planeta já enfrentavam dias difíceis, desde o começo do ano, por causa da abrupta queda nos investimentos em telecomunicações, o que derrubou as ações do setor. A situação se agravou com a eclosão de uma série de escândalos contábeis. Esses fatores atingiram o ânimo dos investidores, que perderam bilhões de dólares com o colapso de empresas como a Enron e a WorldCom.
As incertezas aumentaram agora com a deterioração dos indicadores econômicos, que mostram recuperação muito mais tímida do que a antevista há alguns meses. Finalmente, há a ameaça de uma nova guerra no golfo Pérsico, que poderia ter um efeito recessivo ao deixa o petróleo mais caro.


Com agências internacionais


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