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TRANSE GLOBAL
Bolsas internacionais vivem mais um dia de perdas pesadas; índice de ações tecnológicas despenca 2,96%
Nasdaq cai ao menor nível em seis anos
DA REDAÇÃO
Previsões sombrias de empresas a respeito de seus lucros nos
próximos meses e o medo dos
efeitos de uma guerra entre os
EUA e o Iraque aprofundaram a
queda dos mercados internacionais. A Nasdaq caiu ao nível mais
baixo em seis anos, enquanto as
Bolsas da Europa bateram novos
recordes de baixa em cinco anos.
Companhias tão diferentes como a JDS Uniphase, umas das
maiores produtoras mundiais de
componentes para telecomunicações, e o Wal-Mart, maior varejista dos EUA e do planeta, informaram que os resultados deste trimestre ficarão abaixo das estimativas. O recado emitido por essas
empresas se somou aos alertas de
diversas outras companhias, nas
duas últimas semanas, todos na
mesma linha.
A Nasdaq, Bolsa símbolo do
boom da nova economia em seus
dias de euforia, recuou 2,96% e
caiu a 1.185 pontos. Foi a primeira
vez, desde setembro de 1996, que
o índice de ações tecnológicas fechou abaixo de 1.200 pontos.
O Dow Jones caiu 1,43% e ficou
perto de seu nível mais baixo dos
últimos quatro anos. Na semana
passada, o índice, que lista as 30
principais ações dos EUA, já havia
recuado 3,9%. O índice Standard
& Poor's das 500 maiores empresas norte-americanas declinou
1,38% e por pouco não atingiu seu
patamar mais baixo desde 1997.
"O ar está carregado pelo temor
de um fraco crescimento nos lucros ou até mesmo mais prejuízos", disse Charles Crane, estrategista da corretora Victory SBSF
Capital Management.
Economia preocupa
A divulgação de um novo sinal
econômico negativo também pesou. O índice do Conference
Board com os "leading indicators" (os principais indicadores
dos EUA) caiu 0,2% em agosto, o
terceiro mês seguido de queda.
Hoje o Conselho Monetário do
Federal Reserve (banco central
norte-americano) decidirá se altera a taxa de juros ou se a mantém
em 1,75% ao ano. Para a maioria
dos analistas, não haverá nenhuma mudança, ainda que alguns
economistas defendam a necessidade de um relaxamento da política monetária, dada a fragilidade
da recuperação econômica.
No ano passado, o Federal Reserve fez 11 cortes na taxa, derrubando-a de 6,50% para 1,75% ao
ano, numa tentativa de conter os
efeitos da recessão. O último corte
ocorreu em dezembro, e, desde
então, a taxa está em seu menor
patamar em 40 anos.
"No momento, as autoridades
monetárias não têm dado nenhum sinal de que haverá corte na
taxa", disse Allen Sinai, economista-chefe da Decision Economics. "Os indicadores ainda precisam convencê-los de que existe
uma chance real de uma nova
queda na atividade econômica."
Europa acompanha
Os mercados alemães não receberam bem a apertada vitória dos
sociais-democratas nas eleições
de domingo, e a Bolsa de Frankfurt recuou 4,94%. Para os investidores, a instabilidade política alemã e a manutenção do chanceler
Gerhard Schröder no poder eleva
a possibilidade de a economia do
país permanecer estagnada.
Em Londres, as ações dos bancos foram as mais atingidas, sob o
temor de que instituições como o
Barclays e o Royal Bank of Scotland tenham a saúde abalada devido ao calote de devedores. O índice FTSE 100 tombou 3,13% e
caiu ao menor nível em seis anos.
A Bolsa de Paris fechou no menor patamar desde novembro de
97. O índice CAC 40 recuou
3,34%, arrastado pela Alcatel. A
fabricante de equipamentos de telecomunicações despencou 16%
depois de a Standard & Poor's
afirmar que poderá rebaixar a
classificação da companhia.
Nos mercados asiáticos as perdas também foram acentuadas. A
Bolsa sul-coreana recuou 3,51%, e
a de Taiwan caiu 2,28%.
Crise de confiança
Os mercados de todo o planeta
já enfrentavam dias difíceis, desde
o começo do ano, por causa da
abrupta queda nos investimentos
em telecomunicações, o que derrubou as ações do setor. A situação se agravou com a eclosão de
uma série de escândalos contábeis. Esses fatores atingiram o
ânimo dos investidores, que perderam bilhões de dólares com o
colapso de empresas como a
Enron e a WorldCom.
As incertezas aumentaram agora com a deterioração dos indicadores econômicos, que mostram recuperação muito mais tímida do que a antevista há alguns meses. Finalmente, há a ameaça de uma nova guerra no golfo Pérsico, que poderia ter um efeito recessivo ao deixa o petróleo mais caro.
Com agências internacionais
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