São Paulo, terça-feira, 24 de setembro de 2002

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INVESTIMENTO EXTERNO

Pela 1ª vez em cinco anos, país deixa lista das dez nações preferidas; AL perde 3º posto para a Ásia

Brasil deixa lista dos "dez mais" atraentes

JOSÉ ALAN DIAS
DA REPORTAGEM LOCAL

O Brasil despencou no ranking de países mais atraentes para investimentos estrangeiros. Pela primeira vez em cinco anos, o país não consta entre os dez primeiros na lista elaborada pela consultoria norte-americana AT Kearney.
Para piorar, a queda do Brasil e da Argentina, que nem aparece no grupo dos 25 mercados mais interessantes, fez a América Latina perder para a Ásia o posto de terceira região mais atraente do globo. Pela ordem, agora são América do Norte, Europa, Ásia e somente depois América Latina, África e Oriente Médio.
A pesquisa, denominada Índice de Confiança de Investimento Estrangeiro, considera opiniões de executivos das mil maiores empresas do planeta para determinar uma tendência de investimentos no período entre um e três anos. Essas companhias foram responsáveis por 90% do fluxo de IDE (Investimento Direto Estrangeiro) mundial em 2001.
O Brasil, que, na última pesquisa, em fevereiro do ano passado, despontava como terceiro entre as nações mais atraentes para investimentos, caiu para o 13º posto na pesquisa feita neste mês. Brasil e México (nono colocado) são os dois latino-americanos a figurar no grupo de 25 nações mais interessantes para investimentos. Os mexicanos caíram do quarto para o nono posto na lista.
Para a AT Kearney, a América Latina ""perdeu sua vocação" para atrair investidores (a citação não inclui o México, que é tratado como América do Norte, ao lado dos EUA e do Canadá). As intenções de investimento na região caíram 40% em relação a 2001.
Reformas econômicas e políticas foram citadas como os fatores mais importantes para decisões de investimento a médio prazo na região. Foram mencionados ainda (veja quadro) temores diante de incertezas políticas e da violência e conflitos sociais nos países latino-americanos. Uma eventual melhora da economia dos EUA aparece apenas como quarto fator determinante para a volta de capitais.
No caso do Brasil, a queda é assustadora porque nos quatro anos anteriores o país sempre figurou entre os cinco primeiros colocados na preferência para investimentos. Os investimentos diretos estrangeiros no Brasil recuaram de US$ 32,8 bilhões em 2000 para US$ 22,4 bilhões em 2001. Para este ano, a expectativa é que não superem US$ 16 bilhões.
Entre os executivos consultados, apenas 14% têm perspectiva otimista sobre a situação da economia, contra 50% um ano atrás.
Segundo o relatório, houve uma ""dramática perda de confiança" no mercado brasileiro. Entre os investidores britânicos e canadenses caiu pela metade a propensão para investir no Brasil. No caso dos norte-americanos, essa mesma disposição recuou 25%.
""Os investidores conhecem o Brasil. O Brasil não é um país qualquer perdido em um ponto do planeta", disse Paul Laudicina, vice-presidente da At Kearney. ""Mas o próximo governo terá de convencer os investidores de que dará prosseguimento às reformas e adotará uma política econômica austera", completou Laudicina.

Eldorado
A China desbancou os EUA e se tornou, na opinião dos empresários, o país mais atraente do planeta para investimentos. Em 2001, a China estava em segundo lugar.
As razões citadas para o interesse no país são a relativa estabilidade política e o vigor da economia (em 2001 o PIB subiu 7,3%).


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