São Paulo, terça-feira, 24 de setembro de 2002

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MERCADO FINANCEIRO

Possível vitória da oposição no primeiro turno e instabilidade externa ditam negócios; juros sobem

Bolsa inicia a semana com baixa de 3,35%

DA REPORTAGEM LOCAL

A Bolsa de Valores de São Paulo iniciou mais uma semana em baixa. O Ibovespa, índice que concentra as 56 ações mais negociadas do pregão paulista, caiu 3,35% ontem, para 9.264 pontos. O giro financeiro foi pequeno, de apenas R$ 358,589 milhões.
Notícias internas e externas definiram a baixa de ontem. A crescente possibilidade de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vencer as eleições presidenciais, conforme apurou pesquisa Datafolha, já no primeiro turno elevou o mau humor do mercado.
José Serra (PSDB) é o candidato do mercado por ser associado à manutenção da atual política econômica. O mercado espera para hoje a divulgação de pesquisa feita pelo Ibope -os boatos que circulavam ontem eram de que ela confirmaria o Datafolha.
Segundo Guilherme da Nóbrega, economista-chefe do banco Fibra, a campanha de Serra deverá passar por ajustes nesta semana. "As últimas pesquisas mostram os limites da propaganda negativa. Apesar dos ataques de Serra, Lula cresce. Já o candidato do PSDB estaciona, talvez por ganhar fama de antipático e truculento", afirma. Esses ajustes devem definir o futuro do candidato -a ida e até mesmo uma vitória no segundo turno.
A alta do dólar favoreceu as ações de empresas exportadoras. Vale do Rio Doce PNA subiu 3,7%, Aracruz PNB, 2% e Souza Cruz ON,1,6%.
A instabilidade internacional também contribuiu para a tensão. Continua o temor por uma guerra entre EUA e Iraque e as empresas americanas têm divulgado queda em seus lucros. Nasdaq caiu 2,96% e Dow Jones, 1,43%.
Na Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F), as projeções para os juros subiram forte.
Os contratos para janeiro, os mais negociados, passaram de 21,14% para 21,83% anuais.
O nervosismo foi sentido ainda mais fortemente no cupom cambial -projeção do valor da taxa de juros em dólar-, que voltou a disparar para atingir níveis recordes. No fim dos negócios, o FRA (Forward Rate Agreement, que melhor mede o cupom cambial) de prazo mais curto apontava taxa de 50,4% ao ano, ante os 41% anuais da sexta-feira.
Os C-Bonds, títulos da dívida brasileira, caíram 5,47%.
(ANA PAULA RAGAZZI E FABRICIO VIEIRA)

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