São Paulo, terça-feira, 24 de setembro de 2002

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AGRONEGÓCIO

Área plantada e proibição de transgênicos motivam interesse de países que movimentam mais de US$ 10 bi no setor

Produto orgânico brasileiro atrai alemães e japoneses

CÍNTIA CARDOSO
DA REPORTAGEM LOCAL

Os produtos orgânicos brasileiros estão na mira dos mercados alemão e japonês.
A área total plantada, cerca de 50 milhões de hectares, e o fato de a legislação brasileira proibir o cultivo de transgênicos são, segundo especialistas ouvidos pela Folha, as principais razões de interesse para a compra da produção orgânica do país.
A agricultura orgânica combina métodos tradicionais, como o plantio direto, com o uso de técnicas modernas, como o controle biológico de pragas. A regra é evitar fertilizantes químicos ou agrotóxicos.
Na Alemanha, o consumo de produtos orgânicos movimenta anualmente US$ 10 bilhões. Dentro de dez anos, estima-se que esses produtos ocupem 20% do mercado de alimentos do país.
Segundo Dinah Mazzo, responsável pelo departamento de feiras da Câmara Brasil-Alemanha, a porta de entrada para aumentar a inserção de produtos brasileiros no mercado alemão pode ser a Biofach 2003.
A feira, que é a maior dedicada a orgânicos no mundo, ocorre na Alemanha em fevereiro do ano que vem e vai contar com um estande de 250 m2 dedicado exclusivamente a produtos brasileiros: de sucos a artigos de artesanato.
Para participar do evento, é preciso que os produtos sejam certificados por alguma empresa reconhecida pelo Ifoam (certificadora internacional de origem alemã).
A câmara informa que, para os interessados, serão vendidos pacotes com hospedagem, passagem, frete dos produtos e área no estande. Ainda não há estimativa de preços. Em 2001, o custo do m2 no estande era de 139. A câmara recebe inscrições até o dia 27.
Uma parceria entre a câmara, a Apex (Agência de Promoção das Exportações) e algumas das principais entidades do setor no Brasil, como o IBD (Instituto Biodinâmico) e o Planeta Orgânico, também vai ajudar a coordenar a presença brasileira no evento.

Ásia
Com um mercado de alimentos orgânicos que fatura US$ 350 milhões anuais e que importa 90% dos alimentos consumidos, o Japão é outro país que quer ampliar a compra do produto brasileiro.
Não há estimativa oficial a respeito do volume de mercadorias orgânicas já exportadas para o país. Mas, segundo Julia Yamagushi, inspetora internacional de certificação orgânica, a pauta de exportação brasileira hoje inclui banana, soja e café.
Para dar mais fôlego a esse intercâmbio, o Jetro (órgão de comércio exterior do Japão) visitou lavouras orgânicas brasileiras e promoveu palestras com os produtores no mês passado.

Selo
Para quem quiser entrar no mercado japonês, o primeiro passo é conseguir o Jas (selo de certificação). Mas é preciso estar preparado para desembolsar de US$ 5.000 a US$ 6.000 para arcar com os custos de certificação e a despesa de viagem do inspetor.
De acordo com Yamagushi, mesmo produtores que já possuam registro de exportação de orgânicos para a Europa e para os EUA precisarão do selo Jas.
Esse é o caso da Cia Mogi, que exporta 98% das cem toneladas produzidas de café orgânico para países como EUA, Canadá e Cingapura. A diretora da empresa Carolina Atalla afirma que, enquanto o mercado interno é ainda relativamente modesto, o externo oferece melhores oportunidades, sobretudo o ainda inexplorado mercado japonês. Por essa razão, a empresa deu entrada no processo de obtenção do selo Jas.


ONDE ENCONTRAR - Câmara Brasil-Alemanha, tel: 0/XX/11/5187-5211 Jetro, tel: 0/XX/11/3141-0788


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