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AGRONEGÓCIO
Área plantada e proibição de transgênicos motivam interesse de países que movimentam mais de US$ 10 bi no setor
Produto orgânico brasileiro atrai alemães e japoneses
CÍNTIA CARDOSO
DA REPORTAGEM LOCAL
Os produtos orgânicos brasileiros estão na mira dos mercados alemão e japonês.
A área total plantada, cerca de 50 milhões de hectares, e o fato de
a legislação brasileira proibir o cultivo de transgênicos são, segundo especialistas ouvidos pela
Folha, as principais razões de interesse para a compra da produção orgânica do país.
A agricultura orgânica combina
métodos tradicionais, como o
plantio direto, com o uso de técnicas modernas, como o controle
biológico de pragas. A regra é evitar fertilizantes químicos ou agrotóxicos.
Na Alemanha, o consumo de
produtos orgânicos movimenta
anualmente US$ 10 bilhões. Dentro de dez anos, estima-se que esses produtos ocupem 20% do
mercado de alimentos do país.
Segundo Dinah Mazzo, responsável pelo departamento de feiras
da Câmara Brasil-Alemanha, a
porta de entrada para aumentar a
inserção de produtos brasileiros
no mercado alemão pode ser a
Biofach 2003.
A feira, que é a maior dedicada a
orgânicos no mundo, ocorre na
Alemanha em fevereiro do ano
que vem e vai contar com um estande de 250 m2 dedicado exclusivamente a produtos brasileiros:
de sucos a artigos de artesanato.
Para participar do evento, é preciso que os produtos sejam certificados por alguma empresa reconhecida pelo Ifoam (certificadora
internacional de origem alemã).
A câmara informa que, para os
interessados, serão vendidos pacotes com hospedagem, passagem, frete dos produtos e área no
estande. Ainda não há estimativa
de preços. Em 2001, o custo do m2
no estande era de 139. A câmara
recebe inscrições até o dia 27.
Uma parceria entre a câmara, a
Apex (Agência de Promoção das
Exportações) e algumas das principais entidades do setor no Brasil, como o IBD (Instituto Biodinâmico) e o Planeta Orgânico,
também vai ajudar a coordenar a
presença brasileira no evento.
Ásia
Com um mercado de alimentos
orgânicos que fatura US$ 350 milhões anuais e que importa 90%
dos alimentos consumidos, o Japão é outro país que quer ampliar
a compra do produto brasileiro.
Não há estimativa oficial a respeito do volume de mercadorias
orgânicas já exportadas para o
país. Mas, segundo Julia Yamagushi, inspetora internacional de
certificação orgânica, a pauta de
exportação brasileira hoje inclui
banana, soja e café.
Para dar mais fôlego a esse intercâmbio, o Jetro (órgão de comércio exterior do Japão) visitou
lavouras orgânicas brasileiras e
promoveu palestras com os produtores no mês passado.
Selo
Para quem quiser entrar no
mercado japonês, o primeiro passo é conseguir o Jas (selo de certificação). Mas é preciso estar preparado para desembolsar de US$
5.000 a US$ 6.000 para arcar com
os custos de certificação e a despesa de viagem do inspetor.
De acordo com Yamagushi,
mesmo produtores que já possuam registro de exportação de
orgânicos para a Europa e para os
EUA precisarão do selo Jas.
Esse é o caso da Cia Mogi, que exporta 98% das cem toneladas produzidas de café orgânico para países como EUA, Canadá e Cingapura. A diretora da empresa
Carolina Atalla afirma que, enquanto o mercado interno é ainda relativamente modesto, o externo oferece melhores oportunidades, sobretudo o ainda inexplorado
mercado japonês. Por essa razão, a empresa deu entrada no processo de obtenção do selo Jas.
ONDE ENCONTRAR - Câmara Brasil-Alemanha, tel: 0/XX/11/5187-5211
Jetro, tel: 0/XX/11/3141-0788
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