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TRABALHO
Para IBGE, é cedo para verificar uma tendência de resultado no mercado
Ainda em patamar alto,
desemprego pára de cair
DA SUCURSAL DO RIO
Mesmo apontando para uma
estabilidade na taxa de desemprego, o IBGE (Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística) ressalta
que o índice de dois dígitos registrado em agosto -11,4%- é alto,
mas que ainda é cedo para avaliar
se essa parada representa ou não
uma tendência.
"Estacionou, mas é um primeiro resultado não satisfatório depois de três meses consecutivos
de queda na taxa", disse o gerente
da Pesquisa Mensal de Emprego,
Cimar Pereira.
"Temos que verificar a trajetória dos próximos dois meses para
saber a direção que estamos indo", completou. Após o recorde
de 13,1% em abril, a taxa de desemprego apresentou quedas, ficando em 12,2% em maio, 11,7%
em junho e 11,2% em julho.
"Os fatores podem ser sazonais
[típicos de um determinado período do ano], pois estamos fazendo comparação com julho,
que é um mês de férias. Em agosto, há um aumento da atividade
econômica, com um aumento pela procura de emprego", afirmou.
Segundo Pereira, parte das mulheres, que representam 56,1%
dos desempregados, deixa de
procurar emprego durante as férias de seus filhos. E tentam retornar ao mercado de trabalho em
agosto, aumentando, com isso, a
taxa de desocupação. Vale esclarecer que, quando uma pessoa
nem sequer tenta encontrar emprego, ela é qualificada pelo IBGE
de inativa e não de desocupada.
Pereira também ressalta que
duas das seis regiões metropolitanas contribuíram para que a taxa
de desemprego não caísse -Salvador e Rio de Janeiro. A primeira
registrou uma alta de 15,7% no total de pessoas desocupadas sobre
julho, e a segunda, de 7,4%.
Três regiões metropolitanas
apresentaram queda no total de
pessoas desocupadas: Porto Alegre (-5,5%), Belo Horizonte (-3,3)
e São Paulo (-0,4%). Recife teve
uma pequena alta de 0,6%.
"Nos últimos meses, a taxa caiu
significativamente e agora está
mostrando desaceleração, o que
acompanha o movimento já detectado nas pesquisas do IBGE de
indústria e comércio", disse o
economista Juan Jensen, da consultoria Tendências. "Se você não
está produzindo mais e nem vendendo mais, a taxa de desemprego acaba sendo afetada."
"Os dados mostram que a recuperação não está consolidada",
disse Lauro Ramos, coordenador
de Estudos de Mercado de Trabalho do Ipea. "Estamos melhorando, mas não podemos dizer que a
recuperação é firme e continuada,
ela é ainda claudicante."
O economista Juan Jensen, da
consultoria Tendências, aponta
pelo menos um dado positivo na
retração do mercado de trabalho.
"Sem o impacto adicional da renda, que poderia acarretar numa
inflação de demanda, o Banco
Central pode não aumentar novamente a taxa de juros."
(GABRIELA WOLTHERS)
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