São Paulo, sexta-feira, 24 de setembro de 2004

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Brasileiro já planeja gastar mais no Natal

ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

O brasileiro está mais satisfeito com a sua vida atualmente do que meses atrás e, ao planejar as compras natalinas, já tem uma propensão maior a fazer gastos no final deste ano do que em 2003.
Números de um levantamento apresentado ontem pela CNI (Confederação Nacional da Indústria) mostram que 67% das pessoas estão contentes com a situação geral de sua vida hoje. No segundo trimestre de 2004, 65% diziam o mesmo. O total dos descontentes caiu no mesmo intervalo: de 27% no período de abril a junho para 24% de julho a setembro, ressalta a confederação.
Outra pesquisa, publicada ontem pelo Provar/USP (Programa de Administração do Varejo), informa que subiu o índice de intenção de compra dos paulistanos para o último trimestre do ano sobre o mesmo período de 2003. Segundo a entidade, 64,7% dos consumidores da capital têm intenção de comprar bens duráveis e semiduráveis neste final de ano.
A taxa é superior à apurada em igual intervalo em 2000 e em 2003, mas ainda não atinge os resultados verificados nos quarto trimestres de 2001 e 2002. Os primeiros dados começaram a ser publicados pelo Provar em 1999.
Ao comparar a intenção de gastos do último trimestre com o terceiro trimestre, também houve elevação. É algo natural, já que no final do ano a demanda é mais forte, historicamente. Portanto, para eliminar esse fator sazonal, a comparação entre os quartos trimestres de anos anteriores acaba sendo mais correta.
No caso do Provar, o levantamento foi realizado com base em entrevistas com 408 consumidores na cidade de São Paulo. Na CNI, a pesquisa é feita pelo Ibope a cada três meses com 2.000 pessoas e mede o índice de confiança dos consumidores. Ela foi realizada em setembro.
"Há uma maior propensão para gastos, verificada nas pesquisas desde janeiro de 2004. Agora ela atingiu o seu pico no ano por conta do Natal e de fatores macroeconômicos, como a queda do desemprego", afirma Luiz Paulo Fávero, coordenador de cursos e pesquisas do Provar/USP.

Renda em xeque
Ontem, o IBGE publicou que o rendimento médio do trabalhador brasileiro caiu 0,93% em agosto na comparação com o mesmo mês de 2003. Houve retração de 1,4% em relação a julho deste ano, segundo a entidade.
O aumento da inflação e o crescimento do número de trabalhadores na informalidade pressionaram esses resultados.
Dados da CNI mostram que 64% dos consumidores acreditam que a renda das pessoas cairá ou não terá evolução nos próximos meses. O restante (26%) espera aumento nesse indicador.
Quanto ao desemprego e à inflação, as informações do relatório da confederação também são pessimistas. Metade das pessoas ouvidas acredita que a taxa de inflação no país subirá nos próximos seis meses. Apenas 17% dizem que irá cair. A falta de vagas no mercado de trabalho deve crescer, na opinião de 46%.
O maior ânimo aparente pode não se traduzir em elevados gastos. Ao se analisarem os indicadores dos meses de outubro a dezembro de 2003, a evolução da intenção de compra não foi acompanhada pelo crescimento no valor gasto efetivamente.
Os consumidores entrevistados informaram querer desembolsar menos agora com quase todos os produtos (bens duráveis e semiduráveis) neste Natal.


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