São Paulo, sexta-feira, 24 de setembro de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

TRABALHO

Entidade patronal vê paralisação concentrada nos bancos públicos e pede que TST julgue a greve dos bancários

Bancos querem suspender salário de grevista

CLAUDIA ROLLI
DA REPORTAGEM LOCAL

A Fenaban (Federação Nacional dos Bancos) quer que o TST (Tribunal Superior do Trabalho), em Brasília, julgue a greve dos bancários e que os bancos deixem de pagar salários e benefícios dos dias parados. A greve completa hoje dez dias. O pedido dos bancos foi encaminhado ao TRT (Tribunal de Regional do Trabalho) de São Paulo, que ainda não decidiu sobre o caso.
A interferência da Justiça na greve da categoria começou na última segunda-feira, quando o Ministério Público do Trabalho de São Paulo pediu ao TRT-SP que julgasse a paralisação e concedesse liminar para garantir que 70% dos serviços prestados à população fossem mantidos pelos bancos e pelos funcionários. O TRT-SP ainda não decidiu sobre a concessão da liminar nem sobre o julgamento. Se a liminar for concedida e os grevistas não a acatarem, os sindicalistas podem pagar multa de R$ 200 mil por dia.
Para a Fenaban, a greve envolve categorias nacionais -caso dos funcionários do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal- e, portanto, deve ser avaliada pelo TST -instância máxima da Justiça trabalhista. Mas, segundo a Folha apurou, a entidade quer mostrar que a paralisação está concentrada no setor público e que aposta em uma decisão "mais conservadora" dos juízes do TST.
Até o fechamento desta edição, o TST não havia recebido documento da Justiça de São Paulo para pedir o julgamento da greve dos bancários. Para que isso ocorra, o TRT-SP precisa decidir que o julgamento vá para Brasília, e o TST tem de aceitar o pedido, segundo informou a assessoria de imprensa do TST.
"O que os bancos querem não é democrático. Essa ação da Fenaban é um equívoco, é um retrocesso. Os bancos querem acabar com a greve sem negociar", afirma Vagner Freitas, presidente da CNB (Confederação Nacional dos Bancários) da CUT. "Os bancos deveriam buscar a negociação e evitar a intervenção da Justiça do Trabalho. Respeitamos o TST, mas o conflito trabalhista deveria ser resolvido entre as partes."
A Folha não localizou ontem os representantes dos bancos para comentar o assunto. A Fenaban também pediu ao TRT uma decisão judicial antecipada (tutela antecipada) para que não precisem pagar os salários e os benefícios referentes aos dias parados.
Os bancários pedem reajuste salarial de 25% e participação nos lucros e resultados no valor de salário mais R$ 1.200. A categoria rejeitou a proposta da Fenaban que previa reajuste salarial de 8,5% mais R$ 30 para quem ganha salários até R$ 1.500. Acima dessa faixa, o reajuste era de 8,5%.
O Sindicato dos Bancários de São Paulo informou ontem que 30 mil estão parados na Grande São Paulo e que, ontem, foram paralisados 329 locais de trabalho, apesar da forte ação policial.
Em Brasília, os bancários realizaram passeata ontem para pressionar o governo. Depois de percorreram a Esplanada dos Ministérios, pararam em frente ao Ministério da Fazenda para protestar e exigir reajuste de salário.
De acordo com a Polícia Militar, aproximadamente 1.500 bancários participaram da passeata. Para os sindicalistas, eram cerca de 5.000. A Caixa disse que 6,4% (134) da agências ficaram fechadas, 31,7% (665) ficaram abertas e 61,9% (1.300) abriram parcialmente. O Banco do Brasil informou que houve paralisação em todas as capitais.


Com a Sucursal de Brasília


Texto Anterior: Frase
Próximo Texto: Lá e cá: Dia é marcado por confrontos e prisões na greve
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.