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AVIAÇÃO
Companhia não cumpre determinações técnicas, de acordo com o órgão
DAC tira do ar seis Boeing da Vasp
MAELI PRADO
DA REPORTAGEM LOCAL
O DAC (Departamento de Aviação Civil) suspendeu ontem, por
medida de segurança, as operações de seis Boeing-737/200 da
Vasp, que nesta quarta-feira cancelou vôos pelo terceiro dia consecutivo. A aérea, segundo o órgão, não estava cumprindo as exigências técnicas da Boeing para
esse modelo de aeronave, que começou a ser fabricado em 1961.
Segundo nota divulgada pelo
DAC, "as pendências se referem a
modificações estruturais na fuselagem do equipamento, em razão
do elevado número de ciclos
[pousos] acumulados por essas
aeronaves".
O texto ainda diz que as exigências técnicas da Boeing são as
mesmas para os 290 Boeing-737/
200 existentes no mundo.
A frota da empresa, diferentemente do que a companhia tem
divulgado na mídia, não é completamente própria: seis aeronaves, de acordo com o publicado
no próprio balanço da companhia aérea -de um total de 31
aviões-, são arrendadas.
Segundo o documento, quatro
Boeings-737/300 estão em regime
de leasing, financeiro (com opção
de compra) ou operacional
(quando a aeronave tem que ser
devolvida). Além disso, um
Boeing-737/200 e um Airbus-A300 foram vendidos pela aérea
para outra empresa e alugados
pela própria companhia -uma
operação conhecida como "sale
lease back". O objetivo da medida
é a capitalização a curto prazo.
A aérea tem 19 Boeings-737/200
usados para transportar passageiros. Outros dois são usados para
cargas. O valor de mercado de cada um desses aviões - a última
entrega desse modelo feita para
uma companhia aérea foi em
1968- é considerado baixo: varia
de US$ 500 mil a US$ 700 mil, um
décimo, em média, do preço de
uma aeronave nova.
Além dos 737/200, a Vasp possui dois Airbus-A300. Das três aeronaves desse modelo -uma das
quais é arrendada-, duas estão
paradas por falta de peças, segundo fontes do mercado.
Procurada pela Folha, a Vasp
afirmou, por meio de sua assessoria de imprensa, que considera as
aeronaves próprias pois o leasing
financeiro de três aeronaves está
praticamente pago.
Crise
A aérea passa por crise financeira: seu prejuízo no primeiro semestre do ano foi de R$ 25,8 milhões, 198% a mais que mesmo
período do ano passado.
A participação de mercado da
empresa caiu de 11,46% em janeiro para 9,93% em agosto deste
ano, segundo o DAC.
Na nota divulgada ontem, o
DAC diz que, em uma reunião
ocorrida anteontem entre representantes do órgão e da empresa,
a empresa informou que deve estabelecer uma "dinâmica própria" no cumprimento das exigências da Boeing.
No texto, o órgão, responsável
pela regulamentação do transporte aéreo no Brasil, afirma que "vale lembrar que o DAC está atento
ao cumprimento da portaria
676/CG-5, de 13 de novembro de
2000, no que diz respeito às responsabilidades da empresa para
com os seus passageiros".
Para evitar mais transtornos, os
passageiros que têm vôos pela
companhia aérea marcados para
hoje devem ligar para o aeroporto
de Congonhas (0/xx/11/5090-9000) ou Guarulhos (0/xx/11/
6445-2945) para confirmá-los.
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