São Paulo, sexta-feira, 24 de setembro de 2004

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AVIAÇÃO

Companhia não cumpre determinações técnicas, de acordo com o órgão

DAC tira do ar seis Boeing da Vasp

MAELI PRADO
DA REPORTAGEM LOCAL

O DAC (Departamento de Aviação Civil) suspendeu ontem, por medida de segurança, as operações de seis Boeing-737/200 da Vasp, que nesta quarta-feira cancelou vôos pelo terceiro dia consecutivo. A aérea, segundo o órgão, não estava cumprindo as exigências técnicas da Boeing para esse modelo de aeronave, que começou a ser fabricado em 1961.
Segundo nota divulgada pelo DAC, "as pendências se referem a modificações estruturais na fuselagem do equipamento, em razão do elevado número de ciclos [pousos] acumulados por essas aeronaves".
O texto ainda diz que as exigências técnicas da Boeing são as mesmas para os 290 Boeing-737/ 200 existentes no mundo.
A frota da empresa, diferentemente do que a companhia tem divulgado na mídia, não é completamente própria: seis aeronaves, de acordo com o publicado no próprio balanço da companhia aérea -de um total de 31 aviões-, são arrendadas.
Segundo o documento, quatro Boeings-737/300 estão em regime de leasing, financeiro (com opção de compra) ou operacional (quando a aeronave tem que ser devolvida). Além disso, um Boeing-737/200 e um Airbus-A300 foram vendidos pela aérea para outra empresa e alugados pela própria companhia -uma operação conhecida como "sale lease back". O objetivo da medida é a capitalização a curto prazo.
A aérea tem 19 Boeings-737/200 usados para transportar passageiros. Outros dois são usados para cargas. O valor de mercado de cada um desses aviões - a última entrega desse modelo feita para uma companhia aérea foi em 1968- é considerado baixo: varia de US$ 500 mil a US$ 700 mil, um décimo, em média, do preço de uma aeronave nova.
Além dos 737/200, a Vasp possui dois Airbus-A300. Das três aeronaves desse modelo -uma das quais é arrendada-, duas estão paradas por falta de peças, segundo fontes do mercado.
Procurada pela Folha, a Vasp afirmou, por meio de sua assessoria de imprensa, que considera as aeronaves próprias pois o leasing financeiro de três aeronaves está praticamente pago.

Crise
A aérea passa por crise financeira: seu prejuízo no primeiro semestre do ano foi de R$ 25,8 milhões, 198% a mais que mesmo período do ano passado.
A participação de mercado da empresa caiu de 11,46% em janeiro para 9,93% em agosto deste ano, segundo o DAC.
Na nota divulgada ontem, o DAC diz que, em uma reunião ocorrida anteontem entre representantes do órgão e da empresa, a empresa informou que deve estabelecer uma "dinâmica própria" no cumprimento das exigências da Boeing.
No texto, o órgão, responsável pela regulamentação do transporte aéreo no Brasil, afirma que "vale lembrar que o DAC está atento ao cumprimento da portaria 676/CG-5, de 13 de novembro de 2000, no que diz respeito às responsabilidades da empresa para com os seus passageiros".
Para evitar mais transtornos, os passageiros que têm vôos pela companhia aérea marcados para hoje devem ligar para o aeroporto de Congonhas (0/xx/11/5090-9000) ou Guarulhos (0/xx/11/ 6445-2945) para confirmá-los.


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