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Brasil terá site de download de filmes, afirmam estúdios
Para vice de entidade que representa setor em Hollywood, país tem público para serviço
Representante dos maiores estúdios dos EUA diz que a pirataria pode crescer com a TV digital se não houver codificação do conteúdo
PAULA LEITE
DA REDAÇÃO
O Brasil tem público suficiente para um site legal de
download de filmes e deve contar com um serviço em pouco
tempo, diz Steve Solot, vice-presidente da MPA (Motion
Picture Association, que representa os seis maiores estúdios
dos EUA) para América Latina.
Solot diz que a TV digital brasileira terá que ter codificação,
senão será fácil piratear programas direto da "caixinha", ou
"set-top box". Leia entrevista.
FOLHA - Qual é a expectativa dos
estúdios com a entrada de grandes
"players" como Apple e Amazon na
venda de downloads de filmes?
STEVE SOLOT - É muito bom, é
um passo importante para
atender a uma demanda dos
consumidores. Esse oferecimento do iTunes, da Amazon e
de outros é uma tendência que
ainda está no início, mas que
está desorganizada.
Está desorganizada por fora,
nos sites, e está desorganizada
também pelos provedores de
conteúdo. Por exemplo, um
problema que é óbvio é que os
estúdios não estão completamente juntos e coordenados
para oferecer todo o conteúdo
em determinado site.
FOLHA - Por quê? É medo da pirataria ou estratégia de marketing?
SOLOT - Era inicialmente o medo da pirataria e o medo da canibalização de outros mercados. Até este ano, o faturamento do setor de DVD nos Estados
Unidos era muito, muito forte.
E começou a nivelar. Então
muitos executivos, não só de
estúdios grandes mas de toda a
cadeia de comercialização de
vídeo, começaram a se preocupar. Aí começaram a olhar para
novos formatos de DVD. Mas,
até agora, esses novos formatos
não foram tão bem recebidos
pelo público. Então isso fez
com que os estúdios e os outros
players começassem a olhar para o "video on demand".
Isso iniciou só com o download para computador, não
podia "queimar" o filme, fazer
um DVD e levar para a sua sala
e assistir a isso no seu aparelho
de televisão ou home theater.
Agora se está começando, de
forma incipiente, a permitir a
transição do computador para
a sala de estar.
FOLHA - Na América Latina e no
Brasil, praticamente ainda não existe "video on demand", não é?
SOLOT - Não, ainda não. Na verdade, fora dos Estados Unidos
quase não tem. Mas isso não vai
demorar, porque, já que se usa a
plataforma de internet, não
tem como você prender. Na
verdade, o que nós não sabemos é como isso vai ser trabalhado. Pode ter que estabelecer
uma versão do Movielink [site
de venda de filmes dos EUA]
brasileira.
FOLHA - Então o sr. acha que o que
falta é a organização do setor? Ou
existem outros problemas, como
não haver público suficiente?
SOLOT - Não, não, o Brasil tem
público suficiente, sem dúvida.
O número de usuários de internet no Brasil é suficiente para
justificar isso, e em vários outros países da América Latina.
O problema é a organização, e
também o modelo de negócios.
Porque esse modelo de negócios é baseado em DRM [Digital
Rights Management, mecanismos de proteção dos arquivos]
e um preço adequado. E o preço
depende de muitos fatores da
população, da renda per capita,
de fatores locais.
FOLHA - O sr. falou no DRM. Que
avanços já houve nessa área e o que
falta para melhorar o mecanismo?
SOLOT - Bom, o DRM é um dos
dois componentes do modelo
de negócios. A Microsoft oferece, por exemplo, uma tecnologia de DRM que permite controlar e dar instruções de quantas vezes pode tocar, se pode
queimar. O problema é que outro componente é o preço. O
DRM é inútil se o preço do produto não permite ao consumidor comprar.
O que ninguém está falando e
que é importante é a possibilidade de piratear conteúdo da
TV digital. Esse conteúdo, na
TV digital, tem que ser codificado, porque existe o risco de alguém que recebe um sinal digital, por meio de uma saída digital do "set-top box" [caixa decodificadora] ou da televisão... É
fácil conectar isso no computador, pôr na internet e, aí,
"tchau". Aí não tem mais proteção, tanto para um filme quanto para uma novela. Então a Globo está começando a ficar
preocupada com isso, e todos
os canais também.
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