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LUÍS NASSIF
Estratégias para
Alca e OMC
Na atual discussão sobre a
Alca (Área de Livre Comércio das Américas), uma das
melhores visões foi apresentada
pelo professor Marcos Sawaya
Jank -da Esalq (Escola Superior de Agricultura Luiz de
Queiroz) e do Banco Mundial-
, no seminário promovido pelo
"Fórum das Américas".
Jank vê duas negociações paralelas em andamento: a nova
rodada comercial da OMC (Organização Mundial do Comércio) e as rodadas regionais, com
a Alca e com a União Européia.
Em sua opinião, há que ter
uma divisão dos temas a ser tratados. Negociações regionais visariam abrir mercados e reduzir
barreiras tarifárias e não-tarifárias de acesso de produtos. Mas
não permitirão atacar questões
essenciais, como os subsídios
agrícolas. Hoje em dia, o maior
fator de depressão dos preços
das commodities são os subsídios dados pelos EUA e Europa
a seus agricultores, que induzem a uma superprodução que
deprime os preços internacionais. E não se resolve isso no
âmbito de negociações regionais.
Há quatro temas a ser tratados em rodadas multilaterais,
como a da OMC: subsídios agrícolas, medidas antidumping,
questões ambientais e regras
trabalhistas.
Em sua opinião, os atentados
de 11 de setembro trouxeram
novo alento à próxima rodada
da OMC. Em 1999 houve um rotundo fracasso na rodada de
Seattle. Um novo fracasso agora
produziria uma corrida rumo a
acordos regionais que implodiriam qualquer tentativa de integração mundial.
A estratégia brasileira -na
sua opinião- deveria ser apostar todas as fichas na próxima
rodada da OMC, ao mesmo
tempo em que caminhem as negociações com a Alca e a União
Européia em relação à abertura
do mercado.
Mesmo sem a OMC é possível
obter avanços efetivos nas negociações regionais. Nos últimos
dez anos, o Canadá aumentou
de US$ 3 bilhões para US$ 8 bilhões a venda de agroprodutos
para os EUA, enquanto o México passou de US$ 2,5 bilhões para US$ 5 bilhões. Nesse período,
as exportações agrícolas brasileiras para os EUA caíram de
US$ 1,4 bilhão para US$ 1,1 bilhão.
O problema é que o Brasil exporta basicamente seis commodities, todas bastante visadas
pelo protecionismo americano.
Daí a importância de diversificar a pauta.
O cenário ideal para os próximos anos -diz Jank- seria
uma rodada da OMC bem-sucedida nos próximos 12 meses,
permitindo tratar dos temas sistêmicos, jogando para as negociações regionais só a questão
do acesso aos mercados. Se não
se avançar nessa frente, uma segunda alternativa é aprofundar
as negociações regionais, negociando alianças e produtos, setor a setor. Um plano C, importante, seria construir alianças
com outras regiões, como Índia,
China e Rússia.
O problema maior do país
-segundo Jank- é a falta de
uma equipe que consiga pensar
o médio e o longo prazo. O setor
privado só sabe pensar o curto
prazo, diz ele. E o Itamaraty não
tem condição de conduzir sozinho três negociações.
Encontros
Nos anos 60, na condição de
presidente do Centro Acadêmico da Faculdade de Direito da
PUC-SP, o então estudante Mário Garnero se notabilizou por
organizar seminários para discutir problemas nacionais, especialmente de integração. Foi em
seminário de 1961, com a presença de todos os governadores
nordestinos, que saíram as
idéias básicas que levaram à
constituição da Sudene. Em
1974, organizou o Seminário de
Salzburgo, que deu enorme visibilidade à economia brasileira
para investidores internacionais. Com o "Fórum das Américas" o tema da integração passa
a ser o continente.
O que se comprova é que, mesmo com toda virtualidade da
nova economia, não há nada
que substitua a mais velha e eficiente forma de relacionamento: o contato pessoal entre as
partes.
Internet: www.dinheirovivo.com.br
E-mail - lnassif@uol.com.br
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