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SIDERURGIA
Coréia do Sul, Brasil e Argentina também seriam afetados com decisão americana de restringir importações
UE pode ir à OMC contra proteção ao aço
DA REDAÇÃO
A decisão dos EUA de ampliar o
protecionismo à indústria do aço
local provocou a ira de países exportadores do produto. A União
Européia (UE) e a Coréia do Sul
anunciaram que irão recorrer à
OMC (Organização Mundial do
Comércio) caso o governo norte-americano aumente as restrições
aos produtos estrangeiros.
Na segunda-feira, a Comissão
de Comércio Internacional dos
Estados Unidos (ITC, na sigla em
inglês) decidiu que a indústria do
país sofre concorrência desleal
em 12 de 33 produtos analisados.
O governo ainda não decidiu qual
será a retaliação, mas podem ser
adotadas medidas como a imposição de cotas de importação e tarifas mais elevadas.
No entanto os Estados Unidos
disseram que só lançarão mão de
medidas protecionistas se o setor
se comprometer a executar um
plano de reestruturação. "Na minha opinião pessoal, não levarei
isso [a proteção" adiante sem que
eles se reestruturem", disse Robert Zoellick, representante comercial dos Estados Unidos.
A siderurgia norte-americana
afirma que perdeu competitividade com a supervalorização do dólar em relação a outras moedas
(especialmente asiáticas) e que os
países produtores subsidiam a exportação do aço.
Mas alguns analistas discordam. Para eles, a indústria norte-americana é ineficiente e por isso
perdeu competitividade.
Além dos europeus e da Coréia
do Sul, uma eventual restrição
norte-americana afetaria Brasil,
Japão, Turquia, Argentina e China, entre outros.
"Discordamos da conclusão da
ITC", afirmou ontem Pascal
Lamy, comissário de Comércio da
Comissão Européia. "Se os Estados Unidos decidirem fechar o
seu mercado, não há dúvidas de
que levaremos a questão à OMC."
Os EUA importam US$ 17 bilhões em aço por ano. Um quarto
disso sai da UE. No ano passado, o
Brasil exportou US$ 825 milhões.
Decepção
"A decisão dos EUA nos decepcionou bastante. Esperamos um
impacto negativo no livre comércio", disse o ministro do Comércio da Coréia do Sul, Chang Che-shik.
O Canadá também reagiu de
maneira negativa à ameaça norte-americana. Pierre Pettigrew, ministro do Comércio do país, afirmou que espera que os Estados
Unidos excluam produtos canadenses de uma eventual retaliação
comercial.
"Sempre argumentei, e mantenho isso, que nossas exportações
de aço não deveriam fazer parte
da investigação, porque somos
membros do Nafta (Acordo de Livre Comércio da América do Norte, na sigla em inglês)", afirmou
Pettigrew.
Lobby "geriátrico"
O Brasil comunicou ontem aos
EUA que as novas restrições comerciais a derivados de aço
"constrangem o governo brasileiro", "prejudicam a formação da
Alca" e resultam de um lobby "geriátrico" da indústria dos EUA.
Esse é o resumo da resposta formal entregue ontem pelo secretário-executivo de Comércio, Roberto Gianetti, ao subsecretário
de Comércio Internacional dos
EUA, Grant Aldonas.
"Disse a ele que, se os EUA se interessam de verdade pela Alca
(Área de Livre Comércio das
Américas), não deveriam colocar
o governo brasileiro numa situação de constrangimento", afirmou Gianetti.
Colaborou MARCIO AITH, de Washington
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