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São Paulo, sexta-feira, 24 de outubro de 2003

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Grandes do G20 seguem unidos, diz sul-africano

GUY DE JONQUIERES
DAVID WHITE

DO "FINANCIAL TIMES"

África do Sul, Brasil, China e Índia estão negociando possíveis acordos comerciais entre eles, o que coloca em destaque a crescente importância desses países no comércio internacional, disse Alec Erwin, ministro da Indústria e Comércio da África do Sul.
Erwin disse ontem ao "Financial Times" que os quatro países, que lideram o G20 dos países em desenvolvimento, vão se manter unidos nas negociações sobre a agricultura na OMC (Organização Mundial do Comércio). O ministro espera a adesão de outros países pobres.
Erwin reconheceu que a proliferação de acordos regionais e bilaterais poderia fragmentar os mercados mundiais e aumentar os custos do comércio. Mas disse que espera que a perspectiva de tratados comerciais entre os quatro grandes países em desenvolvimento leve os EUA e a União Européia a um novo esforço para promover a retomada da Rodada Doha de negociações comerciais, que está estagnada.
O ministro disse que "o peso dessas economias no sistema mundial de comércio é grande demais para ser ignorado. Quando a Europa, os EUA e Tóquio se sentarem para comparar o que é melhor, a OMC ou o que vem acontecendo recentemente, eles terão de dizer que é a OMC".
Ainda que as negociações planejadas devam ser difíceis, "as suas empresas [dos países ricos] não vão ficar sentadas assistindo ao surgimento de um acordo de livre comércio entre o Brasil, a Índia, a África do Sul e a China".
Ele disse que a Índia discute um acordo de comércio com a China, com a União Alfandegária Sul-Africana (SACU) e com o Mercosul. A África do Sul está conversando com a China e o Mercosul sobre possíveis acordos com a SACU.
Erwin disse que, embora diversos países menores tenham deixado o G20 recentemente, os quatro maiores membros formam o "núcleo". Ele espera que outras nações, como Indonésia, Filipinas, Egito e Nigéria, ingressem no bloco.
Washington vem usando pressão diplomática pesada para persuadir alguns países latino-americanos menores a deixar o G20, advertindo-os de que continuar no grupo ameaçaria os elos com os EUA e suas esperanças de acordos comerciais com os norte-americanos.
Erwin disse que os EUA não exerceram pressão semelhante sobre a África do Sul, com a qual estão discutindo um acordo. "Existe um limite para a pressão que os EUA podem exercer. Se decidirem cancelar acordos ou cancelar sua assistência a cada cinco minutos em função das posições de negociação de um país, a coisa toda vira uma futilidade", afirmou.
Ele negou que as divergências entre os principais membros do G20 resultariam em uma cisão entre eles, declarando que a única diferença entre as posições desses países era quanto à velocidade de abertura de seus mercados agrícolas.


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