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Gasto para custeio da dívida mais que duplica em 11 anos
Do Orçamento de 1995, 18,75% foram para custear a dívida; em 2005, 42,45%
Dados são de estudo do Unafisco SP, segundo o qual país gastou R$ 1,2 tri para arcar com a dívida, que hoje passa de R$ 1 tri
MARCOS CÉZARI
DA REPORTAGEM LOCAL
Os gastos com os encargos da
dívida pública mais que dobraram nos últimos 11 anos. Em
porcentagem do Orçamento federal, os gastos saltaram de
18,75% em 1995, no primeiro
ano de FHC, para 42,45% em
2005, no terceiro ano da gestão
Lula (mais 126%). O recorde foi
em 2003, no primeiro ano do
governo Lula, com 46,82% do
Orçamento (mais 150%).
Os dados fazem parte do estudo inédito "Execução Orçamentária do Brasil: de FHC a
Lula", divulgado ontem pelo
Sindicato dos Auditores-Fiscais da Receita Federal em São
Paulo (Unafisco São Paulo).
Elaborado pelos auditores-fiscais Silvana Mendes Campos
e Marcelo Cota Guimarães, o
estudo sugere que, para reduzir
os encargos da dívida pública, o
Brasil precisa baixar a taxa de
juros e fazer uma auditoria responsável na dívida -a última
foi em 1931, quando 40% da dívida foi considerada irregular,
diz o estudo do Unafisco.
Somente depois de adotadas
essas providências, diz o estudo, é que a carga tributária poderá ser reduzida efetivamente, estimulando a economia e
permitindo que fatia maior do
Orçamento seja destinada a
gastos sociais e estruturais.
O estudo mostra que, a partir
de 1997 -terceiro ano da primeira gestão FHC-, "ocorreu
uma clara inversão de prioridade entre gastos financeiros [juros] e de infra-estrutura/social,
que se mantém até hoje".
No quadro ao lado, o leitor
pode verificar o que de fato
ocorreu com os gastos governamentais a partir de 1995. Para
isso, o Unafisco dividiu os gastos em três grupos: encargos da
dívida, Previdência e "outros".
No primeiro ano de FHC, o
governo destinava 18,75% dos
recursos públicos para pagar os
encargos financeiros das dívidas interna e externa, transferências a Estados e municípios
e outras despesas financeiras.
O governo destinava 34,05%
dos recursos para os gastos com
Previdência e assistência social. A maior parcela (47,20%)
era destinada a "outros gastos",
como saúde, saneamento, educação, transportes, cultura etc.
Em 1997, começa uma inversão nesses gastos: enquanto os
encargos da dívida dobram (para 36,65%), os recursos para
Previdência e assistência social
e para "outros gastos" caem para, respectivamente, 27,34% e
36,01% do Orçamento.
Essa situação mantém-se estável até 2000, mas amplia-se a
partir de 2001. Apenas nos últimos dois anos o governo reduziu os gastos com encargos da
dívida e elevou os demais. Os
percentuais atuais são praticamente os mesmos de 2000.
Pouca margem de corte
Nos últimos seis anos -de
1999 a 2005-, segundo o Unafisco, o país pagou R$ 1,2 trilhão
para custear a dívida pública (o
gasto equivale a 44% do Orçamento). Apesar desse gasto, o
país continua devendo mais de
R$ 1 trilhão, conclui o estudo.
Segundo especialistas em
contas públicas, o espaço para
cortar despesas não-financeiras do governo hoje equivale a
apenas 11% de tudo o que é gasto para tocar a máquina. Os outros 89% são protegidos por leis
ou pela Constituição Federal.
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