São Paulo, terça-feira, 24 de outubro de 2006

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Ford perde US$ 5,8 bi e tem pior trimestre em 14 anos

Resultado é 20 vezes pior do que o registrado no mesmo período do ano passado

Perdas foram provocadas pela queda nas vendas e pelos gastos com seu plano de reestruturação na sua divisão da América do Norte

DA REDAÇÃO

A Ford anunciou ontem que teve um prejuízo de US$ 5,8 bilhões entre julho e setembro -o pior trimestre da empresa em 14 anos. Segundo a montadora, as perdas foram provocadas pela queda nas vendas e pelos gastos com seu plano de reestruturação na sua divisão da América do Norte.
O resultado do último trimestre é 20 vezes pior que o registrado no mesmo período do ano passado, US$ 284 milhões, e a empresa afirmou que os números de outubro a dezembro serão ainda piores. Caso a previsão se confirme, a Ford, que acumula perdas de US$ 7,2 bilhões nos nove primeiros meses, terá números ainda piores que os da General Motors no ano passado, US$ 10,6 bilhões de prejuízo.
Para o novo chefe-executivo da companhia, Alan Mulally, que assumiu o cargo no início deste mês, os resultados do terceiro trimestre foram "claramente inaceitáveis".
"Os focos de nossas prioridades são reestruturar de modo agressivo para operar com lucro em volumes menores e acelerar o desenvolvimento de um veículo novo e mais eficiente que atenda a preferência do consumidor", afirmou o executivo, que trabalhava na Boeing antes de assumir o posto de Bill Ford, atual presidente do conselho e bisneto do fundador da empresa. Mulally disse ontem não estar interessado em uma aliança com Renault e Nissan, como chegou a ser cogitado.
A maior parte do prejuízo da montadora, US$ 4,6 bilhões, está relacionado ao seu plano de reestruturação na América do Norte e a problemas em sua divisão de luxo. As suas medidas de diminuição de despesas, lançadas em janeiro, prevêem a demissão de 44 mil trabalhadores e o fechamento de 16 fábricas até 2012. De acordo com o plano, a companhia terá diminuído seus custos em US$ 5 bilhões até o fim de 2008, quando espera ter finalizado os cortes de funcionários, e sair do vermelho a partir de 2009.
As vendas globais da Ford foram de US$ 32,6 bilhões no terceiro trimestre, US$ 2,1 bilhões a menos que em igual período de 2005. O número de veículos vendidos também caiu, de 1,531 milhão para 1,511 milhão. Na divisão da América do Norte, as vendas caíram para US$ 15,4 bilhões -foram de US$ 18,2 bilhões um ano antes. A empresa também teve resultados ruins na Europa, na Ásia e na África.
A América do Sul está na contramão do resultado da montadora no mundo: na região, a Ford registrou resultado positivo pelo 11º trimestre consecutivo. O lucro do terceiro trimestre deste ano foi de US$ 222 milhões, ante um resultado, no mesmo período do ano passado, de US$ 96 milhões.
A montadora não informa o resultado apenas para o Brasil. Na semana passada, durante o Salão de São Paulo, o presidente da Ford, Barry Engle, afirmou que o país responde por um percentual importante do lucro da região. Na região, além do Brasil, a Ford está na Argentina, na Bolívia, no Chile, na Colômbia e na Venezuela.
A empresa informou ainda que irá refazer os cálculos de seus resultados referentes ao período de 2001 até o segundo trimestre deste ano, devido a erros contábeis.


Com agências internacionais

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