São Paulo, terça-feira, 24 de outubro de 2006

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Skilling, da Enron, é condenado à prisão

Ex-presidente da empresa envolvida em fraude recebe sentença de 24 anos; fundador morreu em julho

DA REDAÇÃO

O ex-presidente da Enron Jeffrey Skilling foi condenado ontem a 24 anos e quatro meses de prisão por seu papel no escândalo financeiro envolvendo a empresa que comandava.
Skilling, 52, recebeu a maior sentença entre as já distribuídas aos acusados de participação na fraude na empresa de energia. O juiz Sim Lake ordenou que Skilling fique em prisão domiciliar, usando uma tornozeleira eletrônica, até que o Departamento de Prisões defina onde ele cumprirá a pena.
O ex-presidente da Enron se disse inocente no julgamento. "Sou inocente de cada uma dessas acusações", disse ele ao juiz. Mas Skilling disse que sente remorso pelo que aconteceu. "Foi muito difícil para mim, mas, mais importante, foi incrivelmente difícil para a minha família, para os funcionários da Enron, para meus amigos e para a comunidade."
Manipulações contábeis e contratos de má qualidade levaram a prejuízos de US$ 60 bilhões para os acionistas da Enron quando as fraudes foram descobertas. Além disso, milhares de funcionários perderam seus empregos e cerca de US$ 2 bilhões com que haviam contribuído para o plano de pensão da companhia.
Skilling ficou conhecido por sua arrogância, agressividade e aparente falta de remorso após o colapso da Enron, o que o tornou o principal objeto do ódio público após o escândalo.
Ele foi condenado em maio em 19 acusações de fraude, conspiração, uso de informação privilegiada e por mentir a auditores. Skilling foi absolvido de outras nove acusações.

Vítimas
Pessoas prejudicadas pela Enron presentes ao julgamento pediram ao juiz que condenasse Skilling à prisão perpétua.
Dawn Martin, funcionária da Enron, disse que "Skilling provou ser um mentiroso, ladrão e bêbado, agindo como se estivesse acima da lei".
Algumas vítimas, porém, defenderam Skilling. "Não posso dizer com maior certeza que, durante 20 anos, não vi ou ouvi nada mostrando que ele liderava uma grande conspiração para enganar acionistas e funcionários da Enron", disse Sherri Sera, ex-funcionária.
O fundador da Enron, Kenneth Lay, foi condenado em dez acusações de fraude, conspiração e por mentir a bancos. Ele morreu de doença cardíaca em 5 de julho e não chegou a cumprir pena na prisão.
Recentemente, Bernard Ebbers, ex-presidente da WorldCom, empresa de telecomunicações que entrou em colapso após a descoberta de fraudes contábeis de US$ 11 bilhões, foi condenado a 25 anos de prisão.


Com agências internacionais


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