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Só Brasil pode ter álcool sem subsídios, afirma OCDE
Órgão vê queda de ajuda governamental de países ricos à agricultura em 2006
OCDE, no entanto, atribui
recuo à alta dos preços
agrícolas, e não a uma
mudança na política das
nações desenvolvidas
MARCELO NINIO
DE GENEBRA
O Brasil é o único país do
mundo com capacidade para
produzir biocombustíveis sem
depender de subsídios governamentais. A avaliação é do diretor de Comércio e Agricultura da OCDE (Organização para
a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico), Stefan
Tangermann, que apresentou
ontem em Genebra estudo sobre as políticas agrícolas do clube dos países ricos.
Uma das conclusões do relatório, que indica queda pouco
significativa nos subsídios agrícolas concedidos pelos membros da OCDE, é que as políticas de biocombustíveis adotadas pelas principais economias
do planeta são um dos fatores
que atualmente causam distorções no comércio mundial.
"Os biocombustíveis não poderiam ser produzidos em país
nenhum do mundo, com exceção do Brasil, se não fossem os
subsídios do governo", disse
Tangermann. "O álcool brasileiro é o único caso em que a
produção é viável sem a ajuda
governamental."
Tangermann acrescentou
que a OCDE está preparando
um novo estudo sobre o impacto dos biocombustíveis no preço das commodities e no protecionismo adotado pelos países que os produzem, que deve ser
divulgado em maio de 2008. O
último estudo da OCDE sobre o
tema, lançado em fevereiro,
mostrou que o Brasil era o único país com capacidade econômica para produzir álcool de
forma competitiva, caso o preço do barril de petróleo se mantivesse abaixo de US$ 145.
Mas, mesmo com os atuais
preços do petróleo já acima de
US$ 80 o barril, afirma a OCDE,
os principais produtores de
biocombustíveis entre os países industrializados, EUA, Canadá e UE, continuam dependendo de subsídios para que o combustível mantenha-se
"economicamente viável".
O relatório da OCDE divulgado ontem indica que os subsídios agrícolas nos países do
grupo corresponderam, em
média, em 2006, a 27% do total
da receita dos produtores, ou
US$ 268 milhões, leve queda
em relação aos 29% registrados
no ano anterior.
A organização ressalvou, entretanto, que essa queda não foi
resultado de mudança nas políticas econômicas dos países ricos, que continuam num nível
de protecionismo indesejável e
distorcivo, mas da alta nos preços das commodities agrícolas.
Os subsídios agrícolas estão
no centro das divergências que
impedem um desfecho para a
Rodada Doha de liberalização
comercial. Países em desenvolvimento como o Brasil exigem
que os ricos reduzam a ajuda
aos produtores agrícolas. Os
países ricos, por sua vez, pedem
a redução das tarifas industriais dos países mais pobres.
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