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Varig dá espaço menor em vôo ao exterior
Distância entre poltronas no vôo para Roma é de apenas 76 cm, a mesma dos aviões da Gol em alguns vôos domésticos
Pressa para retomar rotas ao exterior no prazo dado pela Justiça faz Varig usar temporariamente aviões sem configuração ideal
MAELI PRADO
DA REPORTAGEM LOCAL
São 76 centímetros de distância entre as poltronas na
classe econômica, o mesmo espaço dos aviões da Gol em alguns vôos domésticos. A diferença é que se trata das 15 horas
do vôo internacional da Varig
com destino a Roma, com escala em Paris, que a empresa voltou a operar no mês passado.
Ver um filme para esquecer
do desconforto não é uma opção: os equipamentos de áudio
e vídeo dos Boeing-767/300
usados na rota não funcionam.
A situação reflete a pressa da
companhia aérea, que até os
anos 90 foi considerada referência de serviço em vôos internacionais, em retomar rotas
para outros países no prazo dado pela Justiça, ou seja, novembro deste ano, sob pena de perdê-las para a concorrência.
Essa volta se dá em um momento em que a Gol, dona da
Varig desde março deste ano,
enfrenta dificuldade para obter
aviões no aquecido mercado internacional e deixá-los em condições ideais de operação
-dois Boeing-767/300 usados
em vôos internacionais têm pelo menos 15 anos de uso.
A companhia afirma que a
atual configuração é temporária e que até o final do ano os
aviões serão adequados para o
padrão da Varig de distância
entre assentos, que irá variar de
81 a 86 centímetros.
A distância corresponde ao
espaço entre determinado ponto de uma poltrona e um ponto
idêntico na poltrona da frente.
Para ter uma idéia do aperto
atual na classe econômica da
Varig nos vôos para a Itália, no
ano passado, a TAM gerou polêmica ao reduzir a distância
entre poltronas em seus modelos A319 e A320, usados em
vôos domésticos, mais curtos,
em 3,7 centímetros, para 77,5
centímetros. Atualmente a empresa diz que a distância entre
os assentos é ainda menor, entre 73,6 e 76 centímetros.
Em vôos internacionais, o espaço disponibilizado pela TAM
e pela Lufthansa na classe econômica, por exemplo, é de 81
centímetros, o que, de acordo
com consultores do setor, é o
padrão em rotas ao exterior. No
caso da Gol, a distância para
vôos nacionais e internacionais
varia entre 76 e 81 centímetros.
A Varig afirma que a situação
é temporária, que a prioridade
atual é cumprir os prazos estabelecidos pela Justiça e que até
o final do ano os aviões devem
ser adequados aos padrões que
a companhia considera ideais
(entre 81 e 86 centímetros).
"Temos um espaço estabelecido e vamos aplicar nas aeronaves, esse trabalho não pode
ser feito agora", diz Lincoln
Amano, diretor comercial da
Varig. No caso dos vôos da companhia para a Alemanha, segundo ele, a distância entre poltronas já é de 81 centímetros.
A Anac (Agência Nacional de
Aviação Civil) não tem normas
para distância entre poltronas,
para vôos domésticos ou internacionais. O ministro Nelson
Jobim (Defesa) defendeu mudanças no espaço interno das
aeronaves para dar mais conforto aos passageiros. A agência
abriu recentemente consulta
pública para estudar regras para essa distância.
Vai e volta
A pressa da Varig em retomar
rotas ao exterior aparece também nas interrupções realizadas pela companhia em alguns
vôos internacionais já iniciados
para redirecionar os aviões e
conseguir cumprir os prazos
também em outras rotas.
Foi o que aconteceu com a linha Rio de Janeiro/ Frankfurt,
suspensa desde 20 de setembro
último para que o avião pudesse ser utilizado na rota para Roma. Há previsão de interrupção, por cerca de dez dias, na
própria linha de Roma no final
deste mês. Além da grande demanda por aviões no mercado
internacional, a dificuldade de
obter aviões estaria relacionada, de acordo com o que a Folha apurou, à cobrança da Gol
de credores da antiga Varig (a
Gol comprou a companhia sem
dívidas). A nova Varig nega.
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