São Paulo, quarta-feira, 24 de outubro de 2007

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Varig dá espaço menor em vôo ao exterior

Distância entre poltronas no vôo para Roma é de apenas 76 cm, a mesma dos aviões da Gol em alguns vôos domésticos

Pressa para retomar rotas ao exterior no prazo dado pela Justiça faz Varig usar temporariamente aviões sem configuração ideal

MAELI PRADO
DA REPORTAGEM LOCAL

São 76 centímetros de distância entre as poltronas na classe econômica, o mesmo espaço dos aviões da Gol em alguns vôos domésticos. A diferença é que se trata das 15 horas do vôo internacional da Varig com destino a Roma, com escala em Paris, que a empresa voltou a operar no mês passado.
Ver um filme para esquecer do desconforto não é uma opção: os equipamentos de áudio e vídeo dos Boeing-767/300 usados na rota não funcionam.
A situação reflete a pressa da companhia aérea, que até os anos 90 foi considerada referência de serviço em vôos internacionais, em retomar rotas para outros países no prazo dado pela Justiça, ou seja, novembro deste ano, sob pena de perdê-las para a concorrência.
Essa volta se dá em um momento em que a Gol, dona da Varig desde março deste ano, enfrenta dificuldade para obter aviões no aquecido mercado internacional e deixá-los em condições ideais de operação -dois Boeing-767/300 usados em vôos internacionais têm pelo menos 15 anos de uso.
A companhia afirma que a atual configuração é temporária e que até o final do ano os aviões serão adequados para o padrão da Varig de distância entre assentos, que irá variar de 81 a 86 centímetros.
A distância corresponde ao espaço entre determinado ponto de uma poltrona e um ponto idêntico na poltrona da frente.
Para ter uma idéia do aperto atual na classe econômica da Varig nos vôos para a Itália, no ano passado, a TAM gerou polêmica ao reduzir a distância entre poltronas em seus modelos A319 e A320, usados em vôos domésticos, mais curtos, em 3,7 centímetros, para 77,5 centímetros. Atualmente a empresa diz que a distância entre os assentos é ainda menor, entre 73,6 e 76 centímetros.
Em vôos internacionais, o espaço disponibilizado pela TAM e pela Lufthansa na classe econômica, por exemplo, é de 81 centímetros, o que, de acordo com consultores do setor, é o padrão em rotas ao exterior. No caso da Gol, a distância para vôos nacionais e internacionais varia entre 76 e 81 centímetros.
A Varig afirma que a situação é temporária, que a prioridade atual é cumprir os prazos estabelecidos pela Justiça e que até o final do ano os aviões devem ser adequados aos padrões que a companhia considera ideais (entre 81 e 86 centímetros).
"Temos um espaço estabelecido e vamos aplicar nas aeronaves, esse trabalho não pode ser feito agora", diz Lincoln Amano, diretor comercial da Varig. No caso dos vôos da companhia para a Alemanha, segundo ele, a distância entre poltronas já é de 81 centímetros.
A Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) não tem normas para distância entre poltronas, para vôos domésticos ou internacionais. O ministro Nelson Jobim (Defesa) defendeu mudanças no espaço interno das aeronaves para dar mais conforto aos passageiros. A agência abriu recentemente consulta pública para estudar regras para essa distância.

Vai e volta
A pressa da Varig em retomar rotas ao exterior aparece também nas interrupções realizadas pela companhia em alguns vôos internacionais já iniciados para redirecionar os aviões e conseguir cumprir os prazos também em outras rotas.
Foi o que aconteceu com a linha Rio de Janeiro/ Frankfurt, suspensa desde 20 de setembro último para que o avião pudesse ser utilizado na rota para Roma. Há previsão de interrupção, por cerca de dez dias, na própria linha de Roma no final deste mês. Além da grande demanda por aviões no mercado internacional, a dificuldade de obter aviões estaria relacionada, de acordo com o que a Folha apurou, à cobrança da Gol de credores da antiga Varig (a Gol comprou a companhia sem dívidas). A nova Varig nega.


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