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Setor da construção civil vai contestar "MP da estatização"
JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO
O setor da construção civil
apresentará um documento ao
governo contestando a medida
provisória que permite a compra de empresas ou de participações em empresas do setor
pela Caixa Econômica Federal.
Segundo o presidente da
CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção), Paulo
Safady Simão, os mais de 700
empresários reunidos em um
evento no Maranhão estão elaborando a crítica à MP que será
entregue à ministra Dilma
Rousseff (Casa Civil).
"Vamos provar ao governo o
equívoco dessa medida. Ela não
traz benefício para o setor, melhora a vida de meia dúzia de
empresas que estão na Bolsa,
mas nós queremos uma solução de mercado", disse.
Na avaliação de Simão, a MP
aprovada pelo governo passa
uma mensagem de que a situação do setor é mais grave do que
a realidade. Ele faz a ressalva,
no entanto, que as críticas se
referem exclusivamente à possibilidade de estatizar empresas da construção civil.
Para Simão, a medida pode
criar uma grande assimetria no
setor, com um número pequeno de empresas contando com
crédito e recursos fartos enquanto a maioria enfrenta o cenário de crise. "Isso vai significar uma concorrência desleal,
qual vai ser o critério para escolher qual empresa deve ser estatizada?", afirmou.
O presidente da CBIC afirma
que o setor foi pego de surpresa
pela MP. Até então, as propostas em discussão com o governo e com o BNDES incluíam a
criação de uma linha de financiamento específica para o setor com recursos da ordem de
R$ 3 bilhões a R$ 4 bilhões.
Além de combater a falta de liquidez, a idéia era encontrar
soluções para viabilizar capital
de curto prazo, com a aquisição
de empresas em dificuldade.
"Uma das idéias era que bancos como BNDES ou Banco do
Brasil criassem um fundo para
acelerar fusões, aquisições e incorporações de empresas",
afirma João Crestana, presidente do Secovi-SP (sindicato
da habitação).
Segundo Crestana, as empresas apresentarão suas propostas ao governo, que incluem
medidas de proteção ao comprador de imóveis e garantia de
aplicação de recursos da poupança e do FGTS na habitação.
A construção civil é considerada estratégica pelo governo
porque gera muitos empregos e
está diretamente relacionada
ao crescimento econômico.
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