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PREVIDÊNCIA
Vantagem desses fundos, de adiar pagamento do IR, não se confirma se cliente sacar dinheiro em poucos anos
Plano privado só compensa a médio prazo
MARIA CRISTINA FRIAS
DA REPORTAGEM LOCAL
As ofertas de Natal dos fundos
de previdência privada são tentadoras: pagar menos Imposto de
Renda e ainda garantir o futuro.
Quem investe nesses planos pode
adiar o pagamento do IR.
Nem sempre, porém, a vantagem de pagar menos ao fisco hoje
compensa se o cliente for sacar o
dinheiro em poucos anos, depois
de ter desembolsado altas taxas
cobradas nesse mercado.
"Previdência privada vale a pena para todo mundo porque permite diferir -adiar o pagamento
do Imposto de Renda. Só não
compensa para quem tem pouco
para investir e vai cair nos fundos
de taxas altas", diz William Eid Junior, da Fundação Getúlio Vargas
e autor de livros sobre finanças.
Segundo Eid Junior, a média
das taxas no mercado de previdência está em torno de 2,31% ao
ano. Já foi de 5%, 6%, na época da
criação desses fundos, em 1999,
enquanto a dos fundos de renda
fixa era de 1,6% e 1,7%.
Taxas
Duas taxas são cobradas nos
planos de previdência: a de carregamento sobre os aportes e a de
administração para remunerar a
gestão financeira do fundo. Há
planos que não cobram taxa de
carregamento e têm taxas baixas
de administração, mas, por outro
lado, exigem aportes iniciais de
R$ 50 mil ou R$ 100 mil.
"A previdência privada não é
barata no Brasil. Se os custos não
forem verificados, o cliente poderá devolver, via taxas, um bom pedaço da vantagem fiscal", diz a
consultora Márcia Dessen.
Ricardo Leal, do Coppead, da
Universidade Federal do Rio de
Janeiro, concorda que "poupar
sozinho vale a pena para quem é
muito disciplinado e se sente à
vontade com investimentos. Não
é o caso da maioria".
Seguradoras independentes
oferecem taxas menores do que
aquelas ligadas aos conglomerados financeiros.
"Mais agressivas para atrair
clientes, há as que não cobram
carregamento sobre aplicações
[de R$ 100], desde que o dinheiro
não seja retirado antes de cinco
anos", afirma Valter Hime, da
Aon Consulting.
Com a insegurança em relação
às novas regras da Previdência, a
criação de novo plano, o VGBL
(Vida Gerador de Benefícios Livres), há um ano, e o marketing
agressivo das seguradoras, a captação dos fundos de previdência
cresceu mais de 62% no acumulado até setembro em 2003.
A procura por planos de previdência cresce nesta época do ano
porque, além do dinheiro extra
que entra com o 13º salário, o fim
de dezembro é a última chance de
investir e poder diferir uma parte
no IR do ano seguinte.
Escolha
PGBL, VGBL, Fapi. O que diferencia cada plano nessa sopa de
letras é a vantagem que cada um
deles oferece em relação ao Imposto de Renda. E é na declaração
à Receita Federal que o investidor
deve pensar antes de comprá-los.
O PGBL (Plano Gerador de Benefícios Livres) e o Fapi (Fundo
de Aposentadoria Programada
Individual) só servem para quem
faz a declaração completa do IR, é
tributado na fonte ou recebe pró-labore. Eles permitem diferir até
12% da renda bruta anual.
"A pessoa recebe um salário
bruto, sem abatimento, de R$ 10
mil por mês. No ano, são R$ 120
mil [o 13º salário não entra]. Pode
diferir no máximo 12% dos R$ 120
mil na declaração anual, ou seja,
R$ 14,4 mil", diz Rodrigo Bacellar
Wuerkert, superintendente de
previdência do Santander.
Se prestar contas à Receita pela
declaração simplificada, esqueça
do PGBL e do Fapi. Ela pode dar
mais restituição que esses planos
de aposentadoria.
Depois da fase de investimentos
no fundo à sua escolha (renda fixa, cambial etc.), que dura até a
aposentadoria, o cliente troca o
que juntou por um benefício de
renda, também definido por ele
(vitalício, temporário, reversível a
beneficiário).
Não compensa o investimento
de mais do que 12% da sua renda
bruta nesses planos porque não
haverá vantagem fiscal. É preciso
lembrar que contribuições para
fundos de pensão de empresa
também entram nesse percentual.
Quem quiser investir mais de
12% da renda deve usar o VGBL.
Se insistir no PGBL terá pago imposto duas vezes: na fonte e na retirada do dinheiro do fundo.
Campeão de vendas neste ano, o
VGBL não possibilita diferir
(adiar) aquele percentual da renda bruta, mas o investidor só paga
na retirada e apenas sobre os rendimentos. Mais de 42% das captações em previdência privada em
2003 foram para essa modalidade.
O VGBL foi feito para quem não
é assalariado ou é isento, ou faz
declaração de renda pelo modelo
simplificado ou quer aplicar além
daquele limite de 12% da renda.
O Fapi, por sua vez, assemelha-se ao PGBL. "É interessante: tem o
adiamento do imposto e não cobra carregamento", diz Dessen.
Consultores recomendam pesquisar taxas baixas, que fazem
muita diferença ao longo dos
anos, e pedir à seguradora que faça simulações para descobrir o
que é melhor em cada caso.
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