São Paulo, sexta-feira, 24 de novembro de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Americanas.com e Submarino se fundem

Operação criará uma nova empresa, a B2W, mas os nomes dos dois sites serão mantidos; Americanas será a controladora

Negócio depende do aval de acionistas do Submarino; operação será a maior união entre empresas abertas de capital pulverizado


Jorge Araújo - 22.dez.04/Folha Imagem
Funcionários do Submarino embrulham produtos para presente em galpão da empresa, no bairro da Barra Funda, em São Paulo


DA REPORTAGEM LOCAL

A Lojas Americanas, maior rede de varejo on-line, anunciou ontem acordo para fusão com a número dois do mercado, o site Submarino, depois de uma negociação frustrada com a rede Ponto Frio. O negócio entre as partes foi assinado pela manhã e comunicado ao mercado. Com a operação, os grupos se unem para criar uma nova empresa, chamada B2W Companhia Global de Varejo. Os nomes dos dois sites serão mantidos.
A Americanas será a controladora da B2W e indicará cinco membros para o seu Conselho de Administração -o Submarino terá quatro membros independentes.
A concretização do negócio depende de aval dos acionistas do Submarino em Assembléia Geral a ser realizada neste ano, ainda sem data marcada. Os acionistas da Lojas Americanas já o aprovaram. Se for fechada, será a maior fusão entre empresas abertas de capital pulverizado listadas no Novo Mercado da Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo). As ações ordinárias (com direito a voto) do Submarino fecharam ontem em alta de 15,80%.
A empresa resultante terá faturamento bruto de mais de R$ 2,2 bilhões (dados de 2006) -cerca de R$ 850 milhões do Submarino e R$ 1,4 bilhão da Americanas.com, segundo estimativas de analistas para o ano. Haverá concentração de mercado: o comércio on-line deve faturar neste ano entre R$ 5,2 bilhões e R$ 5,5 bilhões apenas com a venda de produtos duráveis, semiduráveis e não-duráveis. A nova empresa vai ser dona de um terço desse total.
Isso porque, dos R$ 2,2 bilhões do faturamento total de ambas, entre R$ 350 milhões e R$ 370 milhões virão do ShopTime, operação de venda por TV -não é venda pela internet. Ao se descontar esse volume -e os ganhos com a Submarino Viagens e Ingresso.com, ambos do Submarino-, a nova empresa terá receita bruta de cerca de R$ 1,8 bilhão -33% do segmento. As dez maiores varejistas virtuais têm 70% de todos os pedidos de compra, diz a E-bit, empresa de marketing on-line, e estimados 80% das vendas.
"A gente quer competir também com o varejo tradicional. Não tem mais essa coisa de só vendermos para quem é comprador on-line. Todo mudo compete com tudo mundo, e nós também", disse Flávio Jansen, presidente do Submarino. "Essa é uma maneira de tentarmos alcançar o Wal-Mart, o Carrefour e o Pão de Açúcar", disse Martin Escobari, chefe do setor de relacionamento com investidores do Submarino.
A transação foi estruturada da seguinte forma: cada ação do Submarino nas mãos dos minoritários será trocada por uma ação da B2W. A Lojas Americanas terá 53,25% da empresa e o Submarino, 46,75%. Para que o negócio aconteça, o Submarino vai distribuir dividendos aos acionistas e reduzir o seu capital no valor de R$ 500 milhões. Isso vai engordar o bolso dos acionistas, que precisam dar aval para a operação. A Lojas Americanas, dona do site, fará uma capitalização de R$ 175 milhões na Americanas.com -isso para que a B2W nasça capitalizada. A Americanas não pode adquirir mais ações para aumentar a sua participação na empresa por quatro anos.
Haverá sinergias entre as empresas -ganho estimado de R$ 800 milhões- e podem ocorrer cortes de pessoal, dizem especialistas. As empresas negam. "É esperado um enxugamento natural das estruturas", diz Pedro Guasti, diretor da E-bit. "Ainda não estamos pensando nisso. Não tem sentido fazer cortes, vamos crescer", diz Roberto Martins de Souza, diretor de relações com investidores da Americanas.
Para os consumidores, não são esperadas grandes mudanças. Acredita-se que a nova operação ganhará escala e isso dará à B2W maior poder de barganha com os fornecedores. Como conseqüência, pode conseguir descontos nos preços -"que podem ou não ser repassados para o consumidor", diz Guasti, da E-bit. "Tudo vai depender de como os concorrentes irão reagir." (AM)


Texto Anterior: Setor público fez 59% das greves do 1º semestre
Próximo Texto: País tem queda em número de internautas
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.