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Americanas.com e Submarino se fundem
Operação criará uma nova empresa, a B2W, mas os nomes dos dois sites serão mantidos; Americanas será a controladora
Negócio depende do aval de acionistas do Submarino; operação será a maior união entre empresas abertas de capital pulverizado
Jorge Araújo - 22.dez.04/Folha Imagem
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Funcionários do Submarino embrulham produtos para presente em galpão da empresa, no bairro da Barra Funda, em São Paulo |
DA REPORTAGEM LOCAL
A Lojas Americanas, maior
rede de varejo on-line, anunciou ontem acordo para fusão
com a número dois do mercado, o site Submarino, depois de
uma negociação frustrada com
a rede Ponto Frio. O negócio
entre as partes foi assinado pela
manhã e comunicado ao mercado. Com a operação, os grupos se unem para criar uma nova empresa, chamada B2W
Companhia Global de Varejo.
Os nomes dos dois sites serão
mantidos.
A Americanas será a controladora da B2W e indicará cinco
membros para o seu Conselho
de Administração -o Submarino terá quatro membros independentes.
A concretização do negócio
depende de aval dos acionistas
do Submarino em Assembléia
Geral a ser realizada neste ano,
ainda sem data marcada. Os
acionistas da Lojas Americanas
já o aprovaram. Se for fechada,
será a maior fusão entre empresas abertas de capital pulverizado listadas no Novo Mercado da Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo). As ações ordinárias (com direito a voto) do
Submarino fecharam ontem
em alta de 15,80%.
A empresa resultante terá faturamento bruto de mais de R$
2,2 bilhões (dados de 2006)
-cerca de R$ 850 milhões do
Submarino e R$ 1,4 bilhão da
Americanas.com, segundo estimativas de analistas para o ano.
Haverá concentração de mercado: o comércio on-line deve
faturar neste ano entre R$ 5,2
bilhões e R$ 5,5 bilhões apenas
com a venda de produtos duráveis, semiduráveis e não-duráveis. A nova empresa vai ser dona de um terço desse total.
Isso porque, dos R$ 2,2 bilhões do faturamento total de
ambas, entre R$ 350 milhões e
R$ 370 milhões virão do ShopTime, operação de venda por
TV -não é venda pela internet.
Ao se descontar esse volume
-e os ganhos com a Submarino
Viagens e Ingresso.com, ambos
do Submarino-, a nova empresa terá receita bruta de cerca de
R$ 1,8 bilhão -33% do segmento. As dez maiores varejistas
virtuais têm 70% de todos os
pedidos de compra, diz a E-bit,
empresa de marketing on-line,
e estimados 80% das vendas.
"A gente quer competir também com o varejo tradicional.
Não tem mais essa coisa de só
vendermos para quem é comprador on-line. Todo mudo
compete com tudo mundo, e
nós também", disse Flávio Jansen, presidente do Submarino.
"Essa é uma maneira de tentarmos alcançar o Wal-Mart, o
Carrefour e o Pão de Açúcar",
disse Martin Escobari, chefe do
setor de relacionamento com
investidores do Submarino.
A transação foi estruturada
da seguinte forma: cada ação do
Submarino nas mãos dos minoritários será trocada por uma
ação da B2W. A Lojas Americanas terá 53,25% da empresa e o
Submarino, 46,75%. Para que o
negócio aconteça, o Submarino
vai distribuir dividendos aos
acionistas e reduzir o seu capital no valor de R$ 500 milhões.
Isso vai engordar o bolso dos
acionistas, que precisam dar
aval para a operação. A Lojas
Americanas, dona do site, fará
uma capitalização de R$ 175
milhões na Americanas.com
-isso para que a B2W nasça capitalizada. A Americanas não
pode adquirir mais ações para
aumentar a sua participação na
empresa por quatro anos.
Haverá sinergias entre as
empresas -ganho estimado de
R$ 800 milhões- e podem
ocorrer cortes de pessoal, dizem especialistas. As empresas
negam. "É esperado um enxugamento natural das estruturas", diz Pedro Guasti, diretor
da E-bit. "Ainda não estamos
pensando nisso. Não tem sentido fazer cortes, vamos crescer",
diz Roberto Martins de Souza,
diretor de relações com investidores da Americanas.
Para os consumidores, não
são esperadas grandes mudanças. Acredita-se que a nova operação ganhará escala e isso dará
à B2W maior poder de barganha com os fornecedores. Como conseqüência, pode conseguir descontos nos preços
-"que podem ou não ser repassados para o consumidor", diz
Guasti, da E-bit. "Tudo vai depender de como os concorrentes irão reagir."
(AM)
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