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Liminar ameaça nova assembléia da Telemar
Acionistas votam proposta de reestruturação do controle
ELVIRA LOBATO
DA SUCURSAL DO RIO
Em clima de tensão, a Telemar faz hoje a segunda assembléia de acionistas para votar a
proposta de reestruturação
acionária que foi anunciada ao
mercado em maio deste ano.
Ontem à tarde, a desembargadora Valéria Maron, da 1ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, concedeu liminar à gestora de investimentos Polo Capital Gestão
de Recursos proibindo os acionistas controladores da Telemar de votarem. Até o final da
tarde, a empresa informava que
não tinha sido notificada.
A assembléia começa às 10h,
na sede da companhia, no Leblon, zona sul do Rio. Mas uma
terceira assembléia já está marcada para a próxima segunda,
para a eventualidade de novamente não haver quórum hoje.
Na terceira tentativa, o quórum para votação cai para 25%.
O que está em jogo é uma
mudança societária proposta
pelos atuais controladores da
companhia -BNDES, grupos
La Fonte, Andrade Gutierrez,
GP Investimentos, seguradoras
e fundos de pensão- de converter as ações preferenciais
(sem direito a voto) em ordinárias, com direito a voto.
O ponto da discórdia é a relação de troca oferecida pelos
controladores: a conversão seria feita na proporção de 2,6
ações preferenciais para uma
ação ordinária. Pelo menos
dois fundos de investimentos
estrangeiros -Brandes (EUA)
e Genesis (Reino Unido)- e a
Polo Capital se declararam
contra a proposta, que consideram prejudicial aos preferencialistas. A Brandes e a Genesis,
somadas, têm cerca de 15% das
ações preferenciais.
Segundo Marcos Duarte, sócio da Polo, a proposta aumenta a participação dos atuais
controladores de 17% para cerca de 34% sobre o capital total,
enquanto a participação dos
preferencialistas seria diluída
de 60% para cerca de 40%.
Suspeita
Como o tema envolve conflito de interesses entre controladores e minoritários, a CVM
(Comissão de Valores Mobiliários) resolveu que só os proprietários de ações preferenciais votam na assembléia. A
mesma CVM, porém, autorizou
os acionistas controladores que
tenham ações preferenciais a
exercerem esse direito de voto.
É o caso da Previ (fundo dos
empregados do Banco do Brasil) e do BNDES. O mercado
calcula que os controladores
tenham cerca de 9% das preferenciais, o que lhes daria peso
significativo na assembléia.
Segundo o advogado Samuel
Mac Dowell, que defende um
dos fundos da Polo Capital, a liminar de ontem proíbe os controladores de votarem com
suas preferenciais tanto na assembléia de hoje quanto na de
segunda, caso ela ocorra.
Sigilo
O clima de desconfiança entre investidores aumentou depois que a Telemar decidiu não
revelar a lista dos acionistas
que compareceram à primeira
assembléia, no último dia 13, e
que acabou adiada por falta de
quórum. A votação exige a presença de no mínimo 50% mais
um dos titulares de ações preferenciais, e, segundo a Telemar,
compareceram 29,17%.
O escritório de advocacia
Trench, Rossi e Watanabe, que
representa o Brandes, reivindicou acesso à lista. A Telemar
negou o pedido alegando que a
obrigação não está prevista na
Lei das Sociedades Anônimas.
A direção da Telemar defende que a reestruturação fortalecerá a companhia para enfrentar a fase de consolidação de
mercado. Um de seus alvos é
comprar a Brasil Telecom
quando cair o impedimento legal à compra de uma concessionária de telefonia por outra.
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