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Depósitos judiciais evitam nova queda na arrecadação
Com R$ 5 bi em recursos extras, recolhimento de tributos volta a crescer após 11 meses
Receita espera recuperação
daqui para a frente, com a
retomada da economia; IOF
para estrangeiros gera
arrecadação de R$ 100 mi
EDUARDO RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Depois de acumular 11 meses
consecutivos de retração, a arrecadação federal cresceu 0,9%
em outubro na comparação
com o mesmo mês do ano passado. O resultado positivo, antecipado pela Folha, só foi possível devido à contabilização de
depósitos judiciais no total de
R$ 5 bilhões. Devido à recuperação da economia, a Receita
espera novos resultados positivos nos próximos meses.
Em outubro, também entraram R$ 776 milhões referentes
aos primeiros pagamentos do
parcelamento de dívidas com a
União, conhecido como "Refis
da Crise". De acordo com o
coordenador-geral de Estudos,
Previsão e Análise da Receita,
Raimundo Eloi de Carvalho, se
não houvesse a contabilização
desses recursos extras, a retração da arrecadação no mês seria de 5,96%.
"Já estamos experimentando pequenas recuperações,
embora sozinhas não tenham
sido suficientes para resultar
em crescimento. Mas, mesmo
sem os valores pontuais, a queda ainda seria menor que a média dos meses anteriores."
Ainda assim, a previsão do
fisco a partir de novembro é de
expansão, pois a retração das
receitas começou justamente
no penúltimo mês de 2008.
Além da retomada da atividade econômica, que se reflete
no melhor desempenho no recolhimento de tributos sobre
lucro e faturamento das empresas, parte da melhora esperada pela Receita está na retirada gradual das desonerações,
que de janeiro a outubro representaram uma renúncia fiscal
de R$ 21,577 bilhões.
Ainda em novembro, mais
R$ 1 bilhão pode entrar na conta do Tesouro Nacional, proveniente de um resíduo dos depósitos judiciais em estoque na
Caixa Econômica Federal, enquanto o prazo para o pagamento à vista do total ou da primeira parcela do Refis acaba no
fim do mês.
E, segundo Carvalho, outros
R$ 3,6 bilhões em inadimplência, ou seja, declarados e não
pagos, devem ser recuperados
até o final do ano em meio ao
endurecimento das ações de
fiscalização do órgão.
A cobrança de 2% de IOF
(Imposto sobre Operações Financeiras) na entrada de capitais estrangeiros na Bolsa ou
em aplicações de renda fixa a
partir de 20 de outubro gerou
R$ 100 milhões em arrecadação no restante do mês. A expectativa é de até R$ 360 milhões nos primeiros 30 dias.
Para o consultor de finanças
públicas Amir Khair, as receitas previdenciárias, com crescimento de 10% no ano, têm
participação importante para a
melhora do resultado do fisco.
"É o que está salvando um pouco, pois a massa salarial se
manteve na crise, com reflexo
no recolhimento de Imposto
de Renda na fonte e de FGTS."
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