São Paulo, Sexta-feira, 24 de Dezembro de 1999


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VAREJO
Telefones celulares e computadores subsidiados ajudam a popularizar o uso de novos equipamentos
Empresas oferecem tecnologia "grátis"



EVA PASCOE
do "The Independent"

É um banho de sangue no varejo britânico, com as lojas saindo no braço para nos oferecer ótimos negócios e montes de produtos de tecnologia grátis ou "quase grátis", para nos convencer a usar seus produtos.
Os telefones celulares abrem a lista, com os preços dos aparelhos subsidiados pelas operadoras de telefonia.
Jamais havia percebido como são caros os celulares antes de entrar na Virgin e verificar seus preços, que não são subsidiados.
O horror que senti ao ver que meu celular da marca Motorola custa quase tanto quanto um dos computadores mais baratos me causou pensamentos calorosos a respeito da minha operadora de telefonia.
Somos o mais afortunado grupo de consumidores que o Reino Unido já viu.
Mas, como tudo o mais na vida, essa alegria tem um preço. Com os celulares é o fato de que você pagará um pouco mais pela assinatura do seu celular a fim de subsidiar o aparelho, porque a operadora precisa recuperar pelo menos em parte o dinheiro que adiantou aos assinantes.
Muita gente, como eu, não se incomoda em pagar mais ao longo de um período extenso, desde que não precisemos pagar 350 libras à vista por um telefone.

Computadores
Uma nova tendência nesse mundo do "tudo grátis" é o movimento do computador grátis, sob o qual você ganha um computador se se comprometer a usar o mesmo provedor de acesso à Internet por alguns anos.
Nos EUA, a Compaq é a principal fornecedora de computadores grátis. Mas, se você tenta aproveitar a oferta, precisa atravessar imensos obstáculos legais e uma verificação de crédito digna do KGB.
Poder-se-ia pensar que os infortúnios que atingiram os fornecedores de computadores gratuitos teriam servido para assustar qualquer milionário da Internet em botão.
Mas nada desencoraja as pessoas em sua busca para galgar o Olimpo da Nasdaq (índice que reúne empresas de alta tecnologia no mercado de Nova York e que quebrou novo recorde de alta ontem). E assim, outra empresa iniciante "promissora" nos Estados Unidos, a Gobi, de Nova York, planeja lançar sua versão do computador grátis no começo de janeiro.
A Gobi quer permitir a usuários domésticos que tenham acesso a sua conta de acesso à Internet de mais de uma máquina em casa, sob o princípio de "compre um computador e ganhe uma conexão grátis".
A empresa está falando também em oferecer conexões de alta largura de banda, não apenas singelas conexões discadas.
O problema é que é preciso assinar um contrato de três anos para receber seu computador e conexão grátis, e se você mudar de idéia será gentilmente convidado a pagar o preço integral do equipamento.

Disputas
As disputas sobre o valor do dito equipamento quando os consumidores mudarem de idéia se tornará tema de histórias muito divertidas no futuro.
Agora há boatos de que uma dupla de importantes fabricantes de computadores está estudando a possibilidade de lançar computadores gratuitos no Reino Unido no começo de janeiro.
O acordo típico provavelmente se basearia em que o usuário prometesse usar um provedor de acesso à Internet pelo resto da vida, a um custo de cerca de 25 libras por mês, o que incluiria o acesso e o preço do computador.
O problema é que ao longo de três anos o usuário gastaria tanto em reformas, melhoras e acessórios adicionais como impressoras, para não falar em comércio eletrônico, que seria possível reembolsar o fabricante muito comodamente.
Será que vale a pena considerar essas transações? A resposta é com certeza sim.
Mesmo que se tenha de ver anúncios irritantes online um número excessivo de vezes, ainda assim seria melhor do que gastar uma fortuna para ter um computador.
É a mesma coisa que no caso do celular, com as nossas maravilhosas operadoras oferecendo subsídios para que usemos a Vodafone ou a Cellnet.
Adoro ser subsidiada, e provavelmente vou dar a pelo menos uma sobrinha um computador grátis, apenas para ver se a publicidade que eles oferecem é bem dirigida.
E viva o computador subsidiado, e três vivas para os sujeitos que descobrem como nos dar equipamento de graça enquanto fingem que de fato têm um modelo de negócios.
Eu os saúdo e serei a primeira na fila para receber um computador de graça aqui no Reino Unido.


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