São Paulo, Sexta-feira, 24 de Dezembro de 1999


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SINDICALISMO

Geração de empregos fica em segundo plano e central quer aumento do salário-mínimo já
CUT retoma a reivindicação salarial


da Sucursal de Brasília

A CUT (Central Única dos Trabalhadores) vai dar ênfase à luta por aumentos salariais a partir do próximo ano, afirmou o presidente do sindicato, Vicente Paulo da Silva, o Vicentinho, depois de se encontrar, ontem, em Brasília, com o ministro do Trabalho, Francisco Dornelles.
Vicentinho quer um aumento imediato do salário mínimo de R$ 136 para R$ 180. O ministro afirmou que cada discussão tem o seu momento. "Só vamos falar de salário depois de 15 de abril", assegurou Dornelles.
O ministro do Trabalho afirmou que a discussão do valor do salário mínimo não é tão importante porque poucos trabalhadores no Brasil recebem o mínimo.
Para Dornelles, os salários devem ser negociados entre as empresas e os trabalhadores. "Eu espero que eles se entendam".
Além do aumento imediato do mínimo, o sindicalista quer que o salário passe para R$ 360 num prazo de um ano e chegue a R$ 850 nos próximos cinco anos.
Segundo o sindicalista, desde a criação do Real, em 1994, a CUT tem centrado seus esforços na geração de emprego. "Vamos mudar o centro da nossa campanha para a questão salarial", afirmou Vicentinho, que não quis comemorar a recente redução do desemprego para 7,3%, segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
"A redução era esperada", disse Vicentinho. Na sua opinião, a taxa de desocupação no Brasil continua alta e não há perspectivas de melhoras no próximo ano. "Essa queda, que é boa, foi impulsionada pelas vendas de fim de ano. Não vi o governo plantar nenhuma semente para o próximo", disse ele.
Vicentinho só ficou um pouco mais otimista com a situação do emprego, quando lembrou que no ano que vem há eleições. "Ninguém vai querer tomar medidas impopulares e isso pode ajudar", disse ele.
O presidente do sindicato disse que a melhor maneira de aumentar o emprego no país é aumentar os salários. "Com mais renda, aumenta-se o consumo, incentiva-se a produção e criam-se postos de trabalho", afirmou ele.
O anúncio da mudança de estratégia da CUT aconteceu depois de divulgados os últimos dados do IBGE, revelando uma queda de 4,9% na renda média do trabalhador.
No encontro com Dornelles, Vicentinho afirmou que propôs que os sindicatos passassem a fiscalizar as contribuições trabalhistas e previdenciárias das empresas.
"Pedi ao ministro que obrigasse as empresas a divulgarem para os trabalhadores os depósitos e contribuições trabalhistas. Esse dinheiro é do trabalhador", afirmou.


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