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São Paulo, quarta-feira, 24 de dezembro de 2003

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Operadoras colocam eficácia em dúvida

SANDRA BALBI
DA REPORTAGEM LOCAL

As operadoras de planos de saúde consideram positivo o esforço do governo em tentar unificar os dois mercados de planos existentes, mas duvidam da eficácia das medidas anunciadas ontem pelo Ministério da Saúde e pela ANS (Agência Nacional de Saúde). Hoje, 59% dos usuários têm planos anteriores a 1999, que não garantem assistência integral. Outros 41% estão nos novos planos, que cobrem todas as doenças.
Ao permitir que as operadoras solicitem reajustes acima do limite de 25% - ou 15% na média das carteiras- para fazer a migração, a ANS deixou uma porteira aberta que poderá inviabilizar a medida. "Muitas empresas pedirão um índice próprio, mais alto, o que inviabilizará a migração para a maioria dos usuários. Além disso, os que não tiverem condição financeira não migrarão mesmo que o reajuste seja baixo", diz Luiz Fernando Figueiredo, presidente da CRC (Consultoria e Administração em Saúde).
Segundo Horácio Cata Preta, presidente da Fenaseg (Federação Nacional dos Seguros Privados e de Capitalização), "o conjunto de medidas, no geral, é positivo, mas o limite de 25% para os reajustes na migração é um número mágico, ninguém sabe de onde saiu".
Na opinião de Cata Preta, há risco de ocorrer desequilíbrio econômico-financeiro em uma carteira, caso apenas uma parte dos usuários - "os doentes e os mais idosos"- resolvam migrar de planos antigos para os novos.
Para Celso Barros, presidente da Unimed do Brasil, com 11,5 milhões de clientes, só se houver uma migração maciça, os 15% a 25% de reajuste na mudança poderão ser suficientes. "No caso da Unimed, seria necessário um aumento médio de 22% nos preços, se todos os usuários de planos antigos migrassem para os novos", diz Barros.
Outro problema é na definição das faixas etárias para enquadrar os planos de saúde no Estatuto do Idoso. Haverá 10 faixas e a última, de 59 anos, não poderá custar mais do que seis vezes o valor da primeira. "O custo dos idosos será diluído entre as demais faixas, onerando os mais jovens; com isso o preço para os dependentes vai aumentar", diz Cata Preta.


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