UOL


São Paulo, quarta-feira, 24 de dezembro de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

TRABALHO

Seade vê diminuição na taxa em novembro, mas média do ano está acima de 20%; para janeiro, é prevista piora

Desemprego no ano deve ser recorde em SP

JOSÉ ALAN DIAS
DA REPORTAGEM LOCAL

A taxa de desemprego na região metropolitana de São Paulo recuou em novembro pelo segundo mês consecutivo. De 20,4% em outubro, passou a 19,9% no mês passado. A despeito desse dado, a Fundação Seade estima que a taxa média de desemprego na região no primeiro ano do governo Lula será a mais alta desde o início da pesquisa, em 1985.
De acordo com o levantamento, realizado em conjunto pela Seade e pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estudos Sócio-Econômicos), a melhora nos indicadores em novembro deveu-se à criação de 34 mil ocupações e a saída de 19 mil pessoas da PEA (população economicamente ativa). Em novembro de 2002, a taxa de desemprego estava em 19%. Fosse pouco, o total absoluto de desempregados no mês passado também foi recorde para um novembro: 1,966 milhão de pessoas.
O aumento do número de ocupações no mês passado foi puxado pelo setor industrial. Sozinha, a indústria criou 61 mil postos de trabalho, o melhor resultado para o mês desde os 69 mil postos criados em 1999. No entanto, o desempenho positivo da indústria acabou embaçado pelos resultados negativos no comércio (menos 10 mil postos) e nos serviços (menos 14 mil postos) e outras atividades (perda de 3.000 empregos). "Novembro ainda não refletiu a contratação de temporários no setor de serviços e no comércio", diz Paula Montagner, gerente de análises da Fundação Seade.
Sua análise sobre o desempenho acumulado do ano e o dos primeiros meses de 2004 é muito mais cética. "Em janeiro, o desemprego deve voltar ao percentual de outubro [20,4%]. É quando devem ser cortados esses postos de trabalho [temporários]."
Em novembro, todos os setores industriais apresentaram variação positiva no nível de emprego. Destacaram-se a alimentação (aumento de 7,7% no nível de ocupação), vestuário e têxtil, 6,2%, e o setor de gráfica e papel, com aumento de 5,7%, segmentos tradicionalmente favorecidos pela sazonalidade de final de ano.
Comparado com setembro (a pesquisa tem um mês de defasagem nesse item), o rendimento médio aumentou 2,6% (de R$ 919 para R$ 943). Quando confrontando com o rendimento médio em outubro do ano passado, quando o salário médio era R$ 1.007, houve uma queda de 6,4%.

Taxa recorde
A taxa média de desemprego na região metropolitana de São Paulo deverá bater recorde histórico neste ano. De janeiro a novembro, segundo a pesquisa Seade/Dieese, a taxa média ficou em 20,1% -a primeira vez que a média anualizada (ou seja, todos os meses) ultrapassou os 20%. Pelas projeções de Paula Montagner, da Seade, encerrará 2003 em 19,8%.
"Mesmo que o desemprego ceda em dezembro, o que deve ocorrer, a taxa média será a maior de toda a série", disse Montagner.
Até hoje, o recorde da pesquisa para a taxa média de desemprego (no ano) foi registrado em 1999, durante o governo FHC. Em 2001 e 2002, a média ficou em 17,6%. Em 12 meses, a ampliação da taxa de desemprego significou o acréscimo de 121 mil pessoas ao universo de desempregados.


Texto Anterior: Natal: Comércio vê faturamento maior
Próximo Texto: Frases
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.