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TRABALHO
Seade vê diminuição na taxa em novembro, mas média do ano está acima de 20%; para janeiro, é prevista piora
Desemprego no ano deve ser recorde em SP
JOSÉ ALAN DIAS
DA REPORTAGEM LOCAL
A taxa de desemprego na região
metropolitana de São Paulo recuou em novembro pelo segundo
mês consecutivo. De 20,4% em
outubro, passou a 19,9% no mês
passado. A despeito desse dado, a
Fundação Seade estima que a taxa
média de desemprego na região
no primeiro ano do governo Lula
será a mais alta desde o início da
pesquisa, em 1985.
De acordo com o levantamento,
realizado em conjunto pela Seade
e pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estudos Sócio-Econômicos), a melhora nos indicadores em novembro deveu-se à
criação de 34 mil ocupações e a
saída de 19 mil pessoas da PEA
(população economicamente ativa). Em novembro de 2002, a taxa
de desemprego estava em 19%.
Fosse pouco, o total absoluto de
desempregados no mês passado
também foi recorde para um novembro: 1,966 milhão de pessoas.
O aumento do número de ocupações no mês passado foi puxado pelo setor industrial. Sozinha,
a indústria criou 61 mil postos de
trabalho, o melhor resultado para
o mês desde os 69 mil postos criados em 1999. No entanto, o desempenho positivo da indústria
acabou embaçado pelos resultados negativos no comércio (menos 10 mil postos) e nos serviços
(menos 14 mil postos) e outras
atividades (perda de 3.000 empregos). "Novembro ainda não refletiu a contratação de temporários
no setor de serviços e no comércio", diz Paula Montagner, gerente de análises da Fundação Seade.
Sua análise sobre o desempenho acumulado do ano e o dos
primeiros meses de 2004 é muito
mais cética. "Em janeiro, o desemprego deve voltar ao percentual de outubro [20,4%]. É quando devem ser cortados esses postos de trabalho [temporários]."
Em novembro, todos os setores
industriais apresentaram variação positiva no nível de emprego.
Destacaram-se a alimentação (aumento de 7,7% no nível de ocupação), vestuário e têxtil, 6,2%, e o
setor de gráfica e papel, com aumento de 5,7%, segmentos tradicionalmente favorecidos pela sazonalidade de final de ano.
Comparado com setembro (a
pesquisa tem um mês de defasagem nesse item), o rendimento
médio aumentou 2,6% (de R$ 919
para R$ 943). Quando confrontando com o rendimento médio
em outubro do ano passado,
quando o salário médio era R$
1.007, houve uma queda de 6,4%.
Taxa recorde
A taxa média de desemprego na
região metropolitana de São Paulo deverá bater recorde histórico
neste ano. De janeiro a novembro,
segundo a pesquisa Seade/Dieese,
a taxa média ficou em 20,1% -a
primeira vez que a média anualizada (ou seja, todos os meses) ultrapassou os 20%. Pelas projeções
de Paula Montagner, da Seade,
encerrará 2003 em 19,8%.
"Mesmo que o desemprego ceda em dezembro, o que deve
ocorrer, a taxa média será a maior
de toda a série", disse Montagner.
Até hoje, o recorde da pesquisa
para a taxa média de desemprego
(no ano) foi registrado em 1999,
durante o governo FHC. Em 2001
e 2002, a média ficou em 17,6%.
Em 12 meses, a ampliação da taxa
de desemprego significou o acréscimo de 121 mil pessoas ao universo de desempregados.
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