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CONSUMO
Produtos estão até 6% mais baratos em janeiro, quando há aumento
Eletrônico cai de preço em mês de reajuste
FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL
A reposição de estoque de eletroeletrônicos do comércio após
o Natal começou bem para o consumidor. Pela primeira vez em
muitos anos, a indústria reduz
preços em janeiro: entre 5% e 6%.
Aos lojistas, os fabricantes dizem que a pressão do dólar diminuiu e é hora de incentivar o consumo em um dos meses mais fracos de vendas do ano.
Entre as indústrias a conversa é
outra: a diminuição de preços é
estratégia para ao menos manter
participação no mercado e tentar
diminuir a capacidade ociosa das
fábricas -de 25%, em média.
A indústria eletroeletrônica
quer esquecer o ano passado. A
alta do dólar elevou os custos, já
que boa parte dos componentes
vem de fora. A Argentina, importante cliente, entrou em crise. E o
racionamento de energia tirou os
produtos das tomadas.
"Eles querem agora conquistar
o espaço que perderam nas lojas",
afirma João Bosco Cordeiro, diretor do Magazine Luiza. Segundo
ele, em outubro e novembro a indústria eletroeletrônica aumentou 6% os preços, em média. E
agora voltou atrás.
A diminuição nos preços não é
generalizada. Os produtos mais
procurados, como as geladeiras
que consomem menos energia,
estão com os preços de dezembro. Os fornos de microondas e os
fogões já estão custando menos.
"Os descontos da indústria variam de 2% a 4% neste mês. No
passado, este era um período de
reajustes de tabelas, já que o varejo estava quase sem estoques", diz
Adelino Colombo, diretor-presidente da Lojas Colombo.
Diagnóstico do setor eletroeletrônico feito pela MB Associados
não é dos mais animadores. "Os
mais fortes vão ter de adquirir os
mais fragilizados. É preciso aumentar a escala de produção das
fábricas", afirma Fábio Silveira,
economista da MB Associados.
Pelo levantamento da Eletros,
associação que reúne os fabricantes, a indústria vendeu no ano
passado 24,74 milhões de unidades, 30% menos do que em 2000 e
21% menos do que em 94, ano do
início do real.
As vendas de alguns produtos
são hoje quase a metade do que
eram há alguns anos. No ano passado, segundo a Eletros, a indústria vendeu 4,71 milhões de televisores. Em 96, esse número bateu
em 8,54 milhões de unidades.
Outro exemplo: a indústria colocou nas lojas no ano passado
2,48 milhões de sistema de som.
Esse número é 34,5% menor do
que o registrado em 95.
"Essa redução tão expressiva
nas vendas tira a competitividade
das fábricas aqui e no exterior,
pois não é possível sobreviver sem
escala de produção", afirma Silveira. Ele lembra que, com a criação Alca (Área de Livre Comércio
das Américas), a indústria estará
ainda mais exposta à competição
internacional.
Para piorar, a alta do dólar elevou as dívidas das indústrias, especialmente daquelas que produzem as linhas de áudio e vídeo,
que são mais dependentes de
componentes do exterior.
"Na média, a indústria fechou
no azul em 2001, mas no azul pálido", afirma Paulo Saab, presidente da Eletros. Os custos das fábricas, diz, subiram 12% no ano passado, mas o setor só conseguiu repassar 6% para os preços.
"A concorrência entre as fábricas está tão acirrada que acabou
resultando em queda de preços
neste ano", afirma Valdemir Colleone, diretor da Lojas Cem.
Os fabricantes de eletrodomésticos, como Multibrás, Electrolux
e CCE, por exemplo, já nem fornecem mais seus volumes de vendas para a Eletros, que acompanha o desempenho do setor. São
números que elas consideram
agora confidenciais.
A Eletros faz uma projeção mais
otimista para o setor neste ano:
crescimento entre 6% e 7%. É um
ano de Copa do Mundo, quando a
demanda por televisores aumenta. O racionamento de energia deve diminuir. E a expectativa é que
as empresas encontrem outros
mercados para desviar os produtos que seguiam para a Argentina.
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