São Paulo, sexta-feira, 25 de janeiro de 2002

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CONSUMO

Produtos estão até 6% mais baratos em janeiro, quando há aumento

Eletrônico cai de preço em mês de reajuste

FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL

A reposição de estoque de eletroeletrônicos do comércio após o Natal começou bem para o consumidor. Pela primeira vez em muitos anos, a indústria reduz preços em janeiro: entre 5% e 6%.
Aos lojistas, os fabricantes dizem que a pressão do dólar diminuiu e é hora de incentivar o consumo em um dos meses mais fracos de vendas do ano.
Entre as indústrias a conversa é outra: a diminuição de preços é estratégia para ao menos manter participação no mercado e tentar diminuir a capacidade ociosa das fábricas -de 25%, em média.
A indústria eletroeletrônica quer esquecer o ano passado. A alta do dólar elevou os custos, já que boa parte dos componentes vem de fora. A Argentina, importante cliente, entrou em crise. E o racionamento de energia tirou os produtos das tomadas.
"Eles querem agora conquistar o espaço que perderam nas lojas", afirma João Bosco Cordeiro, diretor do Magazine Luiza. Segundo ele, em outubro e novembro a indústria eletroeletrônica aumentou 6% os preços, em média. E agora voltou atrás.
A diminuição nos preços não é generalizada. Os produtos mais procurados, como as geladeiras que consomem menos energia, estão com os preços de dezembro. Os fornos de microondas e os fogões já estão custando menos.
"Os descontos da indústria variam de 2% a 4% neste mês. No passado, este era um período de reajustes de tabelas, já que o varejo estava quase sem estoques", diz Adelino Colombo, diretor-presidente da Lojas Colombo.
Diagnóstico do setor eletroeletrônico feito pela MB Associados não é dos mais animadores. "Os mais fortes vão ter de adquirir os mais fragilizados. É preciso aumentar a escala de produção das fábricas", afirma Fábio Silveira, economista da MB Associados.
Pelo levantamento da Eletros, associação que reúne os fabricantes, a indústria vendeu no ano passado 24,74 milhões de unidades, 30% menos do que em 2000 e 21% menos do que em 94, ano do início do real.
As vendas de alguns produtos são hoje quase a metade do que eram há alguns anos. No ano passado, segundo a Eletros, a indústria vendeu 4,71 milhões de televisores. Em 96, esse número bateu em 8,54 milhões de unidades.
Outro exemplo: a indústria colocou nas lojas no ano passado 2,48 milhões de sistema de som. Esse número é 34,5% menor do que o registrado em 95.
"Essa redução tão expressiva nas vendas tira a competitividade das fábricas aqui e no exterior, pois não é possível sobreviver sem escala de produção", afirma Silveira. Ele lembra que, com a criação Alca (Área de Livre Comércio das Américas), a indústria estará ainda mais exposta à competição internacional.
Para piorar, a alta do dólar elevou as dívidas das indústrias, especialmente daquelas que produzem as linhas de áudio e vídeo, que são mais dependentes de componentes do exterior.
"Na média, a indústria fechou no azul em 2001, mas no azul pálido", afirma Paulo Saab, presidente da Eletros. Os custos das fábricas, diz, subiram 12% no ano passado, mas o setor só conseguiu repassar 6% para os preços.
"A concorrência entre as fábricas está tão acirrada que acabou resultando em queda de preços neste ano", afirma Valdemir Colleone, diretor da Lojas Cem.
Os fabricantes de eletrodomésticos, como Multibrás, Electrolux e CCE, por exemplo, já nem fornecem mais seus volumes de vendas para a Eletros, que acompanha o desempenho do setor. São números que elas consideram agora confidenciais.
A Eletros faz uma projeção mais otimista para o setor neste ano: crescimento entre 6% e 7%. É um ano de Copa do Mundo, quando a demanda por televisores aumenta. O racionamento de energia deve diminuir. E a expectativa é que as empresas encontrem outros mercados para desviar os produtos que seguiam para a Argentina.



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