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São Paulo, sábado, 25 de janeiro de 2003

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ANÁLISE

Guerra rápida evitaria colapso econômico

DA REDAÇÃO

"A economia permanece muito errática. Não parece que, neste estágio, ela possa se livrar de sua instabilidade", resume Lynn Reaser, economista-chefe do Banc of America Capital Management.
Depois de dois anos no vermelho, as principais Bolsas já perderam mais de metade de seu valor em relação ao pico atingido em 2000, ápice da euforia com a nova economia. De lá para cá, apenas nos EUA, US$ 7 trilhões evaporaram do mercado financeiro, valor correspondente à desvalorização dos papéis da empresas com ações listadas nas Bolsas.
"É muito dinheiro, mesmo para os padrões dos EUA", disse Carl Tannenbaum, economista-chefe do LaSalle Bank, em Chicago, para quem a queda nas Bolsas explica boa parte da retração dos investimentos. "A perda [de US$ 7 trilhões] equivale a três quartos do nosso PIB."
Para os analistas, 2003 seria o ano da recuperação, depois da recessão de 2001 e dos escândalos contábeis do ano passado, mas uma guerra no Oriente Médio pode significar o terceiro ano de queda nos mercados financeiros. Pior. Longe de apenas afetar o bolso de especuladores e ricos investidores, a desvalorização das ações, nos EUA e na Europa, significa retração nos investimentos, menos consumo, fragilidade do mercado de trabalho e, por fim, mais debilidade econômica.
Mesmo os mais otimistas, que criam numa retomada norte-americana (e mundial) no primeiro semestre deste ano, estão refazendo suas projeções e já reconhecem a possibilidade de um novo mergulho recessivo nos EUA. Esse é o tom das análises emitidas no Fórum Econômico Mundial, em Davos.
No melhor dos cenários, a campanha contra o Iraque seria rápida e bem-sucedida. A confiança de investidores, empresários e investidores seria restaurada, o preço do barril do petróleo cederia, e a retomada ocorreria, então, na segunda metade do ano.
"De uma maneira geral, a economia não parece estar preste a desabar em recessão", diz Reaser, do Banc of America. "Se pudéssemos resolver a situação no Iraque da noite para o dia, os mercados e a economia provavelmente reagiriam rapidamente."
Mais do que a guerra em si, que de resto traz a ameaça de uma explosão nas cotações do petróleo, as incertezas que se arrastam desde o final do ano passado representam uma enorme âncora aos negócios. Ainda que existam sinais de retomada, empresários adiam investimentos, postergando assim a possibilidade de um recuperação mais sólida.
"As companhias olham para a atual situação e dizem: "Por que não esperar para ver se haverá ou não uma guerra, e daí então pensar em expandir os planos?'", comenta Ethan Harris, do banco de investimentos Lehman Brothers.


Com agências internacionais


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