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Presidente do Palmeiras afirma que desconhece operações suspeitas
DA REPORTAGEM LOCAL
Presidente do Palmeiras desde
1993, quando o clube paulista entrava no segundo ano da parceria
com a Parmalat, Mustafá Contursi, 62, diz ter ficado muito surpreso com a declaração de José Carlos Brunoro, que afirmou desconhecer a Carital e as operações da
empresa com o futebol brasileiro.
""Eu me surpreendo, porque ele
tinha contato permanente com os
dirigentes da Parmalat. Se ele não
sabe de nada, imagine os outros",
disse, por telefone, o dirigente, desafeto declarado de Brunoro.
Oficialmente, o ex-diretor da
Parmalat abandonou seu posto
no Palmeiras para tocar projetos
próprios, mas um dos principais
motivos para sair do Parque Antarctica foi uma série de desentendimentos com Contursi.
O cartola acha que o ""caso Parmalat" deve servir de alerta contra
a entrada de empresas no futebol
e prega a saída de Brunoro do Ministério do Esporte.
Apesar de ter sido nomeado em
julho para chefiar a comissão do
futebol da pasta de Agnelo Queiroz, Brunoro tem sido criticado
não só por Contursi, mas por toda
a cúpula do Clube dos 13, entidade que reúne os principais times
do país, que considera que ele nada fez até agora.
(JCA)
Folha - Como o senhor vê a situação da Parmalat? Afeta de alguma
forma a imagem do Palmeiras,
agora que as investigações chegam ao futebol?
Mustafá Contursi - O Palmeiras
não tem nada a temer, sempre
cumpriu todas as suas obrigações
e continua cumprindo, mesmo
depois da parceria.
Quem pagava o salário dos jogadores do Palmeiras e mesmo de
alguns da Parmalat éramos nós, e
nunca atrasamos nada. Ainda
agora, apesar da crise do futebol
brasileiro, continuamos pagando
rigorosamente em dia, não atrasamos o 13º, nada, nada, nada.
Folha - E as suspeitas sobre as
operações da Parmalat no futebol?
Ela usava o esporte para enviar dinheiro ao exterior?
Contursi - Você precisaria perguntar tudo isso para o senhor
Brunoro, ele conhecia bem como
eram feitas as contratações e os
pagamentos pelos jogadores que
a Parmalat comprava.
Assim como deveria falar com o
Gilberto Cipullo [advogado que
afirmou, por intermédio de um
assessor, que não poderia falar em
nome da Parmalat, pois seu escritório não trabalhava mais para a
empresa]. Ele era diretor do Palmeiras e foi trabalhar para eles
[Parmalat]. Os dois devem saber
sobre essas coisas.
Folha - Mas o Brunoro diz que não
sabe nada...
Contursi - Eu me surpreendo,
como também me surpreendi
com o fato de ele estar ligado ao
ministro [Agnelo].
Folha - A co-gestão Palmeiras-Parmalat, usada como modelo pela
própria Fifa, fica manchada?
Contursi - O Palmeiras não, porque não temos nada a ver com o
que está acontecendo [com a Parmalat]. O que acontece é que esse
negócio de empresa no futebol é
complicado e disso não entendo.
Meu negócio é clube social, meu
clube tem 90 anos e segue vivo e
forte. É por isso que defendo a autonomia dos clubes e a autonomia
administrativa. O que repudio é a
presença de empresas no futebol.
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