São Paulo, domingo, 25 de janeiro de 2004

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Presidente do Palmeiras afirma que desconhece operações suspeitas

DA REPORTAGEM LOCAL

Presidente do Palmeiras desde 1993, quando o clube paulista entrava no segundo ano da parceria com a Parmalat, Mustafá Contursi, 62, diz ter ficado muito surpreso com a declaração de José Carlos Brunoro, que afirmou desconhecer a Carital e as operações da empresa com o futebol brasileiro.
""Eu me surpreendo, porque ele tinha contato permanente com os dirigentes da Parmalat. Se ele não sabe de nada, imagine os outros", disse, por telefone, o dirigente, desafeto declarado de Brunoro.
Oficialmente, o ex-diretor da Parmalat abandonou seu posto no Palmeiras para tocar projetos próprios, mas um dos principais motivos para sair do Parque Antarctica foi uma série de desentendimentos com Contursi.
O cartola acha que o ""caso Parmalat" deve servir de alerta contra a entrada de empresas no futebol e prega a saída de Brunoro do Ministério do Esporte.
Apesar de ter sido nomeado em julho para chefiar a comissão do futebol da pasta de Agnelo Queiroz, Brunoro tem sido criticado não só por Contursi, mas por toda a cúpula do Clube dos 13, entidade que reúne os principais times do país, que considera que ele nada fez até agora. (JCA)

 

Folha - Como o senhor vê a situação da Parmalat? Afeta de alguma forma a imagem do Palmeiras, agora que as investigações chegam ao futebol?
Mustafá Contursi -
O Palmeiras não tem nada a temer, sempre cumpriu todas as suas obrigações e continua cumprindo, mesmo depois da parceria.
Quem pagava o salário dos jogadores do Palmeiras e mesmo de alguns da Parmalat éramos nós, e nunca atrasamos nada. Ainda agora, apesar da crise do futebol brasileiro, continuamos pagando rigorosamente em dia, não atrasamos o 13º, nada, nada, nada.

Folha - E as suspeitas sobre as operações da Parmalat no futebol? Ela usava o esporte para enviar dinheiro ao exterior?
Contursi -
Você precisaria perguntar tudo isso para o senhor Brunoro, ele conhecia bem como eram feitas as contratações e os pagamentos pelos jogadores que a Parmalat comprava.
Assim como deveria falar com o Gilberto Cipullo [advogado que afirmou, por intermédio de um assessor, que não poderia falar em nome da Parmalat, pois seu escritório não trabalhava mais para a empresa]. Ele era diretor do Palmeiras e foi trabalhar para eles [Parmalat]. Os dois devem saber sobre essas coisas.

Folha - Mas o Brunoro diz que não sabe nada...
Contursi -
Eu me surpreendo, como também me surpreendi com o fato de ele estar ligado ao ministro [Agnelo].

Folha - A co-gestão Palmeiras-Parmalat, usada como modelo pela própria Fifa, fica manchada?
Contursi -
O Palmeiras não, porque não temos nada a ver com o que está acontecendo [com a Parmalat]. O que acontece é que esse negócio de empresa no futebol é complicado e disso não entendo.
Meu negócio é clube social, meu clube tem 90 anos e segue vivo e forte. É por isso que defendo a autonomia dos clubes e a autonomia administrativa. O que repudio é a presença de empresas no futebol.



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