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Brunoro diz não lembrar da Carital e elogia modelo adotado na co-gestão
DA REPORTAGEM LOCAL
Elo da co-gestão de 1992 a 1997,
José Carlos Brunoro, 53, que depois da parceria abriu sua própria
empresa de marketing esportivo,
escreveu livro sobre o assunto, virou consultor e hoje assessora o
ministro Agnelo Queiroz (Esporte), diz que a situação da Parmalat
não tem nada a ver com os investimentos feitos no esporte.
""A parte esportiva é uma gota
d'água no oceano", afirmou.
O ex-jogador e ex-técnico de vôlei insiste que ""o que aconteceu
entre Palmeiras e Parmalat foi um
marco histórico" e que é ""um modelo bastante adequado para o
momento atual, que poderia ser
repetido por outros clubes".
Segundo ele, no período em que
participou do processo, reportava-se diretamente a Gianni Grisendi, então presidente da Parmalat do Brasil, mas jamais percebeu
qualquer problema, ""mesmo porque quem comprava os jogadores
era o Palmeiras".
(JCA)
Folha - Na Itália, as contas e os
balanços do Parma foram analisados e a promotoria detectou uma
série de problemas, inclusive na
contratação do Alex, feita depois
de sua saída da Parmalat. Existe
suspeita de lavagem de dinheiro e
as investigações no futebol chegaram à América do Sul. É possível encontrarem alguma coisa?
José Carlos Brunoro - Em termos
brasileiros, acho difícil. Sempre
me reportei à Parmalat do Brasil,
tínhamos muito claro qual era o
orçamento do esporte, mas a partir daí, se foi colocado em outros
tipos de balanço, de receita, não
tenho noção, mesmo porque
quem comprava jogadores era o
Palmeiras. Nós repassávamos o
dinheiro como se fosse um adiantamento de patrocínio para ele
poder comprar.
Enquanto estive lá, a gente procurou se pautar pelas coisas corretas, mas se daí para a frente ou
mesmo naquela época houve alguma coisa num determinado balanço, não tinha acesso. Minha divisão era esporte e recebia um volume [de dinheiro] por ano, mas
não sei como era contabilizado.
Folha - Depois que o ex-contador
da Parmalat citou a Carital e a Wishaw, a Justiça vai investigar remessas de dinheiro ao Uruguai, existe a
suspeita de que dinheiro da transação de jogadores passou por lá...
Brunoro - Gozado, da Carital não
me lembro, mas me lembro dessa
outra [Wishaw], parece que foi
constituída em 1996, mas posso
estar enganado. Não me lembro
de nenhuma negociação de jogador ter sido feita ali, pode até ser
que tenha acontecido ou talvez
por um banco uruguaio...
Folha - Tinha conhecimento de
tantas divisões, tantas empresas ligadas à Parmalat?
Brunoro - Eu era diretor, muitas
coisas sabia, mas essas coisas não.
A Carital realmente não.
Folha - Foi noticiado que o senhor
era sócio da Wishaw, do Uruguai.
Brunoro - Não, sócio não era.
Posso ter assinado alguma coisa
porque era diretor estatutário da
Parmalat, mas sócio não.
Folha - O caso Parmalat pode inibir outros investimentos no esporte no Brasil?
Brunoro - A essência do projeto
foi muito inteligente e quero
guardar da Parmalat o seguinte:
foi uma das primeiras empresas a
fazer o marketing esportivo como
deve ser feito, a quatro mãos.
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