São Paulo, domingo, 25 de janeiro de 2004

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Brunoro diz não lembrar da Carital e elogia modelo adotado na co-gestão

DA REPORTAGEM LOCAL

Elo da co-gestão de 1992 a 1997, José Carlos Brunoro, 53, que depois da parceria abriu sua própria empresa de marketing esportivo, escreveu livro sobre o assunto, virou consultor e hoje assessora o ministro Agnelo Queiroz (Esporte), diz que a situação da Parmalat não tem nada a ver com os investimentos feitos no esporte.
""A parte esportiva é uma gota d'água no oceano", afirmou.
O ex-jogador e ex-técnico de vôlei insiste que ""o que aconteceu entre Palmeiras e Parmalat foi um marco histórico" e que é ""um modelo bastante adequado para o momento atual, que poderia ser repetido por outros clubes".
Segundo ele, no período em que participou do processo, reportava-se diretamente a Gianni Grisendi, então presidente da Parmalat do Brasil, mas jamais percebeu qualquer problema, ""mesmo porque quem comprava os jogadores era o Palmeiras". (JCA)

 

Folha - Na Itália, as contas e os balanços do Parma foram analisados e a promotoria detectou uma série de problemas, inclusive na contratação do Alex, feita depois de sua saída da Parmalat. Existe suspeita de lavagem de dinheiro e as investigações no futebol chegaram à América do Sul. É possível encontrarem alguma coisa?
José Carlos Brunoro -
Em termos brasileiros, acho difícil. Sempre me reportei à Parmalat do Brasil, tínhamos muito claro qual era o orçamento do esporte, mas a partir daí, se foi colocado em outros tipos de balanço, de receita, não tenho noção, mesmo porque quem comprava jogadores era o Palmeiras. Nós repassávamos o dinheiro como se fosse um adiantamento de patrocínio para ele poder comprar.
Enquanto estive lá, a gente procurou se pautar pelas coisas corretas, mas se daí para a frente ou mesmo naquela época houve alguma coisa num determinado balanço, não tinha acesso. Minha divisão era esporte e recebia um volume [de dinheiro] por ano, mas não sei como era contabilizado.

Folha - Depois que o ex-contador da Parmalat citou a Carital e a Wishaw, a Justiça vai investigar remessas de dinheiro ao Uruguai, existe a suspeita de que dinheiro da transação de jogadores passou por lá...
Brunoro -
Gozado, da Carital não me lembro, mas me lembro dessa outra [Wishaw], parece que foi constituída em 1996, mas posso estar enganado. Não me lembro de nenhuma negociação de jogador ter sido feita ali, pode até ser que tenha acontecido ou talvez por um banco uruguaio...

Folha - Tinha conhecimento de tantas divisões, tantas empresas ligadas à Parmalat?
Brunoro -
Eu era diretor, muitas coisas sabia, mas essas coisas não. A Carital realmente não.

Folha - Foi noticiado que o senhor era sócio da Wishaw, do Uruguai.
Brunoro -
Não, sócio não era. Posso ter assinado alguma coisa porque era diretor estatutário da Parmalat, mas sócio não.

Folha - O caso Parmalat pode inibir outros investimentos no esporte no Brasil?
Brunoro -
A essência do projeto foi muito inteligente e quero guardar da Parmalat o seguinte: foi uma das primeiras empresas a fazer o marketing esportivo como deve ser feito, a quatro mãos.



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