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Analistas se dividem sobre efeitos da decisão do Copom
Economista diz que decisão deteriora expectativas sobre programa de crescimento
Especialistas dizem que queda maior poderia ajudar país a crescer com o PAC; para outros, no longo prazo, juros têm impacto reduzido
MARCELO BILLI
DA REPORTAGEM LOCAL
Os juros começaram a cair
com mais parcimônia, como
diz o Banco Central. Para alguns economistas, a decisão
atrapalha os objetivos do PAC,
ao não alimentar expectativas
positivas sobre o crescimento.
Mas há quem diga que os juros
pouco influenciarão no cenário
de crescimento para este ano e
que a decisão do BC não terá
impacto nas medidas do PAC.
Por um lado, há quem avalie
que uma redução mais acentuada dos juros, ou pelo menos
a continuidade do ritmo de
queda, seria um empurrãozinho extra para o PAC. Essa é,
por exemplo, a posição do setor
industrial, que há muito reclama das altas taxas reais de juros
mantidas pelo Banco Central.
O raciocínio por trás da posição é o seguinte: juros menores
hoje significam atividade mais
aquecida no futuro. Antecipando o aumento no consumo, empresários tenderiam a fazer
mais planos de investimentos,
preparando-se para atender à
procura extra que o crescimento mais acelerado geraria.
Quem advoga que seria bom
uma forcinha da política monetária para acelerar o crescimento e ajudar o governo a
atingir as metas do PAC, acha
que o otimismo gerado pela
queda é essencial para que o
crescimento previsto no PAC,
de 4,5% em 2007, se concretize.
João Sicsú, economista da
UFRJ (Universidade Federal
do Rio de Janeiro), está entre
os que avaliam que era preciso
que a política monetária se alinhasse aos objetivos do PAC.
Sicsú classifica o PAC como um
pacote essencialmente fiscal.
Faltam ao plano, diz ele, medidas monetárias (queda dos juros) e cambiais.
Pacotes ou planos, diz Sicsú,
"são instrumentos de coordenação de expectativas". Para o
economista, queda menor do
que 0,5%, como a de ontem,
não ajuda em nada. O mínimo
seria ter mantido os juros. Apenas uma aceleração da queda,
algo como 0,75%, geraria "clima muito favorável de expectativas". Além disso, diz ele, juros
menores também abrem espaço no orçamento para que o governo conduza com tranqüilidade o lado fiscal do pacote.
Já Octávio de Barros, economista do Bradesco, afirma que a
política monetária tem muito
pouco a fazer pelo PAC em particular ou pelo crescimento de
maneira geral. "A política monetária só tem impacto no longo prazo", diz ele.
Reduções ou aumentos dos
juros, argumenta Barros, podem vitaminar o que os economistas chamam de demanda
agregada, ou a procura por bens
e serviços na economia. Os juros caem, o crédito fica mais barato, consumidores vão às compras. Mas, diz ele, a queda dos
juros não têm impactos sobre a
oferta. Assim, reduções exageradas dos juros, argumentam
os que estão com Barros, aquecem a procura, que, frente a
uma oferta mais rígida, acaba
causando apenas inflação.
"Os juros caíram de 26,5%
em fevereiro de 2003 para
13,25% [até ontem] agora e a
economia continuou crescendo pouco", ressalta.
A política monetária, lembram os economistas, também
não tem impactos imediatos
sobre a demanda. Pelo contrário, ela demora alguns meses
-nove, arriscam os analistas-,
para que todo o potencial de expansão da procura gerado pela
queda de juros ocorra.
Assim, em boa parte deste
ano, dizem os analistas, ainda
que os juros caiam mais devagar ou menos do que em 2006,
a economia ainda estará reagindo às quedas promovidas no
ano passado. Mais alguns meses, lembram, e as decisões da
política monetária deste ano
passarão a ter impacto de verdade apenas em 2008.
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