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CRISE NOS MERCADOS / REAÇÃO
Bush e oposição fecham acordo sobre pacote
Projeto prevê restituição para famílias de renda média, em uma tentativa de estimular economia e impedir a recessão
Projeto prevê isenção fiscal e incentivo para a compra de equipamentos por parte das empresas nos EUA; plano de estímulo chega a US$ 150 bi
DANIEL BERGAMASCO
DE NOVA YORK
O presidente dos EUA, George W. Bush, e a Câmara dos Representantes chegaram ontem
a um acordo preliminar sobre
um pacote de US$ 150 bilhões,
cerca de 1% do PIB nacional,
para evitar que a economia
americana entre em recessão.
O projeto prevê isenção fiscal
e incentivo à compra de equipamentos para empresas e distribuição de cheques de restituição de impostos a famílias
de renda média. O pacote de incentivo deverá contemplar 117
milhões de famílias, segundo
previsão da oposição -que tem
maioria na Câmara.
A decisão ajudou a animar o
mercado financeiro, mas sua
eficácia para estimular o consumo é vista com ceticismo. Na
Bolsa de Nova York, o índice
Dow Jones registrou alta de
0,88%, e a Nasdaq subiu 1,92%.
Os cheques serão enviados
pelo correio. O governo pagará
a partir de US$ 600 por indivíduo que tenha renda anual de
pelo menos US$ 3.000. Para casais que trabalham, esse valor
chega a US$ 1.200 e mais US$
300 por cada filho.
Para se enquadrar na lista de
beneficiários, é preciso ter tido
em 2007 renda inferior a US$
75 mil por indivíduo ou abaixo
de US$ 150 mil por casal. A partir dessa faixa de renda, o benefício é reduzido e casais com
renda superior a US$ 170 mil
não receberão a restituição. O
cheque funcionará como uma
espécie de restituição extra do
Imposto de Renda. Pessoas que
tiveram renda maior que US$
3.000 no ano passado, mas foram isentas, podem pleitear a
ajuda. Porém a quantia será de
US$ 300 por indivíduo.
A ajuda a famílias custará ao
governo cerca de US$ 100 bilhões. Os outros US$ 50 bilhões
devem ser usados no incentivo
a empresas, por meio de desconto no pagamento de impostos ou na compra de máquinas.
Com consumidores e empresas com mais dinheiro disponível para gastar, o governo espera estimular a produção e emprego, afastando a economia da
possibilidade de recessão.
"Esse pacote reconhece que
baixar impostos é um jeito eficiente e poderoso de ajudar
consumidores e negócios", disse Bush. Ele definiu a medida
como capaz de "impulsionar a
economia e encorajar a criação
de empregos".
Para aprovar a proposta, o
presidente dos EUA e a oposição democrata precisaram ceder em alguns pontos. Na discussão do acordo, os democratas tiveram de tirar do pacote a
ampliação de recursos para auxílio-alimentação e seguro-desemprego. Já a Casa Branca
ampliou o número de famílias
beneficiadas pela restituição.
A democrata Nancy Pelosi,
presidente da Câmara dos Representantes, disse que o pacote tem o objetivo de "fortalecer
a classe média, criar empregos
e virar a economia". Segundo
ela, se os US$ 150 bilhões não
foram suficientes para acalmar
o mercado, o Congresso está
disposto a discutir com o presidente a ampliação desta ajuda.
A expectativa é que a Câmara
aprove a proposta rapidamente
e a envie ao Senado. Líder da
maioria no Senado, o republicano Harry Reid disse que o objetivo é enviar em 15 de fevereiro o projeto para Bush assinar.
No azul
A alta das Bolsas dos EUA teve outros fatores ao longo do
dia. Além do acordo pelo pacote, favoreceram os mercados os
dados que apontaram queda no
número de pedidos de auxílio-desemprego pela quarta semana consecutiva.
Por outro lado, aumentou a
preocupação com o futuro das
empresas de seguro de crédito.
As ações da Ambac, uma das
principais do setor, têm se desvalorizado mais do que o esperado nos últimos meses. Outra
empresa, a Security Capital Assurance, teve sua avaliação de
risco rebaixada pela agência
Fitch Ratings.
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