São Paulo, sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

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CRISE NOS MERCADOS / REAÇÃO

Bush e oposição fecham acordo sobre pacote

Projeto prevê restituição para famílias de renda média, em uma tentativa de estimular economia e impedir a recessão

Projeto prevê isenção fiscal e incentivo para a compra de equipamentos por parte das empresas nos EUA; plano de estímulo chega a US$ 150 bi

DANIEL BERGAMASCO
DE NOVA YORK

O presidente dos EUA, George W. Bush, e a Câmara dos Representantes chegaram ontem a um acordo preliminar sobre um pacote de US$ 150 bilhões, cerca de 1% do PIB nacional, para evitar que a economia americana entre em recessão.
O projeto prevê isenção fiscal e incentivo à compra de equipamentos para empresas e distribuição de cheques de restituição de impostos a famílias de renda média. O pacote de incentivo deverá contemplar 117 milhões de famílias, segundo previsão da oposição -que tem maioria na Câmara.
A decisão ajudou a animar o mercado financeiro, mas sua eficácia para estimular o consumo é vista com ceticismo. Na Bolsa de Nova York, o índice Dow Jones registrou alta de 0,88%, e a Nasdaq subiu 1,92%.
Os cheques serão enviados pelo correio. O governo pagará a partir de US$ 600 por indivíduo que tenha renda anual de pelo menos US$ 3.000. Para casais que trabalham, esse valor chega a US$ 1.200 e mais US$ 300 por cada filho.
Para se enquadrar na lista de beneficiários, é preciso ter tido em 2007 renda inferior a US$ 75 mil por indivíduo ou abaixo de US$ 150 mil por casal. A partir dessa faixa de renda, o benefício é reduzido e casais com renda superior a US$ 170 mil não receberão a restituição. O cheque funcionará como uma espécie de restituição extra do Imposto de Renda. Pessoas que tiveram renda maior que US$ 3.000 no ano passado, mas foram isentas, podem pleitear a ajuda. Porém a quantia será de US$ 300 por indivíduo.
A ajuda a famílias custará ao governo cerca de US$ 100 bilhões. Os outros US$ 50 bilhões devem ser usados no incentivo a empresas, por meio de desconto no pagamento de impostos ou na compra de máquinas.
Com consumidores e empresas com mais dinheiro disponível para gastar, o governo espera estimular a produção e emprego, afastando a economia da possibilidade de recessão.
"Esse pacote reconhece que baixar impostos é um jeito eficiente e poderoso de ajudar consumidores e negócios", disse Bush. Ele definiu a medida como capaz de "impulsionar a economia e encorajar a criação de empregos".
Para aprovar a proposta, o presidente dos EUA e a oposição democrata precisaram ceder em alguns pontos. Na discussão do acordo, os democratas tiveram de tirar do pacote a ampliação de recursos para auxílio-alimentação e seguro-desemprego. Já a Casa Branca ampliou o número de famílias beneficiadas pela restituição.
A democrata Nancy Pelosi, presidente da Câmara dos Representantes, disse que o pacote tem o objetivo de "fortalecer a classe média, criar empregos e virar a economia". Segundo ela, se os US$ 150 bilhões não foram suficientes para acalmar o mercado, o Congresso está disposto a discutir com o presidente a ampliação desta ajuda.
A expectativa é que a Câmara aprove a proposta rapidamente e a envie ao Senado. Líder da maioria no Senado, o republicano Harry Reid disse que o objetivo é enviar em 15 de fevereiro o projeto para Bush assinar.

No azul
A alta das Bolsas dos EUA teve outros fatores ao longo do dia. Além do acordo pelo pacote, favoreceram os mercados os dados que apontaram queda no número de pedidos de auxílio-desemprego pela quarta semana consecutiva.
Por outro lado, aumentou a preocupação com o futuro das empresas de seguro de crédito. As ações da Ambac, uma das principais do setor, têm se desvalorizado mais do que o esperado nos últimos meses. Outra empresa, a Security Capital Assurance, teve sua avaliação de risco rebaixada pela agência Fitch Ratings.


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