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São Paulo, terça-feira, 25 de fevereiro de 2003

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FRAUDE

Investigação aponta desvio de recurso antes da falência

Promotoria de GO vai apresentar denúncia contra cúpula da Encol

DA REPORTAGEM LOCAL

A promotoria pública de Goiás apresentará até o próximo dia 28 denúncia criminal à Justiça contra os administradores da construtura e incorporadora Encol. A empresa teve sua falência decretada em março de 1999, com dívidas estimadas em R$ 2 bilhões (á época) e 40 mil mutuários sem receber imóveis.
Na sexta-feira, a Kroll, firma de investigação privada, entregou ao síndico da massa falida da Encol, Sérvio Túlio Caetano Costa, o laudo técnico referente às causas da falência. As investigações apontaram que a cúpula da empresa desviou R$ 2,5 bilhões da construtora antes da falência.
Para isso teria falsificado livros contábeis, simulado o lançamento de empreendimentos para inflar os balanços e transferido parte do patrimônio ao controle de diretores e do dono da Encol, Pedro Paulo de Souza. Essa estratégia teria por finalidade evitar que os bens fossem confiscados pela Justiça para saldar dívidas.
""Houve má gestão da Encol. À medida que viram que a situação não tinha retorno, começaram a desviar o patrimônio para terceiros", diz a promotora Maria Bernadete Crispim, encarregada de apresentar denúncia criminal.
Segundo as investigações da Kroll, entre 1992 e 1996 a construtora lançou 680 empreendimentos, mas entregou somente 315. No balanço da Encol, no entanto, empreendimentos eram rubricados sob a sigla de ""resultado de exercício futuro" -ou seja, asseguravam fluxo de caixa futuro, o que permitia pagamento de dividendo aos acionistas e obtenção de novos créditos em bancos.
De posse do relatório, o síndico da massa falida ficará encarregado de promover ações cíveis para anular os atos supostamente fraudulentos, como transferência de bens e dinheiro. ""Os bens físicos, imóveis ou equipamentos, podem ser recuperados com certa facilidade. Somas em dinheiro muitas vezes desaparecem em contas no exterior", diz Costa.
Em 450 dos 680 empreendimentos os mutuários obtiveram autorização do síndico e da Justiça para assumirem as obras.
A Folha não conseguiu localizar ontem o empresário Pedro Paulo de Souza para comentar o caso. (JOSÉ ALAN DIAS)



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