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FRAUDE
Investigação aponta desvio de recurso antes da falência
Promotoria de GO vai apresentar denúncia contra cúpula da Encol
DA REPORTAGEM LOCAL
A promotoria pública de Goiás
apresentará até o próximo dia 28
denúncia criminal à Justiça contra os administradores da construtura e incorporadora Encol. A empresa teve sua falência decretada em março de 1999, com dívidas estimadas em R$ 2 bilhões (á época) e 40 mil mutuários sem receber imóveis. Na sexta-feira, a Kroll, firma de
investigação privada, entregou ao síndico da massa falida da Encol,
Sérvio Túlio Caetano Costa, o laudo técnico referente às causas da
falência. As investigações apontaram que a cúpula da empresa desviou R$ 2,5 bilhões da construtora antes da falência.
Para isso teria falsificado livros contábeis, simulado o lançamento de empreendimentos para inflar os balanços e transferido parte do patrimônio ao controle de diretores e do dono da Encol, Pedro Paulo de Souza. Essa estratégia teria por finalidade evitar que os bens fossem confiscados pela
Justiça para saldar dívidas.
""Houve má gestão da Encol. À
medida que viram que a situação
não tinha retorno, começaram a
desviar o patrimônio para terceiros", diz a promotora Maria Bernadete Crispim, encarregada de
apresentar denúncia criminal.
Segundo as investigações da
Kroll, entre 1992 e 1996 a construtora lançou 680 empreendimentos, mas entregou somente 315.
No balanço da Encol, no entanto,
empreendimentos eram rubricados sob a sigla de ""resultado de
exercício futuro" -ou seja, asseguravam fluxo de caixa futuro, o
que permitia pagamento de dividendo aos acionistas e obtenção
de novos créditos em bancos.
De posse do relatório, o síndico
da massa falida ficará encarregado de promover ações cíveis para
anular os atos supostamente fraudulentos, como transferência de
bens e dinheiro. ""Os bens físicos,
imóveis ou equipamentos, podem ser recuperados com certa
facilidade. Somas em dinheiro
muitas vezes desaparecem em
contas no exterior", diz Costa.
Em 450 dos 680 empreendimentos os mutuários obtiveram
autorização do síndico e da Justiça para assumirem as obras.
A Folha não conseguiu localizar
ontem o empresário Pedro Paulo
de Souza para comentar o caso.
(JOSÉ ALAN DIAS)
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